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INTERNACIONAL Quinta-feira, 22 de Agosto de 2019, 08:10 - A | A

Quinta-feira, 22 de Agosto de 2019, 08h:10 - A | A

ENVELHECIMENTO

Líder mundial em longevidade, Japão vive a era dos 'superidosos'

O Globo

Pixabay

 

Conhecido pela qualidade de sua gastronomia, o Japão tem outro motivo para se orgulhar. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o japonês vive em média 84 anos, número que faz da Terra do Sol Nascente o país com a mais elevada expectativa de vida do mundo.

 

É um feito e tanto para uma nação que, dois anos após a Segunda Guerra Mundial, tinha uma expectativa de vida cravada em 50 anos para homens e em 57 para mulheres. Com índices tão modestos, como o país conseguiu ampliar tanto a longevidade?

 

— A esperança de vida ao nascer aumentou rapidamente na década de 1950 e início da década de 1960 como resultado da diminuição da mortalidade por doenças infecciosas em crianças e jovens adultos. Isso aconteceu em grande parte por conta do papel do governo na saúde pública — explica Nayu Ikeda, do Instituto Nacional de Saúde e Nutrição japonês.

 

Para ilustrar a preocupação do governo com a saúde, Ikeda diz que, no pós-guerra, 32 leis foram promulgadas para contemplar o setor. Além disso, após meados dos anos 1960, a redução da mortalidade por acidente vascular cerebral (AVC) teve uma contribuição relevante para aumentar a longevidade do país. Isso aconteceu graças a campanhas de redução do consumo de sal e à oferta de remédios para pressão na rede de saúde.

 

A universalização do sistema médico, diz ela, também teve papel fundamental no processo, já que tornou igualitária a oferta de saúde. Ampliar o acesso à medicina, aliás, é algo que ela sugere a qualquer país que queira ampliar a longevidade.

 

— Os objetivos de um sistema de saúde incluem não apenas a melhoria dos indicadores, mas também a redução das desigualdades na saúde. Com isso, os países poderiam alcançar o que o Japão alcançou — defende.

 

ESTILO DE VIDA

Lira Terada, de 79 anos, conhece bem um dos pilares da longevidade nipônica — a filosofia de vida. Filha de imigrantes japoneses, sem saber ela cresceu em meio a preceitos do budismo.

 

— Meu pai e minha mãe eram budistas. Só depois que eu cresci fui saber do que se tratava. Mas o nosso lema era “viver hoje intensamente, porque o amanhã é outro dia.” — recita.

 

Para ela, disciplina é uma palavra bastante presente no cotidiano japonês, algo que vê de forma positiva.

 

— A vida tem de ser disciplinada. Não acho a comodidade do dia a dia algo bom. Eu faço pilates há dois anos e sinto uma diferença incrível. Essas coisas são muito importantes. O cotidiano deve ser inspirado no bem-estar da gente — diz ela, que toda quinta-feira prepara sushis em um restaurante na Zona Sul do Rio.

 

Durante seu expediente, Lira fica em pé das 10h30 às 17h preparando a comida. Quando perguntam se ela não se cansa, a resposta vem de pronto:

 

— Ao contrário. Eu me motivo para fazer aquilo. Eu já acordo quarta-feira pensando no que vou fazer na quinta. Mas na sexta eu relaxo, porque sei que no dia anterior dei tudo de mim.

 

RAZÃO DE VIVER

O gosto de Lira por uma rotina cheia de atividades pode ser visto como aquilo que os japoneses chamam de “ikigai”, ou seja, a razão de viver de cada um, conceito fundamental para eles.

 

— É aquela motivação especial que nos ajuda a levantar da cama todos os dias para viver mais um dia — define o escritor espanhol Francesc Miralles, coautor do livro Ikigai: o segredo dos japoneses para uma vida longa e feliz (Intrínseca).

 

De acordo com ele, essa filosofia faz com que a vida passe a ter sentido e valor, qualidades que estimulam um cuidado maior com o corpo e com a mente.

 

Já na hora de comer, diz o espanhol, os japoneses seguem outra filosofia:

 

— A maioria deles come de acordo com a lei hara hachi bu, a qual pode ser traduzida como “estômago 80% cheio”. Eles sempre comem um pouco menos do que a fome que sentem.

 

PEIXE E VEGETAIS

Nutricionista especializada em terceira idade, Karina Timpani explica que a dieta japonesa é um fator importante para explicar os altos índices centenários do país — são quase 70 mil.

 

Na mesa deles, é possível encontrar vegetais, arroz e cereais. Como não poderia deixar de ser, o peixe também tem lugar especial nos lares japoneses, o que não se observa tanto no Brasil, segundo a nutricionista.

 

— Considero a alimentação japonesa muito equilibrada e rica em nutrientes. Eles também têm um estilo de vida que contribui para a longevidade que o país vive hoje — avalia Karina.

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