Cuiabá, 27 de Julho de 2024
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27 de Julho de 2024

CIDADES Quarta-feira, 12 de Maio de 2021, 10:16 - A | A

Quarta-feira, 12 de Maio de 2021, 10h:16 - A | A

ENTREVISTA DA SEMANA

Antônio Cesar: “Já estamos com 53 óbitos na enfermagem”

Presidente do Coren afirmou que desde o início da pandemia, 53 profissionais que atuam na linha de frente de combate à crise sanitária já perderam a vida

Redação

O presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren-MT), Antônio César Ribeiro, afirmou que desde o início da pandemia, 53 profissionais que atuam na linha de frente de combate à crise sanitária já perderam a vida para Covid-19.

“Estamos com 53 óbitos entre os profissionais da enfermagem. Com relação aos profissionais que se encontram afastados, a gente não tem esse número atualizado, porque essa atualização depende da notificação por parte dos responsáveis do serviço de enfermagem e eles não repassam esse conteúdo de forma regular, mas não são poucos, tanto que o número de óbitos já pode mostrar e a gente sente que o número de adoecimento é bem grande” disse ao Notícia Max.

Conforme o conselheiro, além dos desafios oriundos da pandemia, a luta da classe está longe do fim, uma vez que tenta junto ao Governo Federal a implantação do piso nacional e já conquistaram inclusive o apoio da bancada mato-grossense no Senado.

Notícia Max - Os enfermeiros estão na linha de frente no combate à pandemia. Como é o trabalho desses profissionais, estão tendo a estrutura necessária?

Antônio Cesar – Olha, no início da pandemia tivemos muitas dificuldades referentes às denúncias feitas quanto às condições de trabalho, como por exemplo, falta dos Equipamentos Individuais de Proteção (EPI), mas que no momento acredito que está em estabilidade, não tivemos mais denúncias a respeito disso. Agora, estamos recebendo referente aos profissionais que estão sendo afastados por motivos de atestados médicos e estes não estão sendo repostos, causando uma sobrecarga de trabalho, levando em consideração que é uma jornada longa de 12 horas e tem poucos profissionais, acarretando uma sobrecarga de trabalho.

O conselho fiscaliza, pois essa sobrecarga é devido ao baixo direcionamento. Nisso o conselho vem fiscalizando, notificando as organizações e naqueles casos em que o hospital não responde a notificação dentro do prazo, entramos com ação civil pública junto ao Ministério Público do Trabalho.

Notícia Max - Quantos profissionais já perderam a vida e quantos estão afastados devido à covid?

Antônio Carlos - Estamos com 53 óbitos entre os profissionais da enfermagem. Com relação aos profissionais que se encontram afastados a gente não tem esse número atualizado, porque essa atualização depende da notificação por parte dos responsáveis do serviço de enfermagem e ela não repassa esse conteúdo de forma regular, mas não são poucos, tanto que o número de óbitos já pode mostrar e a gente sente que o número de adoecimento é bem grande.

Notícia Max - Diante da possibilidade de se infectar e espalhar o vírus para seus próprios familiares e colegas de trabalho, a pressão psicológica é intensa. Quais os principais impactos observados?

Antônio Carlos - Muito medo, insegurança, adoecimento, perda da vida, mas principalmente essa questão do pânico que gera em torno da pandemia e as condições de trabalho muito ruins, ou seja, sobrecarga, jornada muito extensa, baixos salários e isso compõe para que haja muita angústia, medo, o que não tem favorecido o trabalhador na área.

Notícia Max - Hoje, faltam profissionais para atender as unidades de saúde?

Antônio Cesar - Para se ter uma ideia, há duas semanas atrás um hospital em Cuiabá disponibilizava 40 vagas para técnico de enfermagem. Nunca ouvimos uma notícia como essa, um hospital em já em funcionamento com tantas vagas para contratação. A gente entende que o profissional de enfermagem ainda que tenha no mercado, não está interessado em assumir o trabalho em função do medo, insegurança, desgaste físico e o salário que não compensa, o que acaba gerando uma perda de profissionais no mercado.

Eu não tenho notícias de suporte psicológico por parte de empresas, isso não significa que não exista. O que temos é o Conselho Federal de Enfermagem, que tem um canal de diálogo com os profissionais no sentido de apoio psicológico, ou seja, o profissional que sentir essa necessidade, ele tem o contato via ao site, um serviço 24 horas no sentido de apoio a esse profissional.

Notícia Max - Como está a luta pelo piso salarial da enfermagem?

Antônio Cesar - Essa é uma luta antiga, nós nunca tivemos uma definição do piso salarial. Temos um PL que está no Senado Federal e temos toda a categoria que está mobilizada, buscando apoio dos senadores. Já garantimos o apoio da bancada de Mato Grosso e estamos aguardando o grande dia que é a votação do projeto. É um processo inicial, pois depois do Senado ele vai passar na Câmara Federal.

As expectativas são que gostaríamos de ter uma definição a partir de um mandamento legal do seu piso salarial. Para se ter uma ideia, tem instituições que pagam a um técnico de enfermagem menos do que a uma empregada doméstica. O trabalho demanda uma formação complexa, especializada, essencial para a sociedade e a desvalorização do trabalho, principalmente a nível médio, é algo impressionante em nosso país.

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