Pela primeira vez em 10 jogos, o Flamengo terminou uma partida sem sofrer gols. A estatística, sozinha, fria, traz mais alívio do que esperança, mas é a primeira tradução de uma ligeira evolução rubro-negra em sua defesa.
A vitória por 1 a 0 sobre o Botafogo mostrou um time que, se ainda não é totalmente seguro atrás, parece mais ajustado com Rodrigo Caio. Contra o Racing já era possível notar alguma evolução até que o zagueiro foi expulso e Gustavo Henrique falhou clamorosamente no gol de Sigalli.
Mas o desempenho no clássico confirmou um acerto melhor, em um jogo controlado na maior parte do tempo, apesar da expulsão de Gustavo Henrique no fim do jogo - mais uma falta tática do que um erro que poderia ser evitado. A evolução pode ser vista até mesmo a partir do ataque - e a marcação alta foi outro aspecto decisivo na vitória, como veremos mais abaixo.
Excesso de cruzamentos
A questão é que a evolução na defesa surgiu no mesmo jogo em que o setor ofensivo do Flamengo mostrou-se inexplicavelmente limitado. Foram 22 cruzamentos - 18 deles só no primeiro tempo - em todo o jogo, um indicativo de que a estratégia de toque de bola e aproximação não funcionou no clássico.
O Flamengo encontrou um Botafogo extremamente recuado, apostando nos contra-ataques. A maior parte do jogo se baseou nos jogadores rubro-negros rondando a área alvinegra, girando a bola e procurando espaços, até recorrerem a um cruzamento.
É um repertório pobre por si só, e amplificado quando se analisa a qualidade técnica à disposição do Flamengo. Um exemplo foi a utilização de Filipe Luis. O veterano mostra seu melhor quando joga mais como armador do que propriamente lateral, ajudando na criação. Diante do Botafogo, viu-se obrigado a atuar aberto, indo à linha de fundo e forçando cruzamentos, sendo exigido ainda mais fisicamente.
Pressão: o melhor camisa 10
A maior sacada de Rogério Ceni para resolver o jogo foi apostar ainda mais na marcação por pressão. Após o jogo, o técnico revelou que trabalhou bastante este aspecto nos dias anteriores ao clássico. Foi a partir daí que saiu o gol da vitória, com Gerson interceptando um passe errado de Marcinho e acionando Everton Ribeiro, livre na entrada da área.
Foi uma das poucas chances cristalinas do Flamengo no jogo - melhor que essa, somente a de Bruno Henrique no primeiro tempo, em belo lançamento de Arrascaeta. E remeteu a uma teoria de Jürgen Klopp, técnico do Liverpool: nenhum jogador cria oportunidades de gol tão boas quanto uma boa pressão ofensiva.
- Pense nos passes que você precisa dar para colocar um camisa 10 numa posição onde ele pode dar um passe genial. A pressão te permite ganhar de volta a bola mais perto do gol. Está a apenas um passe de uma oportunidade realmente boa. Nenhum armador no mundo pode ser tão bom quanto uma boa situação de pressão, e por isso ela é tão importante - disse o treinador, quando ainda estava no Borussia Dortmund.
Resumindo, se seus meias não estão num bom dia, é melhor pressionar o adversário para que ele te deixe em condições de finalizar. Obviamente, o Flamengo não pode se fiar somente nisso.
Os gols resultantes de pressão serão sempre bem-vindos, e o time de 2019 explorou bem isso, mas é preciso mais intensidade e criatividade nos próximos jogos para que a equipe rubro-negra possa manter uma evolução na briga pelo título brasileiro.
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