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OPINIÃO Quarta-feira, 05 de Abril de 2023, 07:19 - A | A

Quarta-feira, 05 de Abril de 2023, 07h:19 - A | A

ARNO SCHNEIDER

Floresta Amazônica: maior emissora de CO2 do Brasil

Todas as florestas primárias em clímax estão nesta condição

ARNO SCHNEIDER

O título acima caracteriza um grande equívoco, que normalmente acontece quando informamos somente as emissões para determinar o impacto climático de uma atividade. É uma espécie de “pegadinha”.

Embora a informação seja correta, está contando somente uma meia verdade. Se considerarmos somente as emissões a floresta amazônica seria seguramente a maior causa brasileira do efeito estufa.

Para analisarmos a pegada climática de qualquer atividade é necessário fazer o balanço do carbono, colocando todas as emissões e todos os sequestros em pratos opostos.

Na respiração os vegetais absorvem oxigênio e emitem CO2. Porém, através da fotossíntese fazem o processo inverso, absorvendo CO2 e emitindo oxigênio. No caso da floresta amazônica, que abrange quase 3 milhões de km2, apesar de ser a maior emissora de CO2 do Brasil, ela sequestra todo o gás emitido.
Todas as florestas primárias em clímax estão nesta condição. Portanto, em estado de neutralidade climática, não sendo nem a faxineira de CO2 da atmosfera nem o pulmão do mundo.

Se a floresta continuasse sequestrando CO2 indefinidamente, ela já teria alcançado alturas inimagináveis. Informar apenas as emissões é enganoso e não reflete a pegada climática completa.

Quando se trata dos combustíveis fósseis a análise é bem diferente. As emissões de CO2 começam na extração, aumentam no refino e culminam na queima, adicionando 100% do CO2 produzido na atmosfera, onde permanece por mais de mil anos.

A pecuária também se encontra numa neutralidade com relação ao balanço do carbono. Quando analisam, só falam das emissões, “esquecendo” das reduções.

Via fotossíntese a pastagem sequestra o CO2 que já está na atmosfera. O gado come o capim que é fermentado no rúmen, produzindo o metano que é eructado.

O tempo de vida do metano é apenas de dez anos, quando retorna a sua molécula original, o CO2. As emissões bovinas de hoje, apenas ocuparão o espaço deixado pelas emissões de dez anos atrás. O teor de metano na atmosfera não se alterou. A cada ano emissões e sequestros se equivalem, o que caracteriza uma neutralidade. O CO2 em que o metano se transformou apenas retornou à atmosfera onde já estava. 

É importante destacar que o metano tem um potencial de aquecimento vinte cinco vezes superior ao CO2. Mas, por ter vida curta, é o único gás climático que quando reduzida a sua emissão, em 10 anos terá um impacto benéfico na redução dos gases climáticos, diferente do CO2 cujas emissões vão se acumulando e permanecem ativos por várias centenas de anos.

As novas tecnologias pecuárias, que estão reduzindo as emissões bovinas, tem um potencial de contribuir a curto prazo para redução dos gases estufa.

As emissões antropogênicas de metano são quase irrelevantes num comparativo com as emissões de CO2.

Desde o nosso descobrimento todas as emissões de CO2 provenientes das queimadas de todas florestas desmatadas até hoje, e todos os combustíveis fósseis queimados, ainda se encontram na atmosfera. Já no caso do metano, apenas as emissões dos últimos dez anos estão ativas.

Portanto, não façamos um juízo precipitado da pegada climática de qualquer atividade sem antes confrontar emissões e sequestros.

Arno Schneider é engenheiro agrônomo e pecuarista.

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