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CIDADES Sexta-feira, 28 de Junho de 2019, 16:45 - A | A

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CULTURA

Alunos visitam Quilombo de Mata Cavalo e se encantam com cultura afro-brasileira

REDAÇÃO

Alunos da Escola Estadual Ernandy Maurício Baracat de Arruda, localizada em Várzea Grande, realizaram uma aula de campo interdisciplinar com uma visita ao Quilombo Mata Cavalo, no município de Nossa Senhora do Livramento (a 42 quilômetros de Cuiabá). No roteiro, os alunos visitaram a EE Quilombola Tereza Conceição de Arruda, onde prestigiaram apresentações culturais e assistiram à palestra.

 

No período vespertino, os alunos visitaram a Comunidade da Mutuca - Mata Cavalo, onde conheceram os plantios de banana, cana, mandioca, abóbora e outros. Eles gravaram entrevistas com alunos e moradores para mostrar aos demais colegas da escola.

 

A visita ocorreu na última terça-feira (18.06) e envolveu 40 alunos e cinco professores. Segundo o diretor da escola, Valter Benedito da Silva, a aula prática faz parte do projeto intitulado “Somos protagonistas: a representatividade afro-brasileira e indígena”, inserido no Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola.

 

“O projeto é em cumprimento à Lei 10.639/03, que versa sobre o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana, ressalta a importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira. O resultado foi melhor de que todos esperavam, tanto por parte dos alunos como dos professores que os acompanharam”, destaca o diretor.

 

Um dos responsáveis pelo projeto, professor de sociologia e filosofia José Adailton Melo, classificou a aula de campo como “a melhor possível”, uma vez que cumpriu a meta do projeto. “Um trabalho multidisciplinar envolvendo todas as áreas do conhecimento e conseguimos unir a teoria à prática”.

 

Ele ressalta que os alunos tiveram uma aula sobre os quilombolas e contato direto com os moradores, conhecendo o empoderamento da população afro-brasileira. “Essa aula de campo é essencial, uma vez que mesmo tendo a lei 10.639/03, são poucos os contatos com quilombolas e indígenas. Nossos alunos viram na prática que os quilombos são símbolos de resistência, pois trabalham a identidade da população afro-descente”.

 

A aluna Fernanda Letícia da Silva Souza, do 3º ano, ficou impressionada com a aula prática. “Sempre imaginei que o quilombo fosse coisa antiga, mas na escola aprendi que a realidade é outra, que eles têm uma cultura rica e que sobrevive até hoje”.

 

Para Letícia Galvão da Costa, do 2º ano, o passeio foi interessante para a reflexão dos quilombos, que ela nem sabia que existiam. “É importante saber um pouco da história de nossos antepassados. Sou negra e me identifico com as histórias de quilombo. Foi um aprendizado e tanto”.

 

No entendimento do aluno Marcos Vinícius Silva Souza, do 2º ano, a experiência da visita ao quilombo foi a melhor possível, pois foi muito bem recebido por todos. “A dança afro que eles apresentaram foi algo inédito para mim. A organização deles é que impressiona. Voltei com uma visão totalmente diferente dos quilombos”, frisa.

 

O aluno Marcos Vinícius Teixeira dos Santos, do 3º ano, também pensa igual ao seu colega. “Adorei conhecer os plantios de banana dos quilombolas. Foi uma ótima aula de campo”, garante.

 

O professor de língua portuguesa Jonas de Souza disse ter um privilégio único, uma vez que é descendente de quilombolas, mas nunca teve contato com eles. “Meu pai era do Quilombo dos Palmares que se estendia de Alagoas até Pernambuco. A linguagem quilombola não se manifesta somente na língua portuguesa, mas a encontramos na dança que é importante para eles. A linguagem em si tem permitido aos moradores do Mata Cavalo chegar a locais inimagináveis”, frisa.

 

A professora de biologia Noelma Cristina disse ter vivido um momento especial ao participar da aula de campo, pois aprendeu com seus próprios alunos. “Aprendi muito com a vida de Antônio Mulato, que ensinou aquele povo a cuidar e valorizar a educação”.

 

Quem também saiu empolgada da visita foi a aluna Vitória Gabriele da Silva, que além de aprender sobre os quilombos na prática, descobriu que é parente de um dos fundadores da escola. “Apesar de ser afrodescendente, não imagina encontrar parentes por lá”.

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