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INTERNACIONAL Terça-feira, 12 de Dezembro de 2017, 11:15 - A | A

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Mortes violentas na Venezuela superam as de países em guerra

r7.com

Reprodução

Morte Violenta

 

Em crise, a Venezuela registrou no ano de 2016 um índice de mortes violentas superior ao de países em guerra. É o que revela pesquisa divulgada na última semana pela Small Arms Survey — organização que compila dados sobre violência armada e conflitos relacionados a armas de pequeno porte ao redor do mundo.

 

De acordo com o levantamento, a nação governada por Nicolás Maduro teve uma taxa de mais de 75 homicídios para cada 100 mil habitantes no ano passado; no Afeganistão, o índice foi de pouco mais de 60 mortes violentas para cada 100 mil pessoas. Líbia e Iraque, por sua vez, registraram aproximadamente 50 mortes violentas para cada 100 mil habitantes.

 

Claire McEvoy, uma das autoras do estudo, afirma em entrevista ao R7 que o mais preocupante em relação à Venezuela é a falta de transparência do governo.

 

— Por muitos anos, a Venezuela não foi transparente em relação à sua crescente taxa de homicídios. Houve algum progresso na divulgação dos números graças à ex-procuradora Luisa Ortega Di?az, mas ela foi recentemente removida de seu cargo e obrigada a fugir do país. Não está claro se a Venezuela vai continuar a divulgar seus dados de homicídios e o nosso relatório ressalta que, sem levantamentos precisos e transparência sobre as mortes violentas, é impossível desenvolver programas que resolvam o problema.

 

Brasil entre os mais violentos

 

No mundo, 23 países registraram taxas iguais ou superiores a 20 homicídios para cada 100 mil habitantes no ano de 2016. A nação mais violenta foi a Síria, com um índice de mais de 150 mortes violentas para cada 100 mil pessoas. Já no Brasil, o número foi de aproximadamente 25 homicídios para cada 100 mil habitantes. Claire ressalta que são diversos os motivos que contribuem para que o país figure entre os mais violentos do planeta.

 

— No Brasil, há fatores como a violência entre gangues e traficantes de drogas, o uso excessivo da força pelo Estado, o sistema judiciário corrupto e a militarização de regiões importantes. O tráfico, os "grupos de extermínio" e as milícias que extorquem residentes de áreas inseguras, juntamente com a polícia e outros funcionários públicos que oferecem proteção a essas populações, são atores centrais dos crimes violentos que ocorrem em cidades como o Rio de Janeiro. Os assassinatos praticados por policiais também são motivo de preocupação.

 

Na opinião da autora da pesquisa da Small Arms Survey, a situação no Brasil é preocupante ainda pelos altos índices de violência contra mulheres. Pelo menos 5.700 delas foram vítimas de homicídios em 2016. O país só fica atrás da Índia (10.700 mortes) e Nigéria (6.400 mortes).

 

— Em geral, nos países onde não há conflitos armados, houve uma queda no número de mortes de mulheres e meninas nos últimos dez anos. O problema é que, mesmo nos países onde a taxa geral de homicídios caiu, outros tipos de violência — como a violência nas relações íntimas — permanecem altos. E as mulheres e meninas são muito mais propensas a serem mortas por familiares ou parceiros íntimos do que os homens.

 

Insegurança fora dos países em guerra

 

Segundo a Small Arms Survey, 560 mil pessoas perderam a vida de forma violenta em 2016, sendo 385 mil vítimas de homicídios. A taxa global de homicídios para cada 100 mil pessoas, por sua vez, subiu de 5,11 para 5,15 — índice que, de acordo com Claire McEvoy, sinaliza o aumento da insegurança em áreas onde não há conflitos armados.

 

— Temos um quadro global que exige explicitamente a redução em todas as formas de violência e mortes violentas. O progresso nesse sentido é possível — basta que observemos regiões da América Central e do Caribe, que registravam algumas das maiores taxas de homicídios do mundo em 2004. Ali, países como a Nicarágua e a República Dominicana conseguiram diminuir as mortes violentas em 3% ao longo do período 2004 e 2016. É hora de os governos reconhecerem o problema, comprometerem-se a agir e a encontrar soluções com base em lições aprendidas de outros países com desafios semelhantes.

 

A Small Arms Survey aponta que, se as tendências regionais dos dias de hoje persistirem, as mortes violentas a cada ano provavelmente chegarão a 610 mil em 2030.

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