A cantora Daniela Mercury apresentou uma queixa na Justiça contra o deputado estadual da Bahia pastor sargento Isidório (PSC) após o parlamentar ter publicado um vídeo com ofensas contra a artista.
No vídeo, o pastor chama Daniela de "escrava de satanás", "puta", "endemoniada", entre outras injúrias. O deputado afirma que a cantora está com "problema de psiquiatra" e desrespeita os símbolos sagrados ao dizer que Jesus é gay, fazendo "sindicato da viadagem".
Em outro ponto do vídeo, o pastor diz que já foi gay, mas conheceu Jesus e sua vida foi transformada. Ele segue dizendo que "borracha não é pênis" e sexo deve ser feito "com pênis e vagina", condenando relações homossexuais. O ataque teria sido motivado pelas críticas feitas por Daniela Mercury dias antes pelo cancelamento, pelo governo de Pernambuco, da apresentação da peça "O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu", no Festival de Inverno de Garanhuns, onde Jesus seria interpretado por uma atriz transexual.
Em show no mesmo evento, em 21 de julho, ela classificou a decisão de censura e "ignorância absurda".Ao F5 da Folha de S.Paulo, Daniela classificou os comentários do pastor de ofensas descabidas e disse que o que motivou a queixa na Justiça foi o ataque à comunidade LGBTI e ao amor entre pessoas do mesmo sexo.
"Em mais de 30 anos de carreira e, com todos os posicionamentos que tive na luta por direitos humanos e pelas minorias, nunca fui ofendida de tal maneira".
Ela disse ainda que, ao lado se sua mulher, Malu Verçosa, construiu uma família em que ensinam respeito, tolerância e solidariedade com todos. "Tratar o meu relacionamento daquela forma é uma ofensa a todos que como eu se apaixonam e amam uma pessoa do mesmo sexo."
A cantora nega ainda que tenha dito que Jesus é gay e alega que foram feitas montagens com o vídeo de suas críticas para forjar a comparação. "Não era uma manifestação religiosa e sim uma fala indignada contra a censura artística de uma peça teatral."
O advogado criminalista Ricardo Sidi, que representa a cantora, apresentou a queixa no último dia 1º, na 1ª Vara do Sistema dos Juizados Especiais Criminais do Fórum de Nazaré, na Bahia. O documento alega injúria com causa de aumento de pena por ter sido praticada na internet, o que leva a atingir mais pessoas.Segundo Daniela, o vídeo repercutiu nas redes sociais do pastor e de apoiadores dele, além de canais do YouTube.
"Hoje, mais de 3 meses depois da divulgação, ainda sou agredida diariamente pela situação que ele criou. As pessoas não vão procurar a verdade. Acreditam no que chega no WhatsApp delas. E o que chegou e se propagou foi a fala do deputado porque foi produzida para tal fim."
O advogado Sidi lembra ainda que, em abril, o Supremo Tribunal Federal mudou a regra do foro privilegiado de deputados e senadores e determinou que só permanecerão no STF os processos cujos crimes ocorreram durante o mandato do parlamentar e que estejam ligados às funções do cargo. Como as ofensas do pastor Isidório contra Daniela Mercury não têm relação com seu cargo público, o caso foi enviado à primeira instância.O caso aguarda julgamento. Procurado pelo F5, o pastor Isidório não respondeu.
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