Levantamento do Cepea revela que as cotações do trigo têm registrado queda nos últimos dias, impulsionadas pelo avanço da colheita da nova safra no Paraná e pela valorização do Real frente ao dólar. A movimentação pressiona os preços no mercado spot e reflete o novo equilíbrio entre oferta e demanda.

Com maior disponibilidade do cereal, os vendedores voltam a atuar com mais intensidade nas negociações internas. Do outro lado, os compradores se mantêm retraídos, alegando estoques formados por importações realizadas nos meses anteriores, aproveitando as condições cambiais favoráveis à entrada do produto estrangeiro.

Segundo análise dos pesquisadores do Cepea, o comportamento do mercado está diretamente relacionado ao ritmo da colheita e ao câmbio. Essa combinação tende a manter os preços pressionados no curto prazo, sobretudo nas regiões em que a colheita já está adiantada. O Paraná, maior produtor nacional, lidera o movimento.

Além das dinâmicas de mercado, a perspectiva para a produção nacional também mudou. No boletim de setembro de 2025, a Conab revisou para baixo a estimativa da safra brasileira. A projeção agora é de 7,536 milhões de toneladas — volume 3,5% inferior ao previsto em agosto e 4,5% menor do que o registrado em 2024. Trata-se da menor produção desde 2020.

A retração é explicada, principalmente, pela redução da área plantada. A nova estimativa aponta para 2,449 milhões de hectares, queda de 3,8% em relação ao relatório anterior e recuo expressivo de 19,9% frente à área cultivada em 2024. Ainda que a produtividade média tenha apresentado leve alta de 0,3%, atingindo 3,077 t/ha, o incremento é insuficiente para compensar a perda de área.

O cenário traçado pelo Cepea e pela Conab acende o alerta para os agentes da cadeia tritícola. O menor volume colhido, combinado à pressão por preços mais baixos no mercado interno, pode afetar margens de produtores e a competitividade do trigo nacional diante dos importados. A condução da política cambial e o comportamento do clima nas próximas semanas serão fatores decisivos para o fechamento da safra.

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