O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cancelou sua participação nos encontro direto entre a Ucrânia e a Rússia para um acordo de paz na guerra que aconteceria nesta quinta-feira (15) em Istambul, na Turquia.
A decisão de Zelensky ocorreu após a Rússia ter anunciado a ausência do presidente Vladimir Putin nas negociações. O líder ucraniano enviará uma delegação a Istambul, chefiada pelo ministro da Defesa, Rustem Umierov, para as negociações.
"Não vai ter nada para eu fazer lá", afirmou Zelensky sobre a ausência de Putin. "São apenas conversas agora."
A delegação russa que Putin enviou para participar dos diálogos diretos com a Ucrânia é composta apenas por oficiais de baixo escalão, composta por vice-ministros. Com isso, as conversas já começarão esvaziadas, segundo especialistas. A composição da delegação também foi objeto de crítica pelo presidente ucraniano:
"Sentimos o desrespeito russo. O nível de comunicação e da delegação enviada, isso é um desrespeito pessoal. Um desrespeito a mim, ao presidente Trump, ao secretário [de Estado dos EUA] Marco Rubio e aos ministros turcos e ucranianos, que estão todos aqui. Cadê os ministros russos?", afirmou Zelensky.
Zelensky reiterou a necessidade de um cessar-fogo incondicional antes de uma negociação de paz. O líder ucraniano, que está em Ancara, capital da Turquia, havia dito mais cedo que sua presença no país e a ausência de Putin diz muito sobre o comprometimento de cada lado. "Estou aqui, estamos prontos para negociações diretas. É isso", afirmou.
Em coletiva, Zelensky reiterou que a Rússia não terminar o conflito e pediu por mais sanções econômicas ao país. "Os russos precisam demonstrar algo. Se eles não demonstrarem, então não há preparo para falar sobre o fim da guerra. Há uma falta de vontade política, o que significa que a Rússia não tem interesse em terminar a guerra", disse.
A coletiva de Zelensky ocorreu após um encontro com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Durante o encontro, o líder turco reiterou a necessidade de uma negociação direta para finalizar o conflito e disse ao ucraniano que a Turquia está pronta para receber os líderes de Ucrânia e Rússia "quando eles estiverem prontos".
Por sua vez, o chefe da delegação russa, o assessor presidencial Vladimir Medinsky, disse que o lado russo está pronto para se comprometer com a negociação. A fala, no entanto, é vista com ceticismo pelo lado ucraniano, e Zelensky chamou a delegação rival de "decorativa".
As trocas de acusações e o embate retórico ocorrem em meio a um clima de confusão generalizado que pairou sobre o encontro direto nesta quinta-feira. A confusão se deu por conta dos participantes do diálogo, além do horário previsto para o início das tratativas. O encontro deve começar durante tarde, pelo horário local (manhã pelo horário de Brasília), mas sem um horário definido.
Encontro direto
Este seria o 1º encontro entre os dois líderes desde o início da guerra na Ucrânia, há mais de três anos, e foi o próprio Putin quem propôs o encontro, no fim de semana. Após especulações, o Kremlin confirmou nesta manhã que "Putin não tem planos de ir a Istambul".
No início da semana, a possível ausência de Putin — agora confirmada — irritou Zelensky, que fez diversos apelos para que o líder russo comparecesse ao encontro. Nesta quinta, o presidente ucraniano, que já chegou à Turquia, chamou a comitiva da Rússia que participará do diálogo de "decorativa".
A delegação enviada por Putin não tem nem sequer um nome do primeiro escalão e é composta por vice-ministros, porta-vozes e assesores pessoais. Veja a lista abaixo:
Vladimir Medinsky - assessor de Putin;
Mikhail Galuzin - vice-ministro das Relações Exteriores;
Igor Kostyukov - chefe de gabinete do Estado-Maior;
Alexander Fomin - vice-ministro da Defesa;
Especialistas da presidência, do Estado-Maior, do ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Defesa.
O chanceler russo disse que a ausência de nomes do primeiro escalão russo no encontro dá provas de como Moscou é o agressor e, por isso, não está interessada em uma solução para a guerra.
Na chegada a Istambul, o chefe da delegação russa, Vladimir Medinsky, que é também assessor pessoal de Putin, disse que estava "pronto para um trabalho sério e profissional". Também na comitiva de Moscou, a porta-voz do do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que o governo de Putin está "disposto a conduzir negociações sérias".
Mas jornais e sites de notícias locais relataram nesta manhã um clima de "confusão" pela indefinição de horários e delegações do encontro, que será a primeira reunião direta entre as duas partes desde o início da guerra da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Já o presidente ucraniano estava em Ancara, a capital turca, até o fim da manhã desta quinta, no horário local. Ele se reuniu com o presidente turco, Recep Tayipp Erdogan, que mediará o encontro com a Rússia.
Um diplomata ucraniano afirmou à agência de notícias Reuters nesta quinta-feira que a Ucrânia agora considera a possibilidade de mandar alguém "no nível apropriado" para encontrar a delegação russa —ou seja, sem Zelensky.
Ao longo da semana, Volodymyr Zelensky fez diversos apelos para que Putin comparecesse, depois de o Kremlin dizer ter dúvidas sobre a presença do presidente russo. Zelensky disse que a conversa não funcionaria sem Putin. Depois, afirmou que a ausência do líder russo demonstraria que a diplomacia de Moscou ainda não está pronta para a paz. Também acusou Putin de estar "com medo" de participar.
O líder ucraniano chegou até a pedir ajudar para o Brasil intervir e, em um telefonema na quarta, o presidente Lula pediu a Putin fosse a Istambul.
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