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O presidente do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) Roque Pellizzaro, falou ao Notícia Max sobre a expectativa quanto a melhora no comércio, ressaltando que o ano se mostra positivo com ressalvas, e comparando a economia com o corpo humano, que doente demora para se recuperar. O dirigente ainda comenta sobre o Cadastro Positivo, que deve facilitar o crédito para os bons pagadores, e ainda avalia o anúncio do governo autorizando o saque do FGTS de contas ativas e inativas como bom para o setor comercial.

Notícia Max - Como está o comércio?

Roque Pellizzaro  - O ano é positivo, mas positivo com ressalvas, porque a expectativa era muito maior do que a gente está vendo se realizado. Por um motivo simples. O Brasil não retomou ainda a empregabilidade. Enquanto essa coluna emprego não for consolidada e os brasileiros não voltarem a assumir postos de trabalho e melhorar sua renda, dificilmente a gente vai ter uma evolução. 

Agora, a economia é muito parecida com o corpo humano, quando você tem uma doença no corpo humano é como se você tivesse uma crise na economia. Ela acontece e vem muito rápida. A doença em dois dias te pega e te coloca na cama e a recuperação dessa doença é muito mais lenta. Não é com a mesma velocidade que você caiu na cama.

Na economia é a mesma coisa. As crises chegam rápidas e são solucionadas de forma lenta. Crises como na doença, que são solucionadas de forma muito rápida, em geral essa melhora não quer dizer que o paciente está bom. É algo temporário, que pode agravar ainda mais ali na frente. Então, o Brasil passa por essa recuperação que é lenta, infelizmente, porém a tendência principalmente agora com a Reforma da Previdência sendo aprovada e o enfrentamento das demais reformas que o Brasil deve fazer, principalmente por medidas também macroeconômicas.

Hoje saiu o cadastro do Decreto Positivo. Então ele deve entrar em operação logo de forma efetiva. Isso já vai trazer uma injeção de dinheiro novo para a economia através do crédito. É muito importante.

Outras reformas de simplificação do nosso dia a dia também já estão sendo estudadas e trabalhadas pelo Governo Federal em conjunto com nossas entidades, que devem também melhorar a relação da economia.

Notícia Max - O cadastro positivo não é relativo?  Todos os consumidores aceitarão a mudança, já que todos passam automaticamente para ele? Quem não quer pode pedir para sair? É boa a saída ou prejudicial?

Roque Pellizzaro - Ele é bom porque você tem um histórico e isso significa que tudo é avaliado. Todas as pessoas de forma automática vão estar incluídas no cadastro positivo. Aquelas pessoas, sendo empresas físicas ou jurídicas, que desejarem sair, basta entrar em uma das Câmaras de Dirigentes Lojistas (CDL) pelo Brasil através do site SPC Brasil. Lá, o consumidor encontra um 0800 para ser atendido e basta solicitar que você saia do cadastro positivo.

Porém, eu não aconselho, porque ele é muito bom para as pessoas. E para aquelas pessoas que eventualmente estão com problemas, elas resolvendo esses problemas já vão perceber uma melhora em seu escore, pois elas vão ter seu crédito podendo ser utilizado.

Já aquelas pessoas que pagam em dia e eventualmente tem um ponto fora da curva ou uma quantia em atraso, isso é desconsiderado porque agora eu vejo o filme da vida da pessoa, e não apenas uma fotografia que retrata somente um momento, que é o cadastro negativo.

O positivo eu vejo tudo. Percebo que o momento é um ponto fora da curva e deve ser desconsiderado. Agora, aquelas pessoas que pagam em dia e têm pequenos atrasos vão ter grandes vantagens.

Logo, logo os juros menores e prazos maiores para pagar.

Notícia Max - É mais fácil a aprovação de crédito?

Roque Pellizzaro  - Sim, ele vai facilitar a aprovação e agilizar, além de liberar mais dinheiro para créditos no Brasil. Se estima que a gente saia de uma relação crédito PIB da ordem de 42% para em 12 ou 24 meses alcançar 67%.

Notícia Max - Como está a questão do endividamento? Aumentou ou diminuiu? Alguns Estados na frente?

Roque Pellizzaro - O endividamento ele tem se mantido estável. A inadimplência que tem tido uma elevação.

Notícia Max - Qual a diferença entre endividamento ou inadimplência?

Roque Pellizzaro - Endividamento é quando eu estou com todo o meu orçamento comprometido, mas não tenho contas em atraso. Inadimplência é quando eu tenho contas em atraso. Eu já não consegui mais pagar ou honrar meus compromissos.

Esse estoque de inadimplentes é que está em um número bastante alto. Pelo menos 63 milhões de pessoas. Isso é muito danoso. Mas nós vamos conseguir ter uma reversão disso quando a situação do emprego melhorar.

Notícia Max - Quais estados lideram esses índices?

Roque Pellizzaro - A região hoje que tem maior número per capita de inadimplentes é o Nordeste, seguido pelo Norte Centro-Oeste, Sudeste e depois Sul.

Notícia Max - Como senhor analisa o impacto das regras do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Afinal, os saques são pequenos, mas passam a ser anuais, tendo uma certa periodicidade. O que muda?

Roque Pellizzaro  - Eu acho que em relação ao crescimento do PIB é pequeno. Mas, em comparação com as famílias mais humildes, esse valor de R$ 500 anunciado pelo ministro pode ser muito significativo. Vale lembrar que os saldos do FGTS dessas pessoas são baixos. Não são saldos muitos altos.

Esse valor deve impactar no dia a dia das pessoas. O que eu vejo como bom, R$ 30 bilhões devem ser injetados até o fim do ano, é um número bastante significativo em um país como um todo. Deve melhorar mais a questão do pagamento de dívidas antigas do que novas compras.

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