A pesquisadora Fernanda Garcia Sampaio, da Embrapa Meio Ambiente, integra o grupo de especialistas que colaborou com o novo relatório técnico da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) sobre as interações entre agricultura, sistemas alimentares e mudanças climáticas. No documento, Sampaio coordenou a Seção sobre Aquicultura — incluída pela primeira vez no relatório — ampliando a análise para toda a cadeia alimentar de produção e destacando a importância do setor aquícola nas estratégias globais de mitigação e adaptação climática.
O documento, intitulado Update on scientific findings on the interactions between agriculture, food systems and climate change (Atualização sobre descobertas científicas nas interações entre agricultura, sistemas alimentares e mudanças climáticas), foi lançado em 2025 na Cop 30, e reúne contribuições de 26 países. O material foi editado por Eleanor Milne, da FAO, Carlos Eduardo Cerri, da Universidade de São Paulo (USP), e pelos pesquisadores Laure-Sophie Schiettecatte e Martial Bernoux, também da FAO.
Produzido no âmbito da série Environment and Natural Resources Management Working Paper (nº 110), o relatório sintetiza as evidências científicas mais recentes sobre o papel da agricultura e dos sistemas alimentares nas emissões de gases de efeito estufa, na adaptação às mudanças climáticas e nas estratégias de mitigação.
A publicação tem como referência os relatórios especiais e de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), especialmente o Special Report on Climate Change and Land (2019) e o Sexto Relatório de Avaliação (2022). O novo documento destaca avanços obtidos desde 2018 e identifica lacunas de conhecimento que ainda precisam ser investigadas, com foco em áreas como uso do solo, produção animal e vegetal, manejo integrado, e sistemas aquáticos de produção de alimentos.
Entre os temas abordados estão:
• o papel dos solos agrícolas na remoção e no armazenamento de carbono;
• impactos das mudanças climáticas sobre cultivos e pastagens;
• tecnologias emergentes, como sensoriamento remoto e inteligência artificial, aplicadas ao monitoramento de emissões e produtividade;
• governança e políticas públicas, incluindo as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) no contexto do Acordo de Paris.
O documento também discute o estado atual dos ecossistemas costeiros e marinhos, com ênfase na produção de alimentos aquáticos e na sustentabilidade das cadeias alimentares.
A FAO pretende utilizar o relatório como base para a preparação de um novo encontro internacional de especialistas, previsto para 2026, em Roma. Esse evento deverá atualizar as recomendações científicas e orientar futuras contribuições ao IPCC, consolidando o papel da agricultura e dos sistemas alimentares nas estratégias globais de enfrentamento da crise climática.
A pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente participou da revisão técnica de seções do relatório, ao lado de renomados especialistas internacionais, como Pete Smith (Universidade de Aberdeen), Francesco Tubiello (FAO) e Martial Bernoux (FAO). Sua atuação reforça a presença da pesquisa brasileira em discussões estratégicas sobre sustentabilidade, segurança alimentar e políticas globais de clima.
O relatório contou ainda com o apoio do Centro de Pesquisa em Carbono na Agricultura Tropical (CCARBON/USP), vinculado à Reitoria da Universidade de São Paulo, e com a colaboração de instituições de referência em pesquisa agrícola e ambiental.
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