A Escola Municipal de Educação Básica (EMEB) Silva Freire, localizada no bairro Itapajé, em Cuiabá, é uma referência na qualidade de ensino destinada aos estudantes com autismo e outras neurodivergências. Cada criança dispõe de apostilas individualizadas adaptadas às suas necessidades.
Os professores desenvolvem apostilas personalizadas para cada um dos PCDs (Pessoas com Deficiência), incentivando assim a qualidade do ensino pelos critérios de equidade. Por exemplo, uma criança autista tem uma apostila personalizada com sua foto, na qual é retratada como personagem de desenho animado, super-heróis, personagens de jogos de videogame e até pilotos de Fórmula 1.
A partir daí, é incentivado a treinar as letras do alfabeto a partir da identificação de objetos, desenvolver palavras complexas a partir de desenhos que possam estimulá-la pela aprendizagem e outras atividades.
A Escola Silva Freire tem 420 alunos matriculados, divididos em dois turnos (matutino e vespertino). Desses, 25 são diagnosticados com PCD (Pessoas com Deficiência), incluindo dois alunos com Síndrome de Down, cadeirantes e outros com autismo e outras neurodivergências. A unidade tem banheiros adaptados para PCDs.
O diretor da escola, professor Sérgio Lacerda, revela que a direção pedagógica também inclui a participação da família na elaboração do material escolar dessas crianças, o que, em sua avaliação, contribui positivamente para o bom desempenho escolar.
“A escola tem o método de fazer um trabalho individualizado e personalizado com cada estudante PCD. Os materiais são elaborados pelos professores a partir da necessidade de aprendizagem específica dos alunos, de acordo com a realidade de cada um. Na fase de elaboração do material, a família é convidada para avaliar os materiais e fornecer sugestões. Essa união da escola com a família sempre atrai bons resultados nos boletins escolares”, afirma.
A coordenadora Gisele de Figueiredo Taques revela que essa produção específica, de acordo com as necessidades do aluno, surgiu a partir de uma demanda individual. Porém, foi considerada tão exitosa que acabou expandida para todos os alunos PCDs.
“Registramos avanços significativos. A partir desses materiais, tivemos avanços na oralidade, coordenação motora e identificação das letras dos nomes. São personagens que as crianças gostam, o que é atrativo para as escolas”, pontua.
Reconhecimento
A agente de saúde Juliana Vieira Lenza é mãe do estudante Pedro Emanuel Lenza, 7 anos, diagnosticado com autismo. Ela agradece o apoio dos professores e técnicos da Escola Silva Freire pela dedicação na produção das apostilas personalizadas, pois avalia que houve avanços notórios na aprendizagem do filho.
“São muitos avanços. O autismo do Pedro foi desconfiado com 8 meses. Ele não costumava olhar nos olhos. Também era não verbal. Ele faz terapia desde os dois anos. O que a escola proporciona é maravilhoso. Esse material é levado para casa e meu filho fica muito contente e satisfeito. Nós interagimos com as atividades. Esse trabalho tem gerado avanço na fala e nos pequenos gestos, como sorrir”, destaca.
Inovação
A professora Karla Darci, especialista em mídias digitais para a educação, explica como surgiu a ideia das apostilas personalizadas, que usam lâminas, velcro, tinta de impressora e outros materiais.
“Nós estamos verificando uma ascendência de alunos neurodivergentes na escola. É disponibilizada a cuidadora, mas não documentos pedagógicos específicos para alfabetização. Pesquisei na internet, em âmbito nacional e internacional, para verificar o que poderia ser feito para a aprendizagem das crianças.”
Ela revela que o diálogo com a família e as cuidadoras são peças-chave para o êxito da ação. “Cada apostila é trabalhada, conversada com a CAD e a família. É feita toda uma colheita de informações a respeito das preferências da criança. Fazemos todo o design das apostilas. São materiais exclusivos e personalizados, que sofrem alterações quando o aluno avança de ano. Ele pode levar para casa quando deixar a escola.”
“Nós ensinamos as crianças autistas a brincar. Muitos não sabem o que é brincar. Aqui, temos uma organização individual e coletiva para o bem-estar da criança”, completa o diretor Sérgio Lacerda.
Inclusão e estrutura
Além das apostilas personalizadas, os estudantes PCDs da Escola Silva Freire têm a oportunidade de participar da sala multifuncional em até duas horas por semana, sempre em contraturno. Ou seja, quem estuda de manhã pode frequentá-la à tarde e vice-versa.
Essa sala complementa ou suplementa o ensino regular, trabalhando em parceria com o professor da turma para remover barreiras, promover autonomia e garantir o desenvolvimento do aluno, utilizando tecnologia assistiva, atividades personalizadas e materiais pedagógicos.
No espaço da Escola Silva Freire, estão disponíveis aramados em formato ondular, montanha-russa e ondulados. Há também jogos pedagógicos (xadrez e jogos vinculados à alfabetização de Português e Matemática) para trabalhar a coordenação motora, sensorial e o raciocínio lógico.
Cada sala de aula regular dispõe de rede de internet com fibra óptica, data show, impressora e caixa de som. Há também salas de recomposição da aprendizagem que dão auxílio aos estudantes que eventualmente venham a registrar dificuldades em algumas disciplinas.
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