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OPINIÃO Segunda-feira, 14 de Novembro de 2022, 09:56 - A | A

Segunda-feira, 14 de Novembro de 2022, 09h:56 - A | A

CRISTHIANE BRANDÃO

Diversidade

A diversidade não pode ser encarada como um ato de ideologia

Cristhiane Brandão

Vamos falar sobre a diversidade? Mesmo que para algumas empresas o tema da diversidade ainda desponte muito longe no horizonte, essa pauta ganha força, voz e representatividade diariamente.

A diversidade não pode ser encarada como um ato de ideologia ou posicionamento político, portanto, quando falamos em diversidade precisamos pensar na amplidão desse universo que está muito além das fronteiras raciais ou de gênero.

O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 versa - como que em poesia - os ideais da nossa sociedade: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança...”

Enquanto empresários e famílias empresárias, temos a possibilidade de viabilizar essa inclusão, por meio do acesso ao trabalho digno, humanizando na individualidade, nas relações e nas atividades internas de nossos negócios.

Precisamos construir um ambiente sem estereótipos e classificações preconcebidas, substituindo muros, etiquetas, rótulos e caixinhas, que limitam a capacidade intelectual e produtiva dos indivíduos, por “pontes” que nos conectam cada vez uns com os outros e nos ligam a um mundo globalizado e plural.

Nasce, assim, uma nova forma de produção pautada na entrega de valores: o ESG, uma sigla em inglês que significa “environmental, social and governance”. O termo é usado para medir as práticas ambientais, sociais e de governança da empresa. Hoje, uma empresa não precisa mais optar por ter bons resultados financeiros ou construir um mundo mais sustentável, deve integrar as possibilidades.

Quando buscamos diminuir os seus impactos no meio ambiente, melhorar os processos de administração e construir um mundo mais responsável e igualitário para a sociedade, o nosso negócio tende a conseguir os melhores resultados com o passar do tempo. É importante destacar que os cidadãos-consumidores estão cada vez mais conscientes e exigentes em relação às boas práticas empresariais.

Pense nisso: quando e como a sua empresa pode criar esses espaços? Quais projetos e ações voltados à diversidade já são possíveis de serem implantados ou, se já existem, como ampliá-los ou fortalecê-los?

Lembrando que o tema diversidade compreende: ideias, raças, gênero e idade. Um bom ponto de partida é olhar para os dados que refletem a diversidade, muitas vezes temos a impressão de que não há problemas, mas os números podem falar por si. Além, é claro, de envolver o alto escalão e as lideranças táticas para debater sobre os temas.

Um conceito muito importante que pode entrar no debate é a respeito dos vieses inconscientes, “o lado oculto de como percebemos o mundo” ou, conceitualmente, preconceitos incorporados no nosso dia a dia e que estão baseados em estereótipos de gênero, raça, classe, orientação sexual, idade, etc.

Neste mês em que celebramos, no dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra (e este pode ser um bom exemplo de ação voltada à diversidade), como podemos avaliar esta temática na nossa empresa e no ciclo social o qual estamos inseridos? Quantos negros e/ou afrodescendentes trabalham conosco, sobretudo em cargos de liderança? Quantos amigos negros nós temos? Essas são perguntas pertinentes para o desenvolvimento de um projeto ou ação.

A visão de diversidade possui outros vieses, entre eles, podemos destacar alguns que ainda pesam muito durante o processo da governança, como o paradigma de que “o homem é o sucessor natural” e que, portanto, uma mulher não poderia comandar um negócio (inclusive no agro!). Mesmo que o tema empoderamento feminino esteja amplamente difundido, por que elas costumam enfrentar dificuldades gigantescas para ascender aos cargos mais altos?

Outro preconceito frequente diz respeito à idade, quando falamos que partir de 40 anos “estamos velhos” para estudar e/ou iniciar novos projetos ou, pior, com "falta energia para trabalhar" a partir dos 50 anos (como assim?!). Embora o IBGE mostre que a expectativa de vida do brasileiro está em torno de 72,7 anos, e entre as mulheres já passa dos 80 anos, por que pessoas com 60 anos ou mais são vistas como cidadãos “no fim do túnel”?

São tantas questões para serem “olhadas” e ressignificadas no âmbito do negócio que o mais importante é começar agora, da melhor forma que conseguirmos, guiados por esta frase inspiradora do ex-presidente e grande líder da África do Sul, Nelson Mandela: “Você alcançará mais nesse mundo por meio de atos de compaixão do que por atos de retaliação”. Ganha a empresa, ganha a sociedade e, principalmente, ganham as futuras gerações!

Cristhiane Brandão é conselheira de Administração em Formação.

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