A redução no espaçamento entre as fileiras da soja pode potencializar os rendimentos da lavoura e permitir uma redução significativa nos custos de implantação, pela redução na população de plantas. Um estudo da Embrapa Trigo mostrou ganhos diretos de até 280 kg/ha e redução de 33% na população de plantas no Rio Grande do Sul, pela melhor eficiência no uso da radiação solar na lavoura.
A soja é a cultura de maior importância econômica no Brasil. A geração de novas tecnologias e a evolução dos conhecimentos relacionados ao sistema de produção estão promovendo mudanças no cultivo da soja. O melhoramento genético embutido na cultivar é responsável por somente 50% do rendimento final na cultura. A outra metade está associada ao manejo da lavoura, desde a implantação até a colheita. A intensificação da produção é possível através de sistemas mais eficientes e equilibrados no uso dos recursos do ambiente (água, luz, temperatura e nutrientes).
A planta de soja, nas condições de clima e solo do Rio Grande do Sul, semeada na época preferencial (meados de novembro), precisa de 40 a 50 dias de crescimento para resultar numa boa produção de grãos. Aumentar a interceptação de luz solar nesse período é possível através de ajustes no arranjo espacial das plantas.
O arranjo espacial determina a competição por luz, água e nutrientes, alterando desde a incidência de pragas até a produção de biomassa. A potencialização do rendimento de grãos pode ser obtida através do melhor acúmulo de área foliar, com maior aproveitamento da radiação solar que garante a fotossíntese necessária para o crescimento das plantas. A melhor distribuição de plantas na área pode considerar duas estratégias de manejo ainda na semeadura: densidade (população de plantas) e espaçamento.
Indicações
A recomendação contida nas “Indicações técnicas para a cultura da soja no RS e SC” estabelece uma população de 300 mil plantas por hectare (ou 30 plantas/m²), com espaçamento que pode variar de 20 a 50cm entre as fileiras.
No estudo conduzido em Passo Fundo, RS, pela equipe de fisiologia vegetal da Embrapa Trigo, dedicado a entender o funcionamento das plantas, foi avaliado o espaçamento reduzido e a menor densidade de plantas para a maximização da produção de soja no Rio Grande do Sul. Na população de plantas, a densidade de 20 plantas/m² mostrou o mesmo desempenho da densidade de 30 plantas/m², a diferença esteve na redução nos custos de produção (sementes principalmente) sem redução significativa no rendimento de grãos. No espaçamento, foi utilizada a mesma distância entre linhas e entre as plantas na linha. Na comparação, o rendimento da soja no espaçamento de 25cm resultou em 283 kg/ha a mais (4,7 sacas) do que no espaçamento de 50cm.
“Vimos que o espaçamento reduzido pode maximizar os rendimentos na soja, já que há um aumento de área foliar mais rápido, acelerando o crescimento da planta e o acúmulo de massa para a produção de grãos”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo Osmar Rodrigues. O pesquisador destaca que, independente da cultivar utilizada, a redução de densidade de sementes é compensada pelo espaçamento reduzido, acelerando a velocidade de fechamento do dossel e o acúmulo de matéria seca nos ramos que definem a produtividade da soja.
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