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BRASIL Sexta-feira, 06 de Junho de 2025, 07:49 - A | A

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depoimento

Zambelli, Eduardo e Trump: o que Bolsonaro disse à Polícia Federal

Oitiva faz parte do inquérito aberto para esclarecer se o filho do ex-presidente atua contra o prosseguimento da ação penal da tentativa de golpe de Estado

O Globo

O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou na quinta-feira que transferiu “bastante dinheiro legal” para o filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está morando nos Estados Unidos. Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal (PF) sobre a suposta articulação de Eduardo para obter sanções contra autoridades brasileiras junto ao governo de Donald Trump.

A oitiva faz parte do inquérito aberto para esclarecer se o filho do ex-presidente atua contra o prosseguimento da ação penal da tentativa de golpe de Estado, na qual o Bolsonaro é réu.

 

— Eu botei R$ 2 milhões na conta dele, ok? Lá fora tudo é mais caro. Eu tenho dois netos, um de quatro e outro de um ano. Ele está lá fora, eu não quero que ele passe por dificuldade. É muito, é bastante dinheiro. Lá nos Estados Unidos pode não ser nem tanto, né? São 350 mil dólares, mas eu quero o bem-estar dele e graças a Deus eu tive como depositar dinheiro na conta dele — disse Bolsonaro ao sair da sede da PF, em Brasília.

A oitiva durou cerca de duas horas. Segundo o ex-presidente, o montante veio dos R$ 17 milhões que ele recebeu de apoiadores via pix, em 2023. Na ocasião, os aliados de Bolsonaro fizeram uma campanha financeira para pagar as multas recebidas por ele durante a pandemia de Covid-19.

O ex-presidente também aproveitou para defender o filho e dizer que ele não está fazendo “nenhum trabalho de lobby” no exterior.

— Não é lobby, são fatos, que atentam contra os direitos humanos e à liberdade de expressão. O trabalho que ele faz lá é por democracia no Brasil — acrescentou Bolsonaro.

Ao lado do ex-mandatário, o advogado Paulo Bueno frisou que as eventuais sanções por parte do governo Trump podem ser aplicadas por outros motivos que não têm relação com o processo sobre o golpe, como o bloqueio de contas na rede social X.

Em relação ao inquérito de Eduardo, a PF apura os supostos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Na investigação, Bolsonaro foi citado como o beneficiário direto das ações do filho e por ter declarado que seria “o responsável financeiro” pela estadia dele em solo americano. O ex-presidente confirmou essa situação aos investigadores. Perguntado se as as ações de Eduardo tinham a finalidade de beneficiar a sua situação jurídica no processo da tentativa de golpe ou influenciar em investigações em curso, Bolsonaro também negou.

Em seu depoimento, Bolsonaro reconheceu, porém, que teve uma reunião com o Conselheiro Sênior do Departamento de Estado dos Estados Unidos para o Hemisfério Ocidental, Ricardo Pita, em 6 de maio. Questionado sobre o teor, o ex-presidente não detalhou a conversa e afirmou que essa foi uma conversa de “teor reservado”.

O inquérito é relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, que conduz a ação penal contra Bolsonaro por suposto envolvimento em plano golpista.

O ex-presidente também afirmou na quinta-feira não ter “nada a ver” com a situação de Carla Zambelli (PL-SP), deputada federal considerada foragida após sair do país com uma condenação a 10 anos de prisão por invasão a sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Desde as eleições de 2022, Bolsonaro e a parlamentar estão com a relação estremecida. Zambelli teve a prisão decretada por Moraes após anunciar que havia deixado o Brasil. O ex-presidente frisou ainda que não fez “nenhum Pix” para ela.

‘Bom réu’
No STF, ministros não veem como provável a adoção, por parte do ex-presidente, de um caminho similar ao escolhido por Zambelli. Magistrados avaliam como remota a chance de que o antigo mandatário opte por uma fuga para o exterior. A postura do ex-presidente é vista como cautelosa. Para alguns magistrados, Bolsonaro é um “bom réu” e respeita os trâmites da Justiça.

Um exemplo apontado é o fato de Bolsonaro ter acompanhado quase todos os depoimentos das testemunhas de acusação e defesa ouvidas ao longo de duas semanas da ação da trama golpista. As oitivas ocorreram por videoconferência, e os acusados, assim como advogados e o Ministério Público podiam participar. A imagem do ex-presidente à frente da webcam pode ser vista após a divulgação dos vídeos pelo STF.

 

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