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INTERNACIONAL Segunda-feira, 05 de Novembro de 2018, 09:53 - A | A

Segunda-feira, 05 de Novembro de 2018, 09h:53 - A | A

APELO

Filhos do jornalista saudita assassinado pedem que corpo do pai seja devolvido

France Presse

 

Os filhos do jornalista Jamal Khashoggi, que foi morto no consulado da Arábia Saudita, em Istambul, pediram às autoridades sauditas que devolvam o corpo de seu pai para a família, afirmaram em entrevista à CNN no domingo (4). Há relatos de que corpo foi desmembrado e até dissolvido em ácido.

 

"Eu realmente espero que tudo o que aconteceu não tenha sido doloroso para ele, ou que tenha sido rápido, que tenha sido uma morte pacífica", declarou Abdullah Khashoggi à televisão norte-americana, durante uma entrevista em Washington.

 

"Tudo o que queremos agora é enterrá-lo em Al Baqi, em Medina, com o resto de sua família", disse seu irmão Salah, referindo-se a um cemitério na Arábia Saudita.

 

"Falei sobre isso com as autoridades sauditas e espero que isso aconteça rapidamente", acrescentou.

 

Corpo dissolvido?

O procurador-geral turco disse que Khashoggi foi estrangulado pouco depois de entrar no consulado, em 2 de outubro, e que seu corpo foi desmembrado.

 

Yasin Aktay, conselheiro do presidente turco, insinuou em um artigo publicado na sexta (2) que o corpo pode ter sido destruído em ácido. Porém, o vice-presidente da Turquia, Fuat Oktay, afirmou nesta segunda (5) que essa hipótese tem que ser investigada.

 

De acordo com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, uma equipe enviada por Riad, ordenada por "altos níveis" do governo saudita, foi a responsável pela morte do jornalista.

 

Distorção

Os filhos do jornalista expressaram preocupação de que o trabalho de seu pai, um colunista do "Washington Post" crítico ao governo de Riad, esteja sendo distorcido por razões políticas.

 

"Eu vejo muitas pessoas agora tentando recuperar seu legado e, infelizmente, algumas estão usando isso de uma maneira política com a qual não concordamos. Meu medo é que ele está sendo politizado demais", disse Salah à CNN.

"Jamal nunca foi um dissidente, ele acreditava na monarquia, que é o que mantém o país unido", acrescentou.

 

Os irmãos disseram que se basearam principalmente em reportagens da imprensa para entender a morte de seu pai.

 

"Há muitos altos e baixos (...) e estamos tentando conhecer a história, partes da história, para completar o filme. É confuso e difícil. Não é uma situação normal e não é uma morte normal", disse Abdullah.

 

Salah enfatizou que "o rei declarou que tudo será levado à justiça", e acrescentou acreditar nisso.

 

Crime

Em 2 de outubro, o jornalista Jamal Khashoggi, que era crítico do governo saudita e colaborador do jornal "Washington Post", foi ao consulado da Arábia Saudita, em Istambul, para obter uma certidão necessária para seu casamento.

 

Em um primeiro momento, Riad anunciou que Khashoggi havia deixado o consulado pouco depois de entrar. Depois, o governo saudita afirmou que ele morreu durante uma briga e, mais tarde, finalmente reconheceu que o ato foi uma "operação não autorizada" pelo regime saudita, negando qualquer envolvimento do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

 

Depois que o presidente turco, Tayyip Erdogan, afirmou que há fortes sinais de que o assassinato foi planejado, a Arábia Saudita anunciou que vai responsabilizar “quem quer que seja” pelo assassinato de Khashoggi e aqueles que falharam em suas funções.

 

Washington pressiona Riad para que o caso seja elucidado, mas parece conceder o benefício da dúvida ao príncipe herdeiro, poderoso aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio. O presidente americano, Donald Trump, disse que o tratamento dado por Riad ao caso foi "o pior encobrimento de todos os tempos".

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