Depois que me casei, meu esposo e eu moramos um tempo em um pequeno apartamento. Quando se aproximava a chegada do primeiro filho, procuramos uma casa para nos mudarmos, queríamos um quintal.

Depois que as crianças chegaram o quintal se encheu de sentido, não era mais uma metragem de terreno atrás da casa, mas sim um cenário de pequenas aventuras diárias, de piratas destemidos e de uma princesinha birrenta. O gramado se transformou em uma floresta cheia de mistérios e encantos.

Na véspera do Dia das Crianças fomos a uma loja comprar comida para o porquinho da índia, o Bily. Compramos também a comida de Clarice e Cake, o casal de periquitos australianos que segundo as crianças precisa se casar em breve. Tentei disfarçar, mas eles espertos que só, viram que havia doação de pintinhos na loja.

O dono do estabelecimento, muito prestativo, já veio com uma caixa para que pudessem escolher. Lógico que cada um quis ter seu próprio animalzinho e depois de muita discussão colocaram os nomes de Dia, Tarde e Noite nos bichinhos (seguindo os tons da penugem de cada um).

Tenho passado parte do dia a pensar que rumo darei ao menos aos pintinhos que já começaram a ciscar onde não foram chamados. Cogitamos que um sítio pode ser um destino interessante para eles. Alguns parentes serão interrogados até o fim desta semana para sabermos se estão habilitados para abrigar o trio de avezinhas.

Vi que meu quintal não vale por seu tamanho em metros quadrados ou avaliação no mercado imobiliário, mas por quanta vida cabe nele. Agora quero um quintal Igual ao do Manoel de Barros, um quintal maior do que o mundo.

Rejane Monge é nutricionista formada pela UFMT e servidora pública estadual

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