Cuiabá, 27 de Julho de 2024
Notícia Max
27 de Julho de 2024

BRASIL Sábado, 19 de Junho de 2021, 08:49 - A | A

Sábado, 19 de Junho de 2021, 08h:49 - A | A

ANTICOVID

No ritmo atual, Brasil vacina 70% até dezembro

Com 989,5 mil doses por dia em média, em 5/12, o país terá vacinado com as duas doses, 70% da sua população, limiar estimado para a chamada imunidade coletiva

O Globo

Se o Brasil continuar aplicando vacinas contra Covid-19 no ritmo alcançado em junho, com 989,5 mil doses por dia em média, em 5 de dezembro o país terá vacinado plenamente, ou seja, com as duas doses, 70% da sua população: o limiar estimado para a chamada imunidade coletiva, capaz de frear a taxa de contágio da pandemia.

Apesar de ter começado a campanha com um quinto dessa velocidade e ter oscilado até aqui, especialistas acreditam que agora existem condições para que esse ritmo se mantenha e talvez seja até ampliado.

— Tendo vacina disponível, tenho certeza de que a gente consegue manter esse ritmo — afirma Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). — A campanha de vacinação da gripe está terminando agora, e vai livrar uma força de trabalho para cuidar da vacinação de Covid-19. Além disso, agora estamos vacinando por critério de idade, que é bem mais fácil de administrar do que o das comorbidades, que envolve exames, atestados.

 A disponibilidade de vacina, porém, ainda é um fator de incerteza que pode atrapalhar os planos para 2021. O cronograma atual de entregas do Ministério da Saúde daria conta de manter aplicação de 1 milhão de doses por dia, mas em meses anteriores as previsões foram revistas várias vezes.

— A previsão depende dos laboratórios. Eles são obrigados a dizer quanto vão entregar por mês, mas em função da pandemia todos eles colocaram nos contratos uma cláusula estabelecendo que não podem nem ser punidos se houver atraso. É uma situação peculiar que estamos vivendo — diz a epidemiologista Carla Domingues, que coordenou o Programa Nacional de Imunização (PNI) de 2011 a 2019.

José Cássio de Moraes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, está um pouco mais otimista com o cumprimento dos contratos.

— O risco de ocorrer problemas no segundo semestre provavelmente é menor, porque Europa, EUA e outros países ricos já terão vacinado muita gente, e pode sobrar mais vacina para entregas no Brasil — afirma o epidemiologista.

 A projeção de vacinar 70% da população até 5 de dezembro depende também da entrega de ao menos 30 milhões dos 38 milhões de unidades de vacina contratadas com a Janssen (Johnson & Johnson). Como o produto da empresa foi aprovado para uso com uma única dose, quem recebe uma aplicação já é considerado plenamente vacinado.

Se as vacinas da Janssen não chegarem todas até o início de novembro, a previsão de atingir o limiar dos 70% se move para depois do Natal, em janeiro.

Alguns especialistas acreditam que é possível vacinar ainda mais rapidamente. Um exemplo foi dado anteontem, quando o país superou pela primeira vez a marca de 2 milhões de vacinas de Covid-19 aplicadas num único dia.

— Eu sempre falei que a nossa capacidade era de 1 milhão e, pela nossa experiência, a gente poderia chegar a 2 milhões, usando essa estratégia que a gente está vendo agora, como drive-thru e vacinação extramuro — afirma Domingues.

Nas contas de Moraes, com vacina disponível, é possível acelerar a vacinação mesmo sem infraestrutura especial.

— Nós temos no país 36 mil postos de vacinação, e um vacinador consegue aplicar sem correria mais de 50 doses por dia. Muitos postos têm mais de um vacinador — diz o pesquisador. — Aplicar 2 milhões de doses por dia é uma meta tranquila, desde que exista vacina para isso e logística adequada.

Alguns fatores além do suprimento do produto, porém, preocupam os especialistas. Um deles é a lacuna relativamente grande entre pessoas que já tomaram a segunda dose e as que só apareceram para a primeira e estão fora do prazo para a segunda.

Até ontem, o Brasil havia aplicado a primeira dose em 61,8 milhões de pessoas, e a segunda, em 24,2 milhões (29% e 11% da população, respectivamente). Em todos os estados, com exceção de Roraima, mais da metade das pessoas vacinadas recebeu apenas a primeira dose.

— Isso mostra que vai chegar um momento em que a adesão da população vai ser um problema — diz Cunha, da SBIm. — O número de pessoas que não estão fazendo segunda dose e o de pessoas que já poderiam ter se vacinado e não se vacinaram já preocupam. Para a gente atingir 70% da população geral vacinada, temos que ter adesão.

Resistência dos jovens
Para Carla Domingues, à medida que se busca vacinar pessoas mais jovens, é preciso criar programas de comunicação mais poderosos, porque o público mais jovem é mais refratário às mensagens de vacinação.

— A maioria dos idosos hoje conviveu com doenças imunopreveníveis muito de perto no passado. Eles viram casos de pólio, de sarampo e sabem da gravidade das doenças — diz a epidemiologista. — As gerações mais novas, beneficiadas pela vacina, acreditam mais facilmente em fake news.

O público jovem é um dos alvos da aplicação de doses que sobram em frascos abertos no fim do dia, conhecida como “xepa” das vacinas. A prática tem sido regulada por alguns municípios brasileiros. Anteontem, a Secretaria de Saúde de São Paulo autorizou que pessoas com mais de 18 anos sem comorbidades se cadastrem para receber tais doses.

CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.

0 Comentários