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ESPORTE Terça-feira, 15 de Dezembro de 2020, 08:20 - A | A

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Com "transição rotativa", base do Atlético-MG concilia resultados

Clube tem como prioridade o fornecimento de atletas ao time de cima - através da equipe de sparring -, mas, ainda assim, tem tido vitórias no sub-17 e sub-20 Por Guilherme Frossard — Belo Horizonte

Globo Esporte

Desde o início desta temporada, o Atlético-MG tem, entre a categoria sub-20 e a profissional, uma equipe de transição. Ela é formada quase que na totalidade por jogadores de destaque dos times sub-20 e sub-17, além de alguns atletas que já estouraram idade de sub-20, mas que o clube entende que merecem ser observados por mais tempo.

O projeto, idealizado pelo clube e pela comissão técnica de Jorge Sampaoli, faz com que o time principal tenha sempre um grupo de "sparring" para treinamentos e, em caso de necessidade, jogos. E esse apoio à equipe principal é o foco do departamento de formação do Atlético. Esse formato, "esvaziando" as categorias inferiores, tende a enfraquecer as equipes sub-17 e sub-20, já que seus destaques sobem para a equipe de transição. A tendência, porém, não tem se confirmado, e o Galo tem conseguido conciliar desempenho na base e apoio ao profissional.

Desde o mês de setembro, como noticiou o ge na ocasião, a equipe de transição tem sido formada por um elenco "rotativo". Significa dizer que o grupo que serve de apoio ao time de Sampaoli está em constante mudança. Destaques das categorias inferiores circulam entre a base e a equipe de "sparring", e é justamente esse formato que tem dado bons resultados. Junior Chávare, diretor das categorias de base do Galo, avaliou.

- Tínhamos feito um planejamento, em 2019, pra que tivéssemos uma equipe sub-20 e uma equipe sub-17 bem preparadas e reforçadas. (...) Isso foi o que nos deu uma vantagem, apesar de todas as dificuldades. Em cima da relação que existe com a equipe de transição e com o Carlos Desio, representante do Sampaoli no processo, a gente conseguiu organizar de tal forma que, por mais que a gente tivesse sempre em torno de 15 (jogadores do) sub-20 e 10 (jogadores do) sub-17 trabalhando na transição, a gente conseguiu manter a qualidade (nos times de base) com o que a gente tinha de quantidade. Eu esperava que a gente fosse competitivo. Só que conseguimos alguns encaixes rápidos, principalmente no sub-20, que antecipou formatos de jogo e conseguiu (jogar bem).

O sub-20 atleticano, de fato, faz ótima temporada. É o líder do Brasileirão da categoria e está na semifinal da Copa do Brasil (empatou o jogo de ida, em BH, com o Vasco, por 1 a 1). O sub-17 já foi eliminado do Brasileiro, mas está nas quartas da Copa do Brasil. 

A rotação no elenco da equipe de transição, que acaba favorecendo os times de base, foi feita com aval de Jorge Sampaoli.

- Não é o perfil que o Sampaoli usou nas outras passagens que ele teve, mas houve um entendimento com o Carlos Desio que era uma solução mais equalizada para 2020. Isso foi aceito, houve essa generosidade por parte da comissão técnica em entender isso. É um fator que acabou motivando muitos atletas.

Nos últimos dias, a circulação de atletas entre a base, a equipe de transição e o profissional pôde ser observada na prática. No dia 25 de novembro, por exemplo, Talison e Wesley (entre outros garotos) ajudaram o Atlético na vitória sobre o Botafogo, por 2 a 1, pelo Brasileirão. Dias depois, na última quinta-feira, os dois foram titulares no empate do Galo com o Vasco, na Copa do Brasil sub-20. Se por um lado essa situação pode atrapalhar no entrosamento das equipes de base, ela pode, na avaliação de Junior Chávare, auxiliar no aprendizado e na evolução dos atletas jovens.

- Mesmo tendo desfalques pelo atleta estar na transição, quando esse volta pro sub-20, ele volta com conceitos bem lapidados. Você pode perder um pouco de entrosamento, perde um pouco de planos táticos, mas ganha em outros, que é a vivência com a equipe principal, enfrentamento com jogadores mais pesados.

Outras respostas de Junior Chávare
A transição com elenco rotativo será mantida em 2021?

- Esse é o detalhe: acabou havendo uma boa vontade muito grande por parte da comissão técnica do Sampaoli em entender que 2020 é um ano de transição. Ano que vem vai ser redesenhado, pode ser que tenhamos outras situações, pode ser que a gente seja um pouco mais radical na utilização desses jogadores na transição, e a base fique com jogadores mais novos nas suas categorias. Daqui a pouco você vai jogar o sub-20 só com sub-18, vai jogar o sub-17 só com sub-16, enquanto os melhores vão estar lá em cima. Não há problema nenhum. Neste ano, por entendimento comum, fizemos um meio a meio. Usando muito dos conceitos que o Sampaoli sempre quis usar no sparring, mas ao mesmo tempo conseguindo deixar pelo menos deixar um pedacinho desses atletas de grande destaque para dar uma sustentação mínima pra equipe fazer campanhas boas. Por enquanto está dando certo.

Um atleta que fica uma temporada inteira na equipe de transição não sofre com a falta de jogos?

- Acho que no ano que vem isso vai ficar mais tranquilo. O sparring poderia estar fazendo 25, 30 jogos por ano, com amistosos importantes. Vai pra São Paulo, faz dois, três amistosos e volta. Vai pra Argentina, faz cinco amistosos e volta. Isso estava organizado. O problema é que, quando você faz isso, você perde controle da pandemia. A gente não teve condição de dar jogo pro sparring, que é o que faltou. Se tivéssemos condição de ter feito amistosos durante 2020, o projeto estaria completamente sacramentado. Teríamos tido rodízio, oportunidade de jogar na base, treinar com o profissional, sair pra fazer amistosos. O jogador teria tido uma vivência durante o ano que completaria pra ele várias variáveis. A variável que faltou foi o jogo, o enfrentamento com outras equipes, que é o que dá motivação pra outras equipes. Mas isso era impossível nesse momento, em função da segurança.

Planos da base para as próximas duas temporadas

- No próximo ano, vamos ter uma safra de jogadores de último ano, estourando idade (de sub-20). A geração 2004 consolidada, a geração 2005 chegando. Este ano é um ano que a gente estava planejando uma semeadura muito forte, pra começar o processo de colheita em 2022. Em 2020 a gente está semeando, em 2021 vamos cuidar e começar a colher alguns frutos, pra 2022 ser um ano de colheita efetiva. A pandemia deu pra nós um problema muito grande, só que o Atlético foi um dos clubes que melhor soube conduzir esse momento crítico. A gente vai ter uma perda em relação ao que a gente imaginava, mas vão ser infinitamente menores do que em outros clubes.

Destaques da base começando a aparecer

- Por exemplo: já apresentamos ao mundo o Sávio. Já foi pro banco semana passada o Caio Ribas. Temos uma safra inteira de jogadores de 16 anos sendo preparados. Foi o Rubens, já jogou o Wesley, jogou o Talison, jogou o Gustavo Henrique, já tivemos o Isaque no banco. O Calebe jogando. No jogo contra o Botafogo, no banco, com exceção do Marrony, todos os demais eram da transição. E a transição tem uma coisa muito interessante: apenas dois atletas não têm idade de base: o Gustavo Henrique e o Samuel Toscas. Você tem 25 atletas com idade de base, que poderiam estar jogando ou no sub-17 ou no sub-20. É muito jogador. Se está lá, tem qualidade. E estão conseguindo mostrar rendimento.

Avaliação dos atletas da base que foram usados por Sampaoli no time de cima durante o surto de Covid-19 no Atlético

- O Talison fez duas partidas muito boas, uma oscilada que é normal, um jogo difícil. O Wesley entrou e fez 20 minutos que você percebe que é um jogador que enche o meio de campo. O Gustavo Henrique entrou por cinco, seis minutos, mas entrou com tranquilidade. O Calebe eu às vezes até esqueço, porque pra mim já está tão no profissional, mas é um jogador que foi esse ano. O Sávio a gente não teve mais oportunidade (de ver jogar), em virtude da Covid, porque era um momento pra ele ser mais aproveitado. Mas o jogador, hoje, quando chega na equipe principal, chega com o espírito do Galo. Isso eu posso garantir pra torcida. Ele chega com o espírito muito claro, sabe o que ele tem que fazer lá. A oscilação vai acontecer. Perde um jogo, um jogo mais ou menos, um jogo não tão bom, depois volta, faz um, dois jogos bons, até se firmar. Não tem jeito.

Elogios dos jogadores profissionais aos garotos

- Quando eu voltei agora (depois do afastamento pela Covid-19), conversando com os atletas da equipe principal, todos disseram: "Pô, a molecada está pronta, a molecada foi bem, parabéns". Quando isso vem de jogadores consagrados, é muito gratificante. Todos eles viveram isso há alguns anos, essa transição de base pro profissional. Eles sabem a dificuldade que o jogador sente. Mas é aquela coisa: dificuldade tem, mas tem potencial. Estão preparados. Essa mensagem a gente conseguiu gravar: a base do Atlético está preparada pra ser utilizada.

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