Cuiabá, 26 de Abril de 2024
Notícia Max
26 de Abril de 2024

POLÍTICA & PODER Segunda-feira, 13 de Agosto de 2018, 09:20 - A | A

Segunda-feira, 13 de Agosto de 2018, 09h:20 - A | A

ENTREVISTA DA SEMANA

João Edisom: “Essa eleição não foi feita para renovar, ela foi feita para reconduzir ao cargo aqueles que já estão no poder”

Redação

 

Passadas as convenções, o quadro eleitoral já está definido, com os candidatos e coligações formados. O professor e cientista político João Edisom faz uma análise do tabuleiro político, apontando que o pleito não deverá se pautado em propostas, aponta que o democrata Mauro Mendes começa com ligeira vantagem frente aos seus adversários, e aponta renovação quase zero na Câmara Federal e Assembleia Legislativa.

 

Notícia Max - Com a definição dos candidatos ao Governo do Estado, como o senhor analisa o quadro eleitoral? Acredita que haverá segundo turno?

 

João Edisom – Mato Grosso não tem tradição de segundo turno, mas temos um eleitorado de que dependendo de como a eleição siga lá no final, o eleitor tem o discurso de que para não perder o voto acaba votando em alguém porque ainda existe um sabor da vitória já que a política não trás nada. O conceito que existe, infelizmente, para muitos eleitores ainda. Em função disso, é normal não ter segundo turno.

 

Agora, nós temos três candidatos potencialmente fortes, e esses três candidatos, a tendência é que um desgarre, e dois tenha um crescimento. E acontecendo isso, não tem segundo turno. Agora, se ocorrer o inverso, se os três estiverem na mesma proporção, aí sim vamos ter o segundo turno.

 

Notícia Max - Na opinião do senhor, há algum favorito na disputa pelo Paiaguás?

 

João Edisom – Eu acho que o Mauro Mendes tem uma leve vantagem sobre os demais. É o único dos três que está sem poder, e esteve poder. Ele saiu da Prefeitura de Cuiabá, que é o maior colégio eleitoral e tem grande influência no segundo maior colégio eleitoral, que é Várzea Grande. Ele sai da Prefeitura com aprovação acima de 70%, e ele fica fora esse período. Então ele não teve esse desgaste de estar lá, ele não é senador, ele não é governador, então ele tem uma leveza que os outros dois não têm, e isso trás uma vantagem na disputa, mas pequena, não é grande.

 

Notícia Max -  O senhor acredita que esta será uma campanha de propostas ou de ataques?

 

João Edisom – Por característica, principalmente do governador Pedro Taques, que é uma característica bem policialesca, de culpar alguém por alguma coisa, eu acredito que os dois candidatos, tanto o Wellington Fagundes, mas até mais o Mauro Mendes, mordem a isca e entram na discussão. Porque ele vai chamar para isso.

 

Ele já é governador, é difícil apontar propostas novas quando se está dentro do poder, é comum as pessoas dizerem por que não fez? Então é difícil dizer vou ficar mais quatro anos e fazer isso. Por que não fez nos quatro anos? Então para desvirtuar esse caminho é possível que a linha editorial do próprio marketing eleja por desqualificar os outros candidatos. E ao fazer isso vai ter as respostas.

 

Então infelizmente eu não vejo uma campanha de grandes propostas. Por isso sou contra a reeleição, porque toda vez que tem reeleição o candidato do poder, que tenta continuar no poder, tenta desqualificar as pessoas e não as propostas. E isso não é só Pedro Taques, qualquer um faria isso. Mas o Taques um pouco mais ainda pela característica policialesca que ele tem.

 

Notícia Max – E quanto a disputa às proporcionais, o senhor acredita em renovação da bancada na Câmara Federal e Assembleia Legislativa?

 

João Edisom – Quase zero. Vão abrir quatro vagas, talvez até cinco, mas as pessoas que vão ocupar essas vagas são pessoas que militam na política. Essa eleição não foi feita para renovar, ela foi feita para reconduzir ao cargo aqueles que já têm poder. As regras elas são feitas exclusivamente para manter no poder quem lá está.

 

Notícia Max - Algumas coligações surpreenderam o eleitor, como do MDB com o DEM, o PPS com o PSDB e o PT com o PR, isso não joga por terra a tese de que os partidos defendem uma ideologia?

 

João Edisom – Eu acho que já morreram os partidos, não existem mais. O que existe é uma instância cartoral onde as pessoas têm que se filiar nela para entrar. O último resquício de partido que tivemos foi o PT nacional, mas o PT coligou com todo mundo e também colocou tornozeleira.

 

As pessoas não vão votar mais em partidos, tanto que é muito difícil encontrar uma pessoa que não seja filiado a um partido que vai votar dentro da coligação. Dentre as pessoas que estão filiadas a partidos, também serão raras as pessoas que vão votar dentro da coligação, vão escolher pessoas.

 

O significado do partido é para quem se candidata, para ele ter prefeitos, vereadores, discutir uma gestão, como vai ser a administração, mas para o eleitor, o eleitor não está nem aí mais para a sigla partidária. É tanto que ele nem sabe o nome da sigla partidária. Se fizer uma pesquisa aí para saber qual a sigla partidária do Jair Bolsonaro, vão ver que o Bolsonaro é conhecido por uma população muito grande, mas a sigla acho que, estou chutando, mas de cada 10 eleitores que vão votar no Bolsonaro, talvez um saiba o nome do partido.

 

Notícia Max - As chamadas fake news terão realmente influência no pleito eleitoral?

 

João Edisom – Tem um negócio nas fake news que é o seguinte: todo mundo que pega uma fake news, ele sabe que é. Ele não repassa sem saber que é. Ele sabe que é. E por que ele repassa? É porque aquela mentira lhe agrada, então ela vai ser uma ferramenta, que é a mesma questão de colocar faca na briga de torcida. Ela vai ser uma ferramenta amplamente utilizada pelos aficionados partidários, principalmente os cabos eleitorais. 

 

Ninguém vai conferir se a notícia é ou não é verdadeira, quando a notícia é favorável ao seu candidato, e é favorável ao seu candidato a desconstrução de outro candidato. Então ela vai ser um instrumento de desconstrução política que vai ser usada a exaustão. 

 

Notícia Max – Com 11 candidatos ao Senado, parece que a disputa pelas duas vagas estão abertas, principalmente com a entrada do Procurador Mauro Lara, que tende a retirar votos de candidatos da Grande Cuiabá. O senhor concorda com essa análise?

 

João Edisom – Concordo. A eleição para o Senado está para acontecer. Ela tinha mais ou menos uma definição com uma arrancada muito forte do Jayme Campos, em função da Baixada Cuiabana, em Cuiabá e Várzea Grande principalmente, mas com a entrada do Procurador Mauro, me parece que quem mais sente é ele e a juíza Selma Arruda, com isso é uma eleição que está para acontecer. E já que o foco é primeiro no governador, essas eleições terão que ser construídas.

 

Nós temos aí quatro ou cinco candidatos que vão entrar na briga fortemente, e há um espaço vago para ser construído. Para governo, até porque são apenas cinco candidatos, e onze para o Senado, para governo é mais consistente, e para o Senado ela depende de vários fatores. Agora, uma coisa é certa, se o Mauro vencer no primeiro turno, a probabilidade dos dois candidatos que estão com Mauro será bem maior que os outros. Se ele vencer no primeiro turno, porque aí tem reflexo também no Senado. 

 

CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.

0 Comentários