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ESPORTE Sexta-feira, 25 de Novembro de 2022, 08:54 - A | A

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“liberdade para as vidas femininas”

Torcedora do Irã leva camisa com nome de Masha Amini e é abordada

Globo Esporte

Uma torcedora do Irã levou exibiu o nome de Masha Amini na camisa da seleção do país ao jogo contra País de Gales nesta sexta-feira e foi abordada pelos seguranças do estádio Ahmad Bin Ali. O momento foi flagrado por diferentes fotógrafos presentes no estádio.

A mulher estava acompanhada de um rapaz, que levava consigo uma bandeira iraniana e a mensagem: “Liberdade para as vidas femininas”. Ambos foram abordados por um guarda, que os censurou e impediu que fizessem o protesto, mesmo que silencioso.

Outras torcedoras também exibiram mensagens de protestos. Uma iraniana que mora no Canadá levou a bandeira do país com a frase “Liberte o Irã”. Sua camiseta tinha escrito “Liberdade para as vidas femininas”, lema da atual revolução que toma conta da nação asiática.

Um trio de torcedoras foi ao jogo com camisas pretas e a mensagem às cotas, em persa, de “Liberdade para as vidas femininas” e chamou atenção dos próprios iranianos que caminhavam nos arredores do Ahmad Bin Ali.

Os jogos do Irã na Copa do Mundo têm sido carregados de ativismo político por parte da torcida, que chegam à seleção. Na primeira rodada, os jogadores permaneceram em silêncio durante hino, em ato que foi visto como sinal de apoio aos movimentos sociais da população.

Nesta sexta, o time cantou timidamente o hino. A torcida, maioria no estádio diante dos galeses, se dividiu entre vaias e apoio. Alguns se emocionaram, especialmente as mulheres.

Entenda o caso

O Irã vive a maior onda de protestos no país desde 2009: milhares de pessoas estão nas ruas pelos direitos das mulheres iranianas. O estopim foi a prisão e morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos.

Masha foi detida capital Teerã após violar as regras iranianas sobre o uso de hijab, o lenço tipicamente islâmico que cobre a cabeça das mulheres. A polícia afirma que ela sofreu um infarto e não resistiu, porém, há denúncias que Masha teria sido atingida propositalmente na cabeça por um cassetete. Imagens da jovem desfalecendo na unidade policial foram divulgadas e revoltaram a população. A jovem ficou em coma, mas não resistiu.

O primeiro grande protesto aconteceu após o funeral de Masha, na cidade de Saqqez, no oeste do Irã. Nos protestos, as mulheres assumiram e ainda assumem grande protagonismo. Muitas andam com a cabeça descoberta, assim como Masha.

As manifestações, com o passar do tempo, tomaram proporções gigantescas. O que começou por uma demanda de justiça por Masha e o direito das mulheres agora atinge novas exigências por mais liberdade. Existe, inclusive, grupos de cidadãos que querem a deposição do estado iraniano. Entre os manifestantes, é possível ver inclusive diversas bandeiras do império iraniano, extinguido nos anos 1980 após a revolução islâmica.

Recentemente, o governo iraniano autorizou que manifestantes sejam condenados à pena de morte. A primeira pessoa a receber a punição não teve seu nome divulgado, mas no último dia 14 de novembro, foi punida por "perturbar a ordem e a paz da comunidade e cometer um crime contra a segurança nacional". As denúncias contra o manifestante também incluem "ser inimigo de Deus" e "destruição internacional". O atual governo iraniano é descendente da revolução islâmica de 1979.

 

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