Mato Grosso sai na frente em uma iniciativa pioneira no país ao construir um sistema de apuração de ouro sem o uso de mercúrio. O maquinário foi desenvolvido para uma mineradora de Poconé (distante a 104 km de Cuiabá), o que projeta Mato Grosso para o mundo.
A coordenadora de Mineração da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA-MT), Sheila Klener, ressalta que a iniciativa é fundamental para a cadeia mineradora, pois impacta positivamente em todo o ecossistema, além de estar em acordo com o protocolo mundial de redução do uso do mercúrio.
“Mato Grosso sai na frente ao começar a trabalhar a mineração sem uso do mercúrio, que é um produto que causa diversos danos à saúde e ao meio ambiente. A gente valoriza estas ações porque é um modelo que pode se estender para todos os empreendimentos de mineração de ouro do estado e até para o restante do país”, falou.
O geólogo André Molina, presidente da Cooperativa de Desenvolvimento Minerais de Poconé (Cooper Poconé), explica que a máquina foi construída por uma empresa de Minas Gerais e os estudos para o desenvolvimento do projeto duraram quase cinco anos.
“Todos estes anos fizemos pesquisas, testes e viabilizamos tudo que foi necessário para darmos início à implantação e construção deste equipamento, que pesa mais de três toneladas e processa cerca de 250 quilos de concentrado de minério por batelada. Agora, por aproximadamente noventa dias, estaremos em fase de testes até adequarmos as condições de operação”, disse.
Segundo o proprietário da Mineração São Rafael, Sidnei Rafael de Souza, a preocupação com o uso do mercúrio e a busca por inovação do sistema por meio de novas tecnologias, somaram com a vontade política de se construir o equipamento.
“Temos a preocupação com a questão do mercúrio e eu acho importante criarmos meios de eliminarmos o uso do nosso processo e assim utilizamos as tecnologias e pesquisas disponíveis para a execução do projeto. Então agora não somente Poconé, mas a baixada cuiabana e Mato Grosso serão inspirações para o resto do país”, diz.
Sistema Pelicano
Este novo equipamento, denominado Sistema Pelicano, utiliza o processo de lixiviação do ouro, ou seja, apuração final do ouro na mineração. O processo utiliza o cianeto de sódio para lixiviar o ouro de maneira sustentável, pois, diferente do mercúrio, a solução residual pode ser tratada e descartada sem gerar danos ao meio ambiente.
De acordo com Igor Justino Fernando, CEO da Brastorno, empresa mineira que construiu o equipamento, o objetivo é criar uma rede de conscientização entre os donos de mineradoras e, à medida que eles adotarem estas responsabilidades ambientais, mais projetos como estes deverão ser executados.
“Acredito que, a médio e longo prazo, esse movimento que veio para ficar vai tomar conta da maioria dos empresários. A questão é seguirmos com esse trabalho de mudança cultural e de apresentar novas tecnologias que tornam o processo mais sustentável e eficiente”, disse.
Para Pedro Eugênio, diretor de Operações do Grupo Fênix, comercializadora de ouro, Mato Grosso segue como exemplo e referência de boas práticas ambientais e de processos inovadores.
"A maior satisfação de todos é conseguirmos de fato eliminar o mercúrio dos processos, fora o compromisso que o Brasil tem com o mundo sobre esta pauta e mais uma vez somos pioneiros, Poconé sendo referência, com uma mineração de baixa escala, atuando de forma responsável e reconhecida no mundo inteiro como saudável e ambientalmente correta", concluiu.
Convenção de Minamata
O Brasil assinou o Protocolo de Minamata, que busca analisar os impactos socioambientais causados pelo uso do mercúrio, e estabelece metas e soluções a longo prazo para evitar o uso e os danos causados por este elemento.
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