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INTERNACIONAL Quarta-feira, 13 de Novembro de 2019, 14:50 - A | A

Quarta-feira, 13 de Novembro de 2019, 14h:50 - A | A

ENFRAQUECIDOS

Castigo nas urnas forçou acordo na Espanha

G1

ergio Perez

ESPANHA

 

Nada como o castigo nas urnas para selar um acordo político que estava emperrado há seis meses. Em poucas horas, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, e o líder do partido anti-austeridade Podemos, Pablo Iglesias, concordaram com tudo que rejeitavam desde abril e tornava inviável um pacto político, forçando a quarta eleição em quatro anos na Espanha.

 

Os dois partidos aceitaram formar um governo de coalizão, o primeiro desde a redemocratização do país, há quatro décadas, embora ainda sem maioria no Parlamento. Sánchez será presidente do governo e Iglesias ganhará uma das vice-presidências e três ministérios, num governo que definiram como progressista.

 

Faz pouco tempo, quando o impasse predominava nas negociações, o premiê socialista, interino há nove meses, vaticinava que não dormiria em paz com ministros do Podemos em seu governo. Iglesias, por sua vez, atribuía como eu grande erro ter confiado em Sánchez. O que mudou desde então?

 

A aposta de Sánchez em uma nova eleição deu errado: embora vitoriosos, os socialistas perderam três cadeiras; o Podemos, seu aliado natural, sete. E o mais preocupante aconteceu: o partido Vox, de extrema direita, duplicou sua presença no Parlamento, com um salto de 24 para 51 assentos, tornando-se a terceira força política do país.

 

Enfraquecidos e com menos 1,5 milhão de votos em relação a abril, Sánchez e Iglesias não podiam mais se dar ao luxo de insistir em suas convicções. Se antes somavam 165 deputados e estavam a apenas nove da maioria, agora reúnem 155.

 

Faltam 21 assentos para alcançarem os 176 necessários a um governo estável. Terão que compor com partidos menores e, ainda assim, dependerão de que outros se abstenham para que consigam aprovar suas propostas sem bloqueios ou sobressaltos.

 

A realidade da política espanhola mudou. O bipartidarismo deu lugar à fragmentação política, somando 19 legendas, entre elas quais cinco maiores e capazes de definir o jogo. Isso obriga os partidos a buscarem alianças e flexibilizar posições para viabilizar um governo.

 

Sánchez e Iglesias esticaram a corda nas negociações até o fracasso, paralisando o país e desgastando o eleitor com novas eleições. Após o troco das urnas, retrocederam ao ponto inicial para consumar, com um abraço aliviado, o repentino acordo anunciado nesta terça-feira.

 

A Catalunha mantém-se como um dos pontos vulneráveis dessa relação. No documento de dez pontos firmado pelos dois partidos, Iglesias, que flerta com os separatistas, assume o compromisso de abordar a questão da catalã dentro do marco constitucional. Em tese, o pacto descarta o apoio a futuros referendos independentistas.

 

A eleição de domingo deixa uma lição para os partidos espanhóis. À exceção do Vox, nenhum dos cinco grandes ganhou com a inflexibilidade e a teimosia ideológica. Embora preliminar e sem garantia de estabilidade, o acordo entre PSOE e Podemos viabilizou-se na marra.

 

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