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BRASIL Sábado, 12 de Julho de 2025, 11:59 - A | A

Sábado, 12 de Julho de 2025, 11h:59 - A | A

CONFLITO

São Paulo lidera lista dos Estados que mais perdem com tarifa de 50% de Trump

Ele exportou US$ 13,5 bilhões, o equivalente a 33,6% do total. São Paulo é seguido por Rio de Janeiro (17,9%) e Minas Gerais (11,4%).

JORNAL DE BRASÍLIA

O Estado de São Paulo liderou as exportações brasileiras para os Estados Unidos em 2024. Dos cerca de US$ 40,3 bilhões que o Brasil vendeu para o país do presidente Donald Trump, o Estado respondeu por um terço do total, segundo levantamento da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil).

 

Ele exportou US$ 13,5 bilhões, o equivalente a 33,6% do total. São Paulo é seguido por Rio de Janeiro (17,9%) e Minas Gerais (11,4%).

Os seis Estados que mais venderam para os EUA, em 2024, foram:

  • São Paulo – US$ 13,5 bilhões (33,6% do total)
  • Rio de Janeiro – US$ 7,2 bilhões (17,9%)
  • Minas Gerais – US$ 4,6 bilhões (11,4%)
  • Espírito Santo – US$ 3,1 bilhões (7,6%)
  • Rio Grande do Sul – US$ 1,8 bilhão (4,5%)
  • Santa Catarina – US$ 1,7 bilhão (4,3%)

No caso de São Paulo, a pauta exportadora foi concentrada em aeronaves produzidas pela Embraer, na região do Vale do Paraíba, seguidas por equipamentos de engenharia civil e suco de frutas.

“O impacto (da tarifa de 50% prometida por Trump) para São Paulo é negativo. São Paulo é um grande exportador. O maior destino das exportações industriais do Estado de São Paulo são os Estados Unidos. É algo que a gente tem que resolver”, declarou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) na quinta-feira, 10.

Segundo maior exportador, o Rio de Janeiro comercializa principalmente óleos brutos de petróleo para os EUA. O segundo item mais vendido são os produtos semi-acabados de ferro e aço. Em terceiro, ficam os óleos combustíveis de petróleo.

Minas Gerais, por sua vez, sofreria impactos em suas exportações de café não torrado, ferro-gusa e tubos de ferro ou aço. Já o Espírito Santo vende mais produtos semi-acabados de ferro ou aço, seguidos por cal, cimentos e material de construção, e depois por celulose.

 

Saiu do Porto de Santos, no ano passado, 31,8% do valor das exportações brasileiras para os EUA. Todos os cinco principais pontos de saída estão no Sudeste. Depois de Santos, apareciam o Porto de Itaguaí e o Porto do Rio de Janeiro, ambos no Rio, e por fim o Porto de Vitória e o Aeroporto de Guarulhos.

“O Sudeste sofre impacto maior, até porque a indústria está concentrada na região, assim como o PIB brasileiro”, afirma Larissa Wachholz, sócia da Vallya Participações e pesquisadora sênior do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais). Diversos dos produtos mais vendidos do Brasil para os EUA têm produção relevante no Sudeste.

A região respondeu em conjunto por mais de 70% das exportações ao país da América do Norte, em 2024, segundo a Amcham. No primeiro semestre deste ano, o Sudeste respondeu por 68% das exportações, que somaram US$ 20 bilhões, um aumento de 4,4%, em relação ao mesmo período do ano passado.

 

Wachholz, que foi assessora especial do Ministério da Agricultura, lembra que o minério de ferro brasileiro, que abastece as siderúrgicas americanas, são extraídos no Sudeste e no Pará, e o eucalipto tem origem em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Mesmo a carne, com produção difundida pelo País, encontra grande parte de sua origem no Sudeste. Em especial, de bovinos. Os suínos são mais concentrados no Sul do País.

“O principal motivo de preocupação é que a qualidade de exportações brasileiras para os EUA chama atenção. A pauta exportadora para lá seria o sonho se fosse para todo o mundo, com roupas, calçados, aviões, autopeças, motores e produtos com marcas brasileiras, como frutas”, afirma Wachholz.

“Se esta situação puder servir de lição para a indústria, é que nunca é bom colocar seus ovos em poucas cestas, e que as empresas devem buscar difundir ao máximo os seus produtos para mais mercados”, diz a pesquisadora.

“É possível reavaliar a estratégia de abertura comercial, e isso serve mais para a iniciativa privada do que para governos, porque muitas vezes os acordos internacionais não são concluídos porque não se encontram consensos no setor produtivo. Sempre tem perdedores e vencedores em cada acordo, mas, em geral, podem ajudar a economia como um todo.”

Posicionamentos regionais

As associações empresariais das regiões afetadas responderam às ameaças de Trump com análises sobre os seus efeitos e com dicas de como a diplomacia deve conduzir a questão.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, afirmou ao Estadão que, se confirmada a aplicação de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, “o impacto sobre a indústria mineira será bastante significativo”.

Os Estados Unidos são o segundo principal destino das exportações de Minas Gerais, diz, “com destaque para o setor de siderurgia, que já enfrenta uma crise internacional devido ao excesso de exportações por parte da China”. No caso do aço, o setor já vinha sendo afetado por sobretaxas desde março deste ano.

“As novas tarifas, no entanto, devem impactar todas as exportações mineiras para os EUA, pois o patamar de 50% inviabiliza o comércio entre os dois países. Não há produto que suporte uma sobretaxa tão elevada”, disse. “As commodities tendem a ter mais facilidade de redirecionamento no mercado internacional. O café cru, por exemplo, pode buscar outros mercados por conta de sua dimensão global, mas também será afetado, já que os EUA são o maior importador mundial de café, e o Brasil, o maior exportador.”

Para Roscoe, o principal caminho para o País deve ser buscar um acordo por meio do diálogo e da diplomacia. “O Brasil tem muito a perder se optar por uma postura de retaliação ou reciprocidade, uma vez que as relações comerciais entre os dois países são bastante desiguais: o Brasil importa muito mais dos Estados Unidos do que exporta para lá. Nossa dependência do mercado americano é maior, e uma eventual retaliação pode prejudicar a economia como um todo”, diz.

Por meio de nota, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, adotou a mesma linha. “Negociar com serenidade, a partir de fatos e estatísticas verdadeiras, é de interesse comum às empresas brasileiras e americanas, que sempre foram bem-vindas ao Brasil”, escreveu. “Esperamos que a diplomacia e as negociações equilibradas prevaleçam, a despeito de ideologias e preferências pessoais, e que o bom senso volte a nortear a relação entre essas duas grandes nações soberanas.”

Mas ele também criticou a politização do uso das tarifas por parte de Trump e a distorção de fatos. “Pode parecer desnecessária essa afirmação, mas, quando razões não econômicas são usadas para justificar a quebra de todo o regramento comercial e do direito internacional, é importante reafirmar esses princípios”, diz a nota.

“Apesar do impacto negativo para a indústria brasileira da elevação de tarifas unilateralmente pelos EUA, entendemos que a soberania nacional é inegociável. Este é um princípio balizador”, escreveu Gomes. “É importante lembrar que os EUA têm relevante superávit com o Brasil não só na balança comercial, mas, ainda maior, também na balança de serviços. Desconhecer mais de 200 anos de excelentes relações internacionais e comerciais não atende a nenhum dos dois países.”

 
 

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