O anúncio dos Estados Unidos na semana passada, que retirou a tarifa de 40% de alguns produtos brasileiros, trouxe alívio especialmente para exportadores de café e carne. No entanto, o setor manufatureiro, que ficou de fora das medidas, segue na expectativa por avanços.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e vice-presidente da República Geraldo Alckmin, afirmou nesta terça-feira (25) que a próxima etapa das negociações com o governo americano será reduzir tarifas que ainda afetam produtos industriais.
Alckmin participou do Encontro Empresarial Brasil-Estados Unidos 2025, promovido pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), em São Paulo.
Segundo ele, apesar dos avanços recentes nas negociações com o governo americano, o setor manufatureiro continua sendo o maior desafio na relação comercial entre os dois países.
“Próximo passo é trabalhar para excluir ainda mais produtos [do tarifaço] e reduzir alíquotas, especialmente na área de manufaturas — máquinas, motores, produtos industrializados, madeira, alimentos, mel e outros, que ainda não foram contemplados", disse Alckmin.
O ministro reforçou que grande parte dos itens industriais brasileiros permanece no tarifaço ou com alíquotas altas, enquanto os produtos americanos já entram no Brasil com tarifas muito mais baixas.
De acordo com Alckmin, é necessário retirar mais itens industriais do tarifaço de Trump e seguir reduzindo as alíquotas, para recuperar competitividade. "O trabalho agora será redobrado. Estamos avançando em questões tarifárias e também em temas não tarifários", afirmou.
O vice-presidente destacou que o governo seguirá trabalhando para retirar mais itens do tarifaço e reduzir tarifas de exportação. "Toda a nossa orientação segue baseada no diálogo e na negociação. Estamos avançando gradualmente e queremos acelerar esse processo", disse o ministro.
Novas frentes de negociação
Além da agenda tarifária, Alckmin afirmou que o Brasil e os Estados Unidos também devem avançar em novas frentes de negociação consideradas estratégicas para ambos os países.
Segundo o ministro, há temas relevantes em andamento que não envolvem tarifas, mas que podem destravar investimentos e ampliar a integração econômica. Entre eles, Alckmin destacou:
Biocombustíveis: o ministro afirmou que o questionamento regulatório envolvendo produtos americanos está “praticamente resolvido”, abrindo espaço para maior previsibilidade no setor;
Data centers: O programa Redata, que aguarda votação no Congresso, foi criado pelo governo para incentivar a instalação de data centers no Brasil. Alckmin disse que o país tem vantagem competitiva devido à energia abundante e renovável;
Terras raras: Segundo Alckmin, o tema é considerado estratégico e pode avançar por meio de diálogo e parcerias tecnológicas com os EUA;
Economia digital e Big Techs: apontado como outro eixo de discussão entre os dois países, com potencial de ampliar investimentos e cooperação regulatória.
“Há questões tarifárias e não tarifárias em debate. Temos temas importantes como data centers, terras raras e economia digital que também precisam avançar”, afirmou Alckmin.
EUA retiram tarifas de 40% de alguns produtos brasileiros
Os EUA anunciaram na última quinta-feira (20) a retirada da tarifa de 40% de alguns produtos brasileiros. A decisão foi publicada pela Casa Branca. (veja a íntegra do documento)
A medida beneficia carne bovina, café, açaí, cacau e diversos outros produtos. São mais de 200 itens que foram acrescentados à lista anterior de quase 700 exceções ao tarifaço imposto ao Brasil.
A retirada da tarifa vale para produtos que chegaram aos Estados Unidos a partir de 13 de novembro e coincide com a reunião entre o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, quando o tema foi discutido.
Na semana passada, o governo Trump já havia reduzido as tarifas de importação de cerca de 200 produtos alimentícios, para vários países. No caso do Brasil, a alíquota havia caído de 50% para 40%.
Agora, itens como café, carne e frutas, incluídos nas duas decisões recentes, voltaram às taxas de exportação praticadas antes do tarifaço anunciado por Trump.
A nova decisão dos EUA, diferente da ordem executiva global do dia 14 de novembro, vale exclusivamente para o Brasil.
No documento, Donald Trump cita a conversa telefônica com o presidente Lula, em 6 de outubro, e afirma que a retirada das tarifas é resultado direto das negociações entre os dois governos. O governo brasileiro comemorou a medida.
Lula disse estar “muito feliz” com a redução das taxas e afirmou que continuará buscando “diálogo e racionalidade” para eliminar as tarifas que ainda permanecem sobre produtos brasileiros.
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