Cuiabá, 25 de Abril de 2024
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25 de Abril de 2024

CIDADES Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2021, 08:22 - A | A

Segunda-feira, 22 de Fevereiro de 2021, 08h:22 - A | A

ENTREVISTA DA SEMANA

Juares: “Defendo o VLT, mas me apresente o projeto do BRT e veremos qual é mais viável”

Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), Juares Samaniego, foi o entrevistado da semana do Notícia Max

Nathany Gomes

Após o governador do Estado, Mauro Mendes (DEM), anunciar a troca do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) pelo BRT (Ônibus de Transporte Rápido), na Grande Cuiabá, um grande embate foi gerado entre ele e o prefeito da Capital, Emanuel Pinheiro (MDB), que defende a continuidade do VLT.

Diante disso, o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), Juares Samaniego, não abriu mão do posicionamento do Conselho e afirmou que para que a mudança seja feita, é necessário apresentar os projetos de ambos à sociedade, colocando em pauta as vantagens e desvantagens de cada um deles.

“Eu defendo o VLT, mas me apresente o projeto do BRT e a gente vai ver qual projeto é mais viável. Tem que ter discussão de projeto com a sociedade, mostrar para ela as vantagens de ambos”, disse ao Notícia Max.

A gente está pensando em fazer uma discussão entre a sociedade civil organizada, trazer especialistas e chamar o município de Cuiabá e Várzea Grande e colocar as vantagens do que está e do que se pretende fazer

Ainda durante entrevista, Juares pontuou algumas das atribuições desempenhas pelo Crea-MT, que vai desde a fiscalização de obras até a permissão de quais atividades o profissional poderá exercer no mercado de trabalho, desde que esteja credenciado.

Notícia Max - Estamos vendo um debate sobre o modal de transporte. Enquanto a prefeitura defende o VLT, o governo quer a implantação do BRT. Como o Crea vê essa questão? O senhor é favorável a que modal?

Juares Samaniego – Existe um projeto, um custo para terminar a obra de cerca de R$ 800 milhões. Depois, vem uma proposta do Governo do Estado que é o BRT (Ônibus de Trânsito Rápido), que não tem projeto, ou seja, você não sabe o custo determinado em real, porque se você não tem projeto, o que para mim é irreal, está chutando que pode gastar R$ 450 milhões. O dia que apresentar um projeto e for conivente com o que a sociedade pensa é uma coisa.

O BRT, para mim, é um transporte que com o tempo, ele vai chegar ao limite, conforme a população for crescendo, que não terá como expandir. Já o VLT é diferente, é componente, onde a máquina puxa um, dois, três, até 10 vagões, com número muito maior de pessoas sendo transportada.

Eu defendo o VLT, me apresente o projeto do BRT e a gente vai ver qual projeto é mais viável. Tem que ter discussão de projeto com a sociedade, mostrar para ela as vantagens de ambos.

Todo transporte é subsidiado, hoje o ônibus é subsidiado pelo município. Quando o estudante não paga, alguém está pagando, por exemplo, o usuário está pagando. A passagem poderia ser R$ 2, ou seja, todo o transporte coletivo de uma forma ou de outra ele é subsidiado.

Se for falar em recuperar aquilo que foi gasto, a passagem sobe para R$ 10, em qualquer tipo de modal ela vai subir, porque tudo tem que ser subsidiado. Já foi gasto mais de R$ 1 bilhão, mas tem a possibilidade de fazer uma Parceria Pública Privada (PPP) para tocar o VLT, mas vai chegar ao ponto que tem que subsidiar, e isso são os municípios, o estado.

Entretanto, até agora, o que foi apresentado não é nem BRT é VLP (Veículo Leve sobre Pneus), o que foi apresentado é uma faixa exclusiva como a que há para ônibus hoje, onde pode andar o VLP e o ônibus normal. Que tipo de combustível que é? É a bateria? Qual a durabilidade dela, se em outros países que é de clima frio ela aguenta 200h, em Cuiabá não vai aguentar 100h. O VLT está aí, é uma realidade, 65% das obras estão concluídas. Hoje, o estado não perdeu nada, ganhou em dinheiro, pois se ele gastou R$ 1 bilhão, só de equipamentos que tem lá, vale mais de R$ 1,2 bilhão, por que quando se comprou o dólar estava R$ 2 e hoje pouco mais de R$ 5. O aço subiu 100%.

Ninguém foi chamado. A gente está pensando em fazer uma discussão entre a sociedade civil organizada, trazer especialistas e chamar o município de Cuiabá e Várzea Grande e colocar as vantagens do que está e do que se pretende fazer. É difícil você discutir uma coisa que não se tem projeto. Infelizmente se apresentarem, levar para sociedade e quais as vantagens de cada um deles. Eu tenho base, está ai, sendo executado e outro falta projeto. Aonde ele vai passar? Vai diminuir uma pista de rolamento para colocar ele? Vai ao meio de canteiro? Hoje os desenhos a que apareceu é que ele passa rente ao canteiro. O que vai ser? Se for faixa de pedestre vai ficar péssimo o transito.

Notícia Max - Como é o trabalho do Crea na fiscalização de obras e quais obras fiscaliza?

Juares Samaniego – O Crea-MT é um conselho profissional, ele não fiscaliza obra, mas sim se naquela atividade da engenharia tem um profissional técnico responsável, se o profissional que está lá tem atribuição para estar naquela atividade. Por exemplo, em uma lavoura, a gente quer saber se tem um engenheiro agrônomo, agrícola, florestal, desenvolvendo aquela atividade, ou seja, quando se tem uma fiscalização eficiente, efetiva na verdade ele está ajudando o profissional da engenharia.

Atualmente estamos em 257 profissões dentro da engenharia e da geociência. Então, a atividade que o Crea fiscaliza é dar segurança para sociedade, se aquela obra, atividade tem um profissional, que tem a capacidade técnica e atribuição para fazer aquele tipo de serviço. O Crea não defende o profissional, mas sim a sociedade.

Notícia Max - Quais ações o Conselho vem realizando para garantir o profissional no mercado de trabalho?

Juares Samaniego – O Crea tem que ter fiscalização eficiente e efetiva, a hora que ele tem essa fiscalização, se essa atividade da engenharia está sendo executada sem profissionais, vamos notificar e o responsável vai ter que buscar um profissional para regularizar a situação em que ele está, ou seja, isso é a função do Crea.

Qualquer profissional da engenharia para exercer sua função ele tem que estar registrado no Crea, se não tiver ele é apenas um bacharel em engenharia, não pode exercer atividade, se torna engenheiro quando ele tem o registro no Crea, desta forma ele é engenheiro. Quem diz o que ele pode ou não fazer não é a faculdade e sim o Crea. Ele tem uma formação, o Crea analisa o currículo dele e diz as atividades que ele pode fazer e essa não. O Crea desenvolve o papel pelo qual ele foi criado para fazer, fiscalizar o direito da atividade e isso nós fazemos.

Notícia Max - O senhor foi eleito presidente em outubro, quais os principais desafios já mapeados que demandam esforço e atuação?

Juares Samaniego – Assim, a gente tem que dar cara ao Crea, temos oito inspetorias no interior do estado e sete alugadas, vou fazer o esforço em três anos de concluir oito obras e entregar aos profissionais dessas regiões, buscando ter uma fiscalização eficiente, bem efetiva juntamente com o Crea e outros conselhos, em vários setores da sociedade, obras públicas paralisadas, mostrando o que a sociedade está perdendo, como por exemplo, se for uma creche, que poderia estar atendendo 500 alunos, seja uma escola, hospital, ver se está super faturado, o que falta para terminar. Na questão de acessibilidade, mostrar para população essa falta nos estabelecimentos, em órgãos que atende a população de uma forma geral. Não é um papel fundamental do Crea, mas acho que ele tem que contribuir, mostrar o que está sendo feito.

Acabamos de falar do VLT, essa obra é uma vergonha para Cuiabá e quando ela foi paralisada se discutia muito de quantos se gastava para terminar, na época falamos em R$ 700 e poucos mil, é uma realidade e hoje são R$ 800 milhões. Fizemos um levantamento e mostramos o que aquilo representa no futuro.

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