Confrontos violentos entre polícia e manifestantes ocorreram nesta sexta-feira (13) em Nova Déli, na Índia, por causa da aprovação de uma lei que garante a cidadania indiana a membros de 6 religiões minoritárias perseguidas em países vizinhos, mas não dá o mesmo direito a muçulmanos.
O texto, aprovado na quarta-feira (11), oferece um caminho para a nacionalidade indiana a cristãos, budistas, hindus, parsis, jains e sikhs que escaparam do Paquistão, de Bangladesh e do Afeganistão por perseguição religiosa antes de 2015.
A regra, entretanto, não foi estendida aos muçulmanos. Isso faz com que os rohingya de Mianmar - que, segundo a ONU, vivem sob ameaça de genocídio - não sejam incluídos.
O escritório de direitos humanos da entidade manifestou preocupação de que a nova lei seja "de natureza fundamentalmente discriminatória" e pediu que ela fosse revisada.
Durante os protestos desta sexta (13), a polícia usou gás lacrimogêneo e cassetetes para dispersar as dezenas de estudantes que protestavam na universidade Jamia Millia Islamia, em Nova Déli. Segundo a Reuters, um funcionário da enfermaria da universidade disse que mais de 100 estudantes foram levados até lá com ferimentos, mas todos foram liberados.
Barricadas policiais foram derrubadas e ruas ficaram cheias de sapatos e tijolos quebrados.
Um estudante de doutorado, Zakir Riyaz, disse à Reuters que a nova lei zombava da abertura religiosa da Índia.
"Vai contra toda a ideia de uma Índia secular", disse Zakir, que conversou com a Reuters por telefone de um hospital em Nova Déli aonde 15 de seus colegas foram levados após serem feridos em uma agressão policial.
Os estudantes disseram que era para ser um protesto pacífico, mas a polícia os interpelou, levando aos confrontos. Parvez Hashmi, um político que foi ao local do protesto falar com a polícia, disse que cerca de 50 alunos foram detidos.
Polêmica
Críticos do primeiro-ministro Narendra Modi dizem que o governo está promovendo uma agenda hindu para a Índia e que a lei de cidadania, ao excluir os muçulmanos, mina a Constituição secular do país e mostra um viés profundo contra os 170 milhões de muçulmanos da Índia.
O partido de Modi, o Bharatiya Janata, nega qualquer viés religioso e afirma que a nova lei visa a ajudar os grupos minoritários que enfrentam perseguição nos três países muçulmanos vizinhos.
Mortes
Na quinta (12), duas pessoas morreram no estado de Assam, no nordeste do país, quando a polícia abriu fogo contra a multidão, que incendiou prédios e atacou estações ferroviárias em protesto contra a legislação. O estado faz fronteira com Mianmar.
As manifestações fizeram com que o premiê japonês, Shinzo Abe, cancelasse uma visita à região que estava prevista para começar no domingo (15).
Um movimento contra imigrantes de Bangladesh se arrasta em Assam há décadas. Os manifestantes dizem que conceder a nacionalidade indiana a mais pessoas sobrecarregará ainda mais os recursos do Estado e levará à marginalização das comunidades indígenas.
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