Neste 20 de novembro de 2020, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, é com imensa tristeza que me manifesto sobre uma decisão tomada por uma mulher e negra, declinando apoio político, na última quinta-feira próxima passada, a um candidato à Prefeitura de Cuiabá, machista, sexista e misógino.
Em 15 de outubro do corrente ano durante um debate televisivo, Abílio declarou que: “Gisela é uma excelente participante da disputa eleitoral, mesmo sendo mulher", essa frase transborda machismo. Neste mesmo evento, o candidato classificou campanhas como Outubro Rosa de mero marketing, desrespeitando as mulheres vítimas do câncer de mamas e desconhecendo totalmente o trabalho das pessoas voluntárias com as assistidas do MTMamma. Os homens ainda tratam as mulheres apenas como um objeto e ainda acham que têm direito de se titular superior a elas. Dias antes, em 29 de setembro durante uma sessão virtual da Câmara Municipal de Cuiabá, o mesmo atacou gratuitamente a Vereadora Luciana Zamproni, por esta ter votado de maneira adversa ao seu voto, assim como ela, outros catorze vereadores tiveram o mesmo entendimento, mas o Vereador se insurgiu somente com a Vereadora pelo simples fato de ser mulher.
Ser mulher na atualidade é ter a liberdade de escolha, seu espaço e direito à voz, sem que sofra algum tipo de retaliação ou diminuição.
Em ambas as situações, o então ora candidato minimizou sua fala machista e misógina, debochando das mulheres, dizendo que elas estariam com vitimismo e com mimimi.
Nas duas oportunidades, nós nos sentimos atingidas e solidárias. Na ocasião foram publicadas várias Notas de Apoio às ofendidas, praticamos SORORIDADE, e Notas de Repúdio a ele, por sua postura machista e preconceituosa.
Não satisfeito, em 27 de outubro, “invadiu” a Secretaria Municipal da Mulher de Cuiabá, fazendo violência psicológica com as servidoras, ameaçando exoneração e extinção da pasta. Este é o candidato a Prefeito da capital de Mato Grosso que a então candidata a Prefeita (no primeiro tuno) declara APOIO!
As mulheres negras são as principais vítimas do machismo na sociedade, percentual que chega a 27,4%, de acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública em 2019.
O número de mulheres que são vítimas de violência no Brasil é de 536, por hora, não por ano. QUINHENTAS E TRINTA E SEIS mulheres sofrem violência verbal e agressões físicas a cada 60 minutos pelo simples fato de serem mulheres.
Alegando que a CORRUPÇÃO MATA, Gisela justifica seu apoio ao Vereador Abilio. Me atrevo a dizer que: MACHISMO TAMBÉM MATA, milhares de mulheres são vítimas de violência doméstica e de feminicídio! MACHISMO MATA sonhos! MACHISMO MATA autoestima! MACHISMO DESTROI milhares de famílias, deixando órfãs e órfãos da violência doméstica e familiar!
Para muitos, a masculinidade é sinônimo de violência e que o machismo já é uma cultura construída do homem ao longo do tempo, no contexto em que esse machismo é um valor, é ainda pior, porque o próprio homem valoriza a si mesmo como um machista, embora negue publicamente sua condição.
Uma pessoa machista é aquela que acredita que homens e mulheres têm papéis distintos na sociedade, que a mulher não pode ou não deve ter os mesmos direitos, deveres e oportunidades de um homem ou que julga a mulher como inferior em aspectos intelectuais, físicos e sociais.
Fico a me perguntar: o que estariam pensando dessa situação as mulheres negras e guerreiras que fizeram parte da nossa história, como por exemplo, Dandara dos Palmares, Tereza de Benguela e a Deputada Estadual Vilma Moreira?!
Lamentável, Gisela Simona...
Ser mulher é ser resistência, força e coragem.
Você NÃO ME REPRESENTA!
Cuiabá, MT, 20 de novembro de 2020
Ana Emilia Sotero - Professora, Advogada e Palestrante - Ativista dos direitos humanos das mulheres
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