Mulheres e meninas do território indígena Tremembé da Barra do Rio Mundaú, em Itapipoca (CE), participaram, no último dia 14 de novembro, de um workshop de boas práticas de manipulação de alimentos. A atividade integra o projeto Solaris - Mulheres e Meninas na Ciência, desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical, com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O projeto oferece bolsas para 47 mulheres e meninas das comunidades agrícolas e indígenas da região dos vales dos rios Curu (Paraipaba) e Aracatiaçu (Itapipoca), no Ceará. O objetivo é transformar realidades e fortalecer o protagonismo feminino nas áreas de ciência, tecnologia e sustentabilidade, por meio de capacitação acadêmica, transferência de tecnologias sustentáveis e desenvolvimento local.
Os participantes do workshop aprenderam sobre segurança alimentar, inovação em processos produtivos e inclusão feminina. Como explica a líder do projeto, a pesquisadora Deborah Garruti, uma atividade uniu conhecimento acadêmico e saberes tradicionais para aprimorar a segurança alimentar, qualificar os processos produtivos e incentivar a participação feminina na ciência.
O pesquisador Ênio Girão, que apoiou a ação, explica que o workshop evidenciou como o saber científico pode gerar impacto direto nas comunidades, aproximando a pesquisa da realidade dos territórios e incentivando novas gerações de mulheres a ocuparem espaços nas produções científicas.
"O tema da oficina tem a ver com o que vivemos. Ela mostrou como podemos preparar alimentos de forma adequada para oferecer a outras pessoas e, com isso, também gerar renda", destacou Júlia de Castro, bolsista do projeto Solaris e estudante da Escola Indígena Abrolhos da Terra.
O workshop foi ministrado pela bolsista de iniciação científica do projeto, a aluna de Engenharia de Alimentos Edna Quilenda, orientada pela professora Marina Rebouças, da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Outras ações
A primeira edição do workshop, realizada em outubro, teve como público feminino da Associação de Agricultoras Familiares de Paraipaba. Os bolsistas participaram de outras atividades como o workshop de manejo de quintais produtivos, em Paraipaba, liderado por Vilmar Lermen, da Associação de Agricultores Familiares da Serra dos Paus Dóias (Agrodóia). Outra ação, em alusão ao movimento Setembro Amarelo, envolveu estudantes da EEEP Flávio Gomes Granjeiro, em Paraipaba, com palestra da psicoterapeuta Viviane Parente e vivência de meditação sonora conduzida pela terapeuta Mayara Mell.
Saiba mais
Ao longo de três anos as bolsistas serão incentivadas a enfrentar desafios locais relacionados aos temas de água, energia e alimentação, além de se aprofundarem na computação, engenharias e ciências exatas. O projeto conta com a parceria da Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), Centro de Estudos do Trabalho e de Assessoria ao Trabalhador e a Trabalhadora (CETRA), além de escolas de ensino fundamental e médio dos municípios de Paraipaba e Itapipoca.
No município de Paraipaba, o público principal são estudantes da rede pública de ensino, especialmente da Escola Estadual de Educação Profissional Flávio Gomes Granjeiro, Escola de Ensino Médio de Tempo Integral Francisco Figueiredo de Paula Pessoa, Escola Municipal de Ensino Infantil e Ensino Fundamental Paulo Silva dos Santos e Escola Municipal de Ensino Infantil e Ensino Fundamental Complexo Escolar (Setor B).
Já em Itapipoca, a comunidade indígena Tremembé da Barra do Mundaú será o foco das ações, com um direcionamento especial ao público da Escola Indígena Brolhos da Terra, a fim de garantir a participação ativa das mulheres indígenas nas iniciativas de fortalecimento de suas atividades produtivas.
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