O prefeito de terceiro mandato de Lucas do Rio Verde, empresário Otaviano Pivetta, disse nesta quarta ser contra a proposta sob análise do governo estadual de estabelecer Parceira Público-Privadas nas escolas.
Com a experiência de quem já construiu 12 unidades educacionais com participação direta da comunidade escolar e outras 10 com projetos junto ao Estado em diferentes regiões, Pivetta alerta que essas obras, quando entregues à iniciativa privada, têm custo muito elevado, pois quem topa fazê-las quer retorno de taxa de 20% a 30% ao ano. Pivetta falou ao horas antes de receber, em Lucas, a visita do secretário de Estado de Educação, Esportes e Lazer, Marco Marrafon.
É intenção do Estado construir 31 novas escolas, além de reforma, ampliação, gestão, manutenção é operacionalização de serviços não-pedagógicos de outras 44 unidades da rede estadual e 15 Centros de Formação e Atualização de Professores. O tema é polêmico. De um lado, o governo afirma que a proposta está longe de representar uma privatização. Mas alguns segmentos entendem que a PPP nas escolas entregaria as unidades ao setor privado.
"PPP nas escolas é impraticável, encarece muito por causa da figura do intermediário. Além dos prédios escolares ficarem muito caros, quem for investir vai querer taxa de retorno acima de 20% ao ano", enfatiza Pivetta, que transformou a educação do município em referência nacional por causa da boa qualidade do ensino e das estruturais prediais.
Pivetta explica que constroi escolas com projetos da prefeitura e sob acompanhamento de um engenheiro destacado pelo próprio Poder Executivo. Cabe a ele fazer todo controle, inclusive da entrega do material no canteiro de obras. E são feitos dois certames, um para mão-de-obra e outro para compra de material. Ao longo de seus mandatos, o prefeito já construiu 12 unidades nesse modelo, envolvendo agentes locais.
Lembra que no primeiro mandato do então governador Blairo Maggi (2003/2006), ajudou o Estado com projetos e acompanhamento na construção de escolas em alguns municípios, entre eles Ipiranga do Norte, Itanhangá e Vila Rica. "Ele (Blairo) tinha dificuldades com projetos e eu ajudei no acompanhamento dessas obras em parceria com conselhos escolares, onde o prefeito não era confiável".
Para Pivetta, o Estado deveria buscar parceria-público-comunitária e não público-privada, de modo a envolver as comunidades escolares e com participação de prefeitos que possuem bom conceito enquanto gestores. "Assim como foi feito com as PPPs caipiras, na construção de estradas, é preciso envolver os agentes locais, buscando-os como parceiros do Estado para fazer aquilo que o Estado não tem capacidade de fazer. Por isso é que o Estado está apelando para iniciativa privada, mas não pode deixar a obra dar tanto lucro para as empresas. Não sou contra lucro, mas vai ter custo muito alto para a sociedade ao longo do tempo".
Ratos de licitações
De acordo com o prefeito de Lucas do Rio Verde, em Cuiabá acontece o que chama de "maior encontro de ratos de licitação". "Licitar obra em Cuiabá, o que acontece? Os ratos ganham as licitações e sub-empreitam para os ratinhos menores, que acabam quebrando na metade da obra e a escola vira uma calamidade".
Enfatiza que obra pública tem de ser feita por agente local. Entende que, uma vez arrumando parceiro local para dividir responsabilidades, é possível "blindar" a obra dos desmandos, que acontecem quando a licitação é feita entre os ratos.
"Aí sobra para a sociedade ter de frequentar esses ambientes insalubres e desagradáveis do Estado. Não tem uma obra que preste".
Pivetta reclama de uma obra mal feita pelo Governo Silval Barbosa, a escola estadual Manoel de Barros, inaugurada há pouco mais de um ano no bairro Parque das Américas, em Lucas do Rio Verde. Ele fez inspeção na unidade no último domingo e aponta várias falhas. Identificou paredes danificadas, infiltração e acúmulo de água nos corredores. "Parece que essa escola tem 20 anos. Está caindo aos pedaços". Em Lucas, segundo o prefeito, escola tem sido construída ao custo de R$ 1 mil o metro quadrado, enquanto o Estado já construiu unidade ao preço de R$ 3 mil o m2.
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