Junior mergulhou em sua faceta pop com o lançamento do álbum “solo (vol. 1)” no ano passado. Sete meses depois, ele expande o universo com a chegada de “solo (vol. 2)” nesta quinta (21/5). Com 11 faixas e dois interlúdios, ele agora flerta também com rock e soul, mas sempre dentro de uma roupagem pop. É um álbum comum clipe peladão e uma participação especial de Gloria Groove, afinal.
Quando lançou “Seus Planos”, primeiro single do álbum novo, Junior sabia que causaria algum alvoroço com o momento de nudez do clipe. “Agora eu já não tenho a timidez. Agora só faço piada mesmo para dar risada”, ele diz ao POPline. Mas esse é o máximo que podem esperar de sensualidade dele. Junior não teme vazamentos de verdadeiros ‘nudes’, porque não os manda.
“Não, não mando,” afirma. Nunca mandou, Junior? “Ah, quando moleque, talvez. Mas a Internet nem era a Internet ainda. Eu fui um moleque precoce. Quando eu já tinha celular com câmera, tive algumas historinhas assim, algumas troquinhas assim, mas nada muito significativo, não. Eu já fui esse moleque solto, né?” brinca o artista que, além de cantar, compôs, produziu, e tocou bateria e guitarra no álbum.
“Mas agora casado, ficar mandando foto minha pelado pra Mônica? Ela ia falar: ‘tá, cadê a novidade?’ (risos)”, faz piada.
Mônica foi uma das primeiras ouvintes das músicas novas do Junior. Faixas como “Seus Planos” e “Dá Pra Ser Leve”, aliás, refletem um período de crise no casamento. “Eu e Mônica quase nos separamos, passamos por dificuldades”, Junior se abre. A crise ocorreu durante o período de isolamento social causado pela pandemia do coronavírus. O casal, acostumado a viajar o mundo com relativa frequência, se viu preso em uma chácara em obras em Campinas, no interior de São Paulo.
“Na pandemia, ficou difícil pra tudo quanto é casal né? E a gente viveu fatores de estresse ainda maior, que aumentaram, potencializaram muito o estresse”, lembra o cantor, “A obra no sítio virou um caos…. Imagina que absolutamente todos os fornecedores de todas as áreas, de todas as questões de uma reforma…. tudo começou a dar errado. A gente teve que trocar toda a equipe, arquiteto, tudo. Aí a gente começou a virar uma pilha de nervos. Ficamos meio intolerantes, saca?”.
Terminada a pandemia, a chácara ficou para trás. Junior e Mônica, casados desde 2014, voltaram para São Paulo. “Minha vida está toda aqui”, justifica. A família até cogitou se mudar para Los Angeles antes da crise sanitária, mas desistiu da ideia. “Cena de Filme”, uma das músicas novas, tem esse título por conta disso.
Junior com “Fome” de Gloria Groove
É a música com Gloria Groove, no entanto, que promete chamar a atenção com o lançamento do álbum novo. Junior pensou na drag queen assim que criou a canção, intitulada “Fome”. “É a cara dela”, explica. Ele fez o convite para Gloria nos bastidores de uma gravação do “Caldeirão com Mion”, no ano passado.
A ideia inicial era que “Fome” fosse o primeiro single, mas Junior não a achou “no tom certo do momento que a gente está passando”. Ele cita, por exemplo, as calamidades no Rio Grande do Sul para justificar seu ponto.
Mas fato é que os dois deram liga. “É uma admiração mútua,” fala. Em termos de trabalhos remotos, eles fizeram questão de se encontrar no estúdio para a gravação do “feat”. Gloria Groove escreveu o rap dela em cinco minutos – com uma referência a “Dig Dig Joy” e tudo.
“Será que vai ser sempre assim?”
Esse não é o único mimo para os fãs de Sandy e Junior. A música que encerra o álbum, “Será Que Vai Ser Sempre Assim?”, reflete as fortes emoções que Junior enfrentou durante a “Turnê Nossa História”, que esgotou ingressos em estádios em 2019. A letra parte de uma noite que ele virou em claro no quarto de hotel após um show em Brasília.
“E toda essa adrenalina tira o sono / já são 5h da matina / e eles dizem ‘tô aqui só pra te ver’,” canta o multiartista.
Naquela noite, músicos, bailarinos, empresários, equipe técnica e criativa fizeram um “after” do show no posto de conveniência em frente ao hotel. Junior foi chamado, mas não desceu. “Não estava num estado de espírito tão pra fora”. Ele tinha muito o que assimilar. Era só o início da turnê e eram muitas emoções incomuns para digerir. “Eu realmente precisava de uma experiência assim [recluso no quarto]”, pontua.
“Aquele dia foi maravilhoso. Mas é que a vida não é só isso, né? Tem os altos e baixos. Tem o contraste, sabe? O quanto daquilo é real na minha vida, o quanto aquilo é um momento, o quanto é minha vida ou está sendo minha vida, sabe assim? Você está vivendo maravilhas, mas coisas boas e ruins continuam existindo na vida pessoal. Como lidar?” conclui.
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