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BRASIL Quinta-feira, 09 de Novembro de 2017, 15:43 - A | A

Quinta-feira, 09 de Novembro de 2017, 15h:43 - A | A

LEVANTAMENTO

Monitor da Violência: dois meses e meio depois, maioria dos casos de morte violenta está em aberto

Novo levantamento feito pelo G1 mostra que os inquéritos de 761 dos 1.195 casos continuam em andamento. Não há informação sobre o status de 181 crimes; falta de transparência tem dificultado o trabalho de apuração do projeto.

G1

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Maioria dos crimes registrados segue em investigação (Foto: Alexandre Mauro/G1)

Dois meses e meio depois, 64% do total de casos de morte violenta ocorridos entre 21 e 27 de agosto no Brasil continuam em aberto e só 12% registram alguma prisão. É o que mostra um novo levantamento feito pelo G1 tendo como base todas as mortes registradas durante uma semana no país. Se forem excluídos os casos em que a polícia não informa ou que não foi possível obter o status dos crimes, o índice de casos em andamento sobe para 75% (e o de prisões, para 15%).

O Monitor da Violência é resultado de uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

 

Neste projeto, estão todos os casos de homicídio, latrocínio, feminicídio, morte por intervenção policial e suicídio ocorridos de 21 a 27 de agosto no Brasil. São 1.195 mortes registradas – uma média de uma a cada oito minutos.

Mais de 230 jornalistas espalhados pelo país apuraram e escreveram as histórias das vítimas. Agora, acompanham o andamento desses casos.

O novo levantamento revela que:

•761 casos estão em andamento (64% do total OU 75% dos inquéritos aos quais o G1 teve acesso - 1.014)

•216 casos estão concluídos

•27 inquéritos não foram nem sequer instaurados

•em 514 casos, a autoria ainda é desconhecida

•há 370 casos com o autor ou os autores identificados pela polícia (sendo 512 pessoas ao todo)

•em 141 casos, foi efetuada a prisão de um ou mais suspeitos (12% do total OU 15% se forem excluídos os casos não informados e os suicídios)

O Código de Processo Penal determina que um inquérito policial seja concluído em 10 dias quando houver prisão em flagrante ou 30 dias em caso de inexistência de prisão cautelar. Os delegados, no entanto, podem pedir um prazo maior para elucidar o caso – o que normalmente acontece.

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(Foto: Roberta Jaworski/G1)

 

Extremos

Os dados mostram a dificuldade nas investigações e a consequente lentidão dos processos e expõem o drama das famílias que aguardam um desfecho para os casos.

Mas se há, por um lado, ao menos 27 casos em que o inquérito nem sequer foi instaurado, por outro, há um caso emblemático, em que um dos crimes teve um desfecho relâmpago. Em Vilhena (RO), a morte do filho de um ex-prefeito da cidade fez a prefeitura decretar três dias de luto e gerou comoção nas redes sociais.

Dois meses depois, o suspeito, que foi preso, já foi julgado e condenado a 28 anos de prisão. Um adolescente também envolvido no crime foi apreendido e está em uma unidade socioeducativa.

O levantamento revela que, mesmo quando os autores são identificados, poucos são os casos em que eles são encontrados e presos. Mais que isso: mostra que boa parte dos suspeitos já era conhecida das vítimas (em pelo menos um terço dos casos) – e que, portanto, não houve um trabalho de investigação para chegar a eles.

Em crimes de repercussão, como em alguns dos feminicídios registrados no período, os ex-companheiros foram presos. Isso ocorreu, por exemplo, em Tupã (SP), onde Débora Goulart, que já havia registrado um boletim de ocorrência contra o ex-marido, foi esfaqueada dentro de casa, e em Serra (ES), onde Gabriela Silva de Jesus foi estrangulada pelo ex-noivo.

Já alguns estados tiveram índices ínfimos de prisão. Em Alagoas, por exemplo, onde ocorreram 39 mortes violentas, não houve nenhuma prisão. No Rio Grande do Norte, onde foram registrados 64 casos, 59 também não registraram prisões até o momento.

Para os pesquisadores do NEV-USP e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a falta de esclarecimento e punição é um dos fatores que contribuem para que os crimes continuem a acontecer.

 

 

 

 

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