"Troquei de camiseta na frente de todo mundo, fiquei de sutiã." As palavras de Beatriz contam a indignação de quem precisou tirar a camisa do Corinthians e entrar na Neo Química Arena, ao lado da noiva Bruna, com o filho de três anos vestindo apenas uma cueca, porque foram barradas na entrada do amistoso Brasil x Japão por vestirem uniformes do clube.
O problema estendeu-se para outros torcedores e torcedoras no amistoso da seleção feminina. A proibição, no fim das contas, aconteceu por um choque de informações e foi suspensa pouco antes de a partida começar.
Funcionárias da terceirizada Primicia Serviços, trabalhando na organização do amistoso, conversaram em anonimato com a reportagem e explicaram que receberam uma orientação de não liberar a entrada de torcedores ou torcedoras vestindo camisas de outros clubes. Um dos superiores diz que a recomendação partiu da Polícia Militar.
Torcedores com a camisa amarela do Corinthians viraram do avesso para utilizar. Outros retiraram o uniforme e vestiram novamente após a entrada no estádio. No caso de Beatriz e Bruna, o filho Leo entrou de cueca, uma delas entrou de camiseta e outra com uma camisa do Brasil que estava na bolsa.
Ouvido pela reportagem, o Sargento Libanio, da Polícia Militar, explicou que o protocolo usual de São Paulo consiste em proibir a entrada de uniformes de clubes visitantes - pela determinação da torcida única - e que à medida que torcedores começaram a chegar com camisas de time na Neo Química houve uma dúvida sobre qual o protocolo a aplicar neste caso.
Assim, proibiram a entrada enquanto aguardava-se uma decisão do superior da PM. O Sargento relata ainda que chegou-se a um acordo entre a PM e os organizadores do evento, quando a entrada foi enfim liberada.
A reportagem também acionou o próprio Corinthians, que informou ter cedido o estádio para o amistoso da seleção brasileira feminina e que o evento é "promovido e de responsabilidade da CBF".
A entidade também foi acionada, através da assessoria de imprensa, e deu a seguinte resposta:
– A decisão de proibir a entrada de torcedores com camisa de clubes não partiu da Confederação Brasileira de Futebol. Inclusive, a CBF defende a manifestação do torcedor com o uso da camisa de seu time. A própria imprensa é testemunha que em todos os jogos de seleções brasileiras os torcedores usam a camisa do seu time.
Nas catracas do estádio, com minutos de bola rolando, membros da Polícia Militar dizem que receberam um rádio do comandante liberando a entrada de todos os torcedores. Isac, por exemplo, entrou poucos minutos após a liberação.
– Não me falaram nada na entrada. Passei normalmente – disse o torcedor, em conversa rápida com a reportagem.
Na Neo Química Arena, a seleção brasileira feminina venceu o Japão por 4 a 3, de virada, em amistoso da Data Fifa. O Brasil ainda terá uma segunda partida contra as mesmas adversárias no domingo, no Morumbi, e depois na quarta-feira, contra a Nicarágua, em Araraquara.
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