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INTERNACIONAL Segunda-feira, 23 de Agosto de 2021, 08:32 - A | A

Segunda-feira, 23 de Agosto de 2021, 08h:32 - A | A

AFEGANISTÃO

Talibã diz que cercou o Vale de Panjshir e retomou 3 distritos

Panjshir é a única das 34 províncias do Afeganistão que não foi conquistada pelo grupo extremista. Talibã diz que milícias haviam tomado distritos na província de Baghlan

G1

O Talibã anunciou nesta segunda-feira (23) que cercou o Vale de Panjshir, a única das 34 províncias do Afeganistão que ainda resiste à tomada de poder, além de ter retomado o controle de três distritos na província de Baghlan.

Mas o grupo extremista diz que deseja negociar em vez de combater a resistência que tem se formado no vale íngreme, montanhoso e de difícil acesso que nem os soviéticos na década de 80 nem os talibãs na década de 90 conseguiram conquistar.

A capital de Panjshir é Bazarak, que fica a apenas 120 km a nordeste da capital afegã (a cerca de duas horas de carro a nordeste da capital Cabul).

Os distritos retomados são os de Bano, Deh Saleh e Pul e-Hesar, na província de Baghlan, que faz divisa com o Panjshir (veja no mapa abaixo).

Eles haviam sido tomados por milícias locais na semana passada, em um dos primeiros sinais de resistência armada ao Talibã, que voltou ao poder após 20 anos.

É no Panjshir que estão dois líderes que se levantaram contra o Talibã: Ahmad Massoud, filho de 32 anos do lendário comandante Massoud, e Amrullah Saleh, primeiro vice-presidente afegão que diz ser o "legítimo presidente interino" do país.

Saleh, que era um dos assessores mais próximos do pai de Massoud, afirmou na terça-feira (17) que "em hipótese alguma se curvaria" aos "terroristas do Talibã" e fez um apelo aos afegãos: "Juntem-se à resistência".

Massoud tem usado a imprensa ocidental para pedir ajuda, escrevendo no jornal americano "The Washington Post" e na revista francesa "La Règle du jeu" ("A regra do jogo", em tradução livre), fundada pelo escritor Bernard Henri-Lévy.

Negociações com o Talibã

"Nossos combatentes estão posicionados perto de Panjshir", afirmou Zabihullah Mujahid, porta-voz do Talibãs. "O Emirado Islâmico está tentando resolver os problemas pacificamente".
Em entrevista à agência de notícias Reuters, Ahmad Massoud afirmou no domingo (22) que espera manter negociações pacíficas com o Talibã, mas que suas forças estão prontas para lutar.

"Queremos fazer o Talibã perceber que o único caminho a seguir é por meio de negociações", disse Massoud. "Não queremos que uma guerra comece".
Apesar do discurso, contas pró-Talibã no Twitter anunciaram no domingo (22) que "centenas" de combatentes estava a caminho do Panjshir. A agência de notícias France Presse relata informações ainda não confirmadas de confrontos nos arredores do vale à noite.

Também nas redes sociais, os favoráveis à resistência no Panjshir negam qualquer avanço do Talibã, alegando que emboscadas impediram o avanço do grupo extremista. Mas os anúncios oficiais e relatos são difíceis de confirmar com fontes independentes.

Vale do Panjshir
O Panjshir, que significa "Cinco leões", é um conhecido como um reduto anti-Talibã. A Frente Nacional de Resistência (FNR) é liderada por Ahmad Massoud e por Amrullah Saleh.

Ahmad Massoud é filho do comandante Ahmad Shah Massoud, herói da resistência antissoviética no Afeganistão que ganhou o apelido de "Leão de Panjshir". Ele também é conhecido como Amir Sahib-e Shahid, que significa "nosso amado comandante martirizado".

Até hoje o vale está cheio de carcaças de blindados soviéticos destruídos em batalhas malsucedidas para conquistá-lo. Além da União Soviética, na década de 80, o Talibã também não conseguiu conquistar o Panjshir quando controlou o país, entre 1996 e 2001.
Massoud pai foi assassinado pela Al-Qaeda na província de Takhar em 2001, na época do ataque terrorista do 11 de Setembro que desencadeou a invasão americana ao Afeganistão.

Devido aos inimigos em comum, a província de Panjshir serviu como reduto da Aliança do Norte, grupo armado que se aliou aos EUA durante a invasão de 2001 para tirar o Talibã do poder e expulsar a Al-Qaeda do país.

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