O uso da tadalafila, medicamento originalmente indicado para o tratamento da disfunção erétil, tem se popularizado entre praticantes de musculação que buscam melhorar o desempenho nos treinos. Essa prática tem gerado preocupação entre especialistas da área da saúde. Apenas no primeiro semestre de 2024, mais de 31 milhões de caixas foram comercializadas, colocando o fármaco entre os mais vendidos do país.

A tadalafila pertence a uma classe de medicamentos chamados 'inibidores da fosfodiesterase', que atuam relaxando os músculos lisos e dilatando os vasos sanguíneos, aumentando o fluxo de sangue para determinadas áreas do corpo. No contexto da disfunção erétil, isso facilita a ereção. No entanto, essa ação é específica e não se aplica diretamente aos músculos esqueléticos envolvidos na atividade física.

Alguns praticantes de musculação passaram a utilizar a tadalafila antes dos treinos com a crença de que ela poderia melhorar a vascularização muscular, proporcionando um maior "pump" durante os exercícios. No entanto, especialistas alertam que não há comprovação científica que sustente essa prática. A sensação de aumento no volume muscular pode ser atribuída ao efeito placebo, onde a crença na eficácia do medicamento gera uma percepção de melhora nos resultados.

No entanto, os médicos especialistas e profissionais da área de atividades físicas, alertam que não há comprovação científica para esses supostos benefícios, e o uso sem orientação pode trazer riscos graves. Embora seja vendido sem retenção de receita, o uso indiscriminado da tadalafila pode trazer riscos sérios à saúde. Entre os efeitos colaterais mais comuns estão dores musculares, queda de pressão e cefaléia intensa.

Além disso, as doses elevadas do medicamento podem provocar problemas cardiovasculares e interações perigosas com outras substâncias. Especialistas alertam ainda para o risco da dependência psicológica. Algumas pessoas passam a acreditar que não conseguem um bom desempenho, seja na academia ou na vida sexual, sem o medicamento.

Uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicada no Diário Oficial da União, proibiu a comercialização, a distribuição, a fabricação, a manipulação, a propaganda e o uso de todos os lotes do medicamento Metbala, à base de tadalafila, da empresa FB Manipulação Ltda.

Por meio de nota, a agência reguladora informou que a medida foi adotada porque o produto em questão, uma bala do tipo gummy, não tem qualquer tipo de regularização junto à Anvisa. Quem faz a propaganda de produtos irregulares também comete infração sanitária e está sujeito a penalidades.

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