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INTERNACIONAL Terça-feira, 22 de Outubro de 2019, 10:15 - A | A

Terça-feira, 22 de Outubro de 2019, 10h:15 - A | A

MANIFESTAÇÕES

Sobe para 15 número de mortos em protestos no Chile

O Globo

Reprodução

 

O número de mortos nos protestos que sacodem o Chile desde a semana passada subiu para 15, dos quais 11 na região metropolitana de Santiago , informou nesta terça-feira o subsecretário de Interior, Rodrigo Ubilla .

 

Segundo Ubilla, todas as mortes na capital e entorno — duas pessoas em San Bernardo, cinco em Renca, uma em Quinta Normal, duas em La Pintana e uma na própria cidade de Santiago — estão associadas a saques e incêndios de estabelecimentos comerciais. Já três das quatro pessoas que morreram em incidentes fora da capital — uma em La Serena, uma em Coquimbo e outra numa estrada, a Ruta 5 Sur — .foram vítimas de tiros. A quarta vítima fatal no interior do país foi atropelada por uma viatura militar em Talcahuano

 

— Temos um total, a nível nacional, de 15 mortos, 11 deles na região metropolitana associados a incêndios e saques, principalmente de centros comerciais — disse Ubilla em conferência de imprensa na manhã desta terça.

 

Na segunda-feira, as autoridades chilenas haviam reportado a morte de 11 pessoas nos protestos, saques e incêndios de estabelecimentos comerciais, das quais três em um supermercado da rede Walmart, cinco numa confecção de roupas e dois corpos encontrados carbonizados numa loja de materiais de construção. O local havia sido saqueado pouco antes, e não se sabe se as vítimas eram trabalhadores ou saqueadores. O 11º morto foi atingido a tiros na província de Coquimbo.

 

Enquanto isso, o Instituto Nacional de Direitos Humanos do Chile (INDH) contabiliza 84 pessoas feridas a bala em razão dos protestos e saques, das quais cinco estão em estado grave e uma corre risco de morrer, relata o site do jornal chileno La Tercera. A organização também denunciou a detenção de 1.420 pessoas nas manifestações, entre elas 181 menores de idade. O governo, no entanto, registra um número ainda maior de presos, 2.643, informou Ubilla.

 

Ainda de acordo com o subsecretário do Interior chileno, houve uma diminuição dos relatos de violência grave relacionada aos protestos nesta segunda para terça-feira com relação às 24 horas anteriores, de 350 para 255, com a redução se dando principalmente na região metropolitana da capital , de 117 para 41, relata o site do jornal chileno El Mercúrio.

 

— Ontem tivemos 42 marchas. Hoje em dia, no Chile, (as pessoas) podem se manifestar. O que não se pode fazer é tomar esta aspiração legítima e transformá-la em saques e atentados contra a propriedade pública e privada. Lamentavelmente, em alguns casos nestas 42 marchas, grupos violentos se desprenderam delas — acrescentou Ubilla, informa o site do El Mercúrio.

 

Resposta à repressão

Foi o caso, por exemplo, de manifestação registrada nesta segunda-feira na região da Plaza Itália, em Santiago. Já pela manhã, centenas de pessoas, a maioria estudantes, chegavam ao local. Batendo panelas e com lenços cobrindo bocas e narizes para tentar se proteger do gás lacrimogêneo, elas gritavam slogans pedindo para as forças de segurança deixarem o local e a renúncia do presidente Sebastián Piñera .

 

Mas, em vez disso, os blindados das forças de segurança logo lançaram bombas de gás lacrimogêneo numa tentativa de dispersar o protesto, com os agentes ocasionalmente atirando baças de borracha. Em resposta, os manifestantes montaram e queimaram barricadas nas ruas próximas, jogando pedras nos carros da polícia e blindados à medida que passavam.

 

Com a praça continuando a se encher, as forças de segurança acabaram por abandonar a área . Sem repressão, os manifestantes passaram a tocar instrumentos e cantar, num clima festivo similar às comemorações futebolísticas que tradicionalmente acontecem no local, e à tarde saíram em marcha pela cidade.

 

— As manifestações eram muito pacíficas no início, mas elas se tornaram violentas porque o governo mandou os militares para nos reprimir — acusou Stephanie Mora, 20ano, estudante de Direito na Universidade do Chile.

 

E as demandas dos protestos também se ampliaram. Inicialmente voltadas contra um aumento de 3,75% nas passagens do Metrô de Santiago nos horários de pico, as manifestações passaram a pedir mudanças políticas e econômicas no Chile.

 

— Estou aqui para protestar contra a injustiça social neste país e contra a repressão pelo Estado chileno — disse Mateo Mazuera, estudante de design gráfico de 22 anos. — Quero ver a Constituição mudada porque estamos vivendo numa democracia sob uma Constituição que foi escrita por um ditador — acrescentoui.

 

Outra manifestante no local era a estudante de teatro Brenda Gonzalez. Acompanhada dos pais, ela conta que seu pai acoreda todos dias às 4h para ir ao trabalho como motorista de ônibus, pelo qual recebe cerca de US$ 400 mensais, enquanto a mãe limpa casas para reforçar a renda da família.

 

— Mas mal conseguimos chegar ao fim do mês — conta. — Os que estão promovendo saques são ladrões, apenas isso. Nós queremos é uma mudança real, e estamos lutando por algo que é importante.

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