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CIDADES Sexta-feira, 11 de Novembro de 2022, 08:47 - A | A

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sem fins lucrativos

Recursos das cantinas custeiam remédios, manutenção e melhorias nas unidades prisionais

Na PCE e na Mata Grande, as associações construíram e equiparam padarias que empregam e remuneram reeducados

Da Redação

Criada em 2014, a Associação dos Servidores da Penitenciária Central do Estado (Aspec) é hoje responsável pela gestão da maior cantina dentro de uma unidade prisional do estado de Mato Grosso. Sem fins lucrativos, toda a receita adquirida com a compra e a venda de produtos para os reeducandos é revertida para melhorias dentro da unidade, desde pequenos reparos estruturais até a construção de novas instalações, manutenção de equipamentos e a remuneração dos reeducandos que trabalham dentro da Penitenciária Central do Estado (PCE).

O atual presidente da Aspec, Leonardo José Santos Lopes, explica que sem a associação as condições dos reeducandos e da própria unidade seriam inimagináveis. De acordo com ele, a receita oriunda da cantina, que presta conta das movimentações ao Ministério Público Estadual (MPE) sempre que solicitado, é destinada para manter em funcionamento a unidade, direcionando recursos inclusive para a compra de medicamentos para reeducandos sem condições financeiras.

“Com o lucro obtido na comercialização dos produtos vendidos pela Aspec foi possível reformar e construir uma nova estrutura com duas salas, dois banheiros e uma grande área onde será instalada a academia para os servidores. Além disso, surgem pequenas situações emergenciais que temos que tomar frente, para o bem-estar dos próprios reeducandos, como o abastecimento da farmácia e até mesmo a compra de fraldas para detentos acamados”.

Além das melhorias na infraestrutura e na manutenção da unidade, a Aspec é a responsável pela remuneração de aproximadamente 30 reeducandos que trabalham na padaria, serralheria, marcenaria e na própria cantina. De acordo com Lopes, os reeducandos recebem salário mensal de R$ 1,2 mil e podem escolher entre ficar com este valor como crédito na própria cantina ou enviar o valor ou parte dele à família.

“Nossa produção na marcenaria e serralheria é toda doada, bancos, mesas, cadeiras, tudo que é produzido aqui é doado. Já na padaria, que foi construída e totalmente equipada com recursos da Aspec, e que conta com dois fornos industriais, cinco freezers e todo equipamento necessário para seu funcionamento, produz pães e bolos que são servidos aos reeducandos que trabalham nessas áreas e para os policiais penais e servidores da unidade”, explica.

O presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso (Sindspen-MT), Amaury Neves, reforça a importância do trabalho realizado pelos policiais penais nas cantinas. “Todo trabalho é feito com muita seriedade e segurança, todo material é minuciosamente revistado ao ser enviado aos reeducandos. Além disso, toda movimentação é devidamente registrada com emissão de comprovantes”, pondera.

Sistema informatizado

Leonardo conta que toda compra e venda é registrada em um sistema informatizado comprado pela associação. Neste sistema todo reeducando possui uma conta, que recebe créditos de seus familiares e que é utilizado para uso na cantina. Uma vez por quinzena, os reeducandos que desejarem enviam uma lista de compra com os itens que desejam, os reeducandos que trabalham na cantina separam os itens e fecham a compra, o valor total é debitado do saldo e enviado à cela.

Mata Grande

Na Penitenciária Major PM Eldo Sá Corrêa (Mata Grande), em Rondonópolis, a cantina é gerida pela Associação da Penitenciária de Rondonópolis, e assim como a da PCE, tem como objetivo aplicar os recursos em melhorias nas instalações da unidade e atender necessidades especiais dos reeducandos sem condições de arcar com os custos.

De acordo com o diretor da Associação, Ailton Ferreira, os resultados obtidos na cantina ajudaram na construção da padaria que funciona na unidade e na reforma do alojamento dos servidores. “Nossa padaria produz aproximadamente 700 pães por semana, todos os policiais penais, servidores e reeducandos que trabalham na unidade tomam café da manhã e fazem o lanche da tarde com o pão feito na nossa padaria”, pontua.

Ferreira conta ainda que toda a compra de material de higiene, limpeza e de escritório de necessidade da unidade é feita pela associação. “Até mesmo a internet foi viabilizada com recursos oriundos da cantina, como ficamos distante do centro da cidade a internet era via rádio, conseguimos trazer para cá com fibra óptica, para atender as demandas como a realização de videoconferências, que aumentaram muito recentemente. Sem contar o abastecimento da farmácia, temos reeducando com problema renal e que não têm condições de arcar com os custos da medicação, então a associação compra esse remédio e deixa disponível na farmácia”, explica.

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