Cuiabá, 18 de Janeiro de 2025
Notícia Max
18 de Janeiro de 2025

POLÍTICA & PODER Segunda-feira, 13 de Novembro de 2017, 09:50 - A | A

Segunda-feira, 13 de Novembro de 2017, 09h:50 - A | A

ENTREVISTA DA SEMANA

João Edisom: “Seja o Pedro Taques ou qualquer um, se quiser governar Mato Grosso vai ter um enfrentamento com o funcionalismo público”

Redação

Reprodução

 

O cientista político João Edisom traça um quadro da atual situação política do Estado. Em entrevista ao Notícia Max, ele fala das dificuldades enfrentadas hoje pelo governador Pedro Taques, o racha no ninho tucano, além da necessidade da aprovação da PEC do Teto de Gastos, que ele concorda que vá provocar desgaste junto aos servidores, mas destaque que esse enfrentamento se faz necessário.

Notícia Max - O pleito eleitoral já se aproxima, o senhor acredita que o governador Pedro Taques terá dificuldades em buscar a reeleição?

João Edisom – O desenho político de Mato Grosso ainda está muito confuso. O que vai determinar a eleição é contra quem você está concorrendo, não é nem nome. Contra qual grupo. O grande questionamento hoje é que não tem nenhum grupo formado para disputar as eleições. Existe o governador que fala em reeleição, fora isso quem seria o outro grupo? 

Nós sabemos que o que determina eleição em Mato Grosso é o número de prefeitos que você tem do seu lado, e o número de entidades e instituições, principalmente as ligadas à agricultura. E qual seria esse desenho hoje? Qual vai ser o comportamento do Blairo, por exemplo? Qual vai ser o comportamento da Famato? Da Aprosoja? A oposição não se formou, não existe.

Então, assim, nós tivemos uma eleição para prefeito na Capital onde o prefeito foi eleito com menos de 35% do total de votos, e nós podemos ter um governador eleito com essa faixa de votos. Então, qual será o grau de dificuldade? Nós não temos como determinar esse grau sem saber contra quem ele vai disputar, e quem não são apenas pessoas.

Notícia Max - E a briga o ninho tucano, e as notícias de que Taques pode deixar o PSDB, não vão dificultar a busca de um novo mandato por parte do governador?

João Edisom – Faz parte do PSDB, que coisa incrível esse partido. Quando eles se agrupam para chegar no poder, serem protagonistas, e não tem ninguém para derrotá-los, eles se autodestroem, uma coisa incrível.

Agora, o que precisamos entender nesse processo é que desde 2009 quando foi composto esse grupo, que vem conduzindo as eleições, ele foi se formando e agregando outros partidos, até chegar ao governador Pedro Taques. Esse grupo vai dividir? Vai dissolver? A sensação que temos é de que parece que vai, mas até agora ninguém disse oficialmente que vai ter uma divisão dentro dele.

Se esse grupo não dividir, não formou um grupo do outro lado. Quem vai do outro lado, o PMDB? Vai lançar quem? O PT está esfacelado. Então vivemos um momento em que temos um candidato, parece que a sociedade não enxerga com bons olhos a eleição, mas não tem outro, pelo menos nesse momento.

Notícia Max - O senhor acredita que o ex-prefeito de Cuiabá possa colocar seu nome na disputa pelo Paiaguás?

João Edisom – Eu acho que contra o Pedro ele não disputaria. Ele faz parte da primeira leva que formou aquele grupo, então dificilmente ele seria um dissidente do grupo. Agora, se de repente se houver um recuo do governador, do Jayme, desse pessoal, e colocarem o nome dele, aí sim, acho que ele disputaria sem problema nenhum. Mas acho que isso não é o princípio para a divisão do grupo. Eu acho que hoje só pode dividir esse grupo o próprio governador Pedro Taques e o Jayme Campos. Se esses dois não se dividirem, os que estiverem ao lado deles não se dividem.

Notícia Max – O Governo está prestes a aprovar a PEC do Teto de Gastos, indo novamente em discordância do funcionalismo público, essa medida é realmente necessária para equilibrar as finanças do Estado?

João Edisom – É necessária. Os Estados que não criarem um gatilho que possa segurar essa questão desses cartéis que se formaram em torno do funcionalismo público, vai chegar na situação do Rio de Janeiro. Nós temos exemplos no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que vão fechar o ano no vermelho sem conseguir pagar duas ou três folhas.

Não podemos continuar produzindo, tirando impostos, e o Estado tendo aí 2% a 3% de capacidade de investimento. Agora, isso é uma questão. Os salários deles é outra. O problema é que tem muita gente efetiva com alto salário e fora de função, e em função desnecessária. Nós precisamos de uma reforma de Estado. Tem alguns órgãos no Estado e algumas atividades que já não são mais necessárias.

Notícia Max – Então seria necessário também uma reforma administrativa?

João Edisom – Realmente, a reforma do Estado que eu falo é isso. Vou dar um exemplo clássico: o Detran. O Detran não precisa mais existir, é um órgão inútil, mas emprega muita gente. E trava a vida de muita gente. As atividades desenvolvidas hoje no Detran podem tranquilamente ser desenvolvidas em cartório. Ou não faz sentido as escolas também de trânsito. Ou uma coisa ou outra. Não tem necessidade de ter as duas coisas.

Por exemplo, quem tem uma propriedade, um sítio, uma chácara, uma casa. Toda vez que se paga o IPTU, por exemplo, não se muda a escritura da casa, então porque toda vez que vou pagar o IPVA tenho que mudar o documento do carro? Existem quantos funcionários em função disso? 

Temos vários órgãos no Estado extremamente desnecessários. Não há hoje nada mais que você vá fazer que não tem cinco ou seis laudos de instituições fiscalizadoras, e onde tem mais de um fiscal os outros não funcionam, então é preciso reduzir só uma fiscalização e bem feita. 

Só a gente lembrar as obras da Copa, tinham 13 instituições para fiscalizar, e deu em que? Foram completamente inúteis. Então uma coisa é reduzir o Estado, outra questão é o salário. Não dá para aumentar salário se não reduzir o Estado a uma condição funcional. No formato que está leva qualquer um a falência.

Notícia Max -  Mas a PEC vai levar o Taques a bater de frente com o funcionalismo estadual, gerando um novo desgaste.

João Edisom – Mas seja o Pedro Taques ou qualquer um, se quiser governar Mato Grosso vai ter que fazer esse enfrentamento. Se ganhar dizendo que não vai fazer isso chega em uma altura, um ano, outro ano, e trava tudo. Alguém vai ter que fazer. Aliás, acho que ele foi muito frouxo nesse embate. Ele deveria ter feito esse embate lá na RGA, levou muito tempo para fazer isso. E está deixando o funcionalismo sangrá-lo, e vem sangrando cada dia mais.

 

CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.

0 Comentários