A elefante Rana, que vive desde 2012 no zoológico de um hotel fazenda próximo a Aracaju (SE), foi doada ao Santuário de Elefantes Brasil (SEB), em Chapada dos Guimarães (67 km ao norte de Cuiabá). Dentro de pouco tempo, ela estará fazendo companhia a Maia e Guida, as duas primeiras resgatadas que há 2 anos vivem na antiga fazenda de gado, especialmente adaptada pelo Santuário para elefantes.
A diretoria e os colaboradores do Santuário vibraram com a notícia. O contrato de doação entre a Fazenda Boa Luz e o SEB foi assinado no último dia 14 entre o proprietário da fazenda Marreco Fernandes e o presidente do SEB Scott Blais.
Imediatamente, o Santuário deu início aos preparativos para viabilização do transporte da aliá até a fazenda em Chapada. O cronograma da viagem, bem como os custos e campanha de arrecadação serão anunciados nesta semana. Todos poderão contribuir com a campanha online e fazer parte do resgate da Rana.
A história de Rana é cheia de lacunas. Ela teria viajado pelo mundo a maior parte de sua vida e chegado ao Brasil em 1967 com o circo Gran Bartolo para apresentações em Recife (PE). Desde então, segundo relatos, trabalhou em diversos circos como Moscou, Garcia, Tihany e até no Beto Carrero.
À medida que estados brasileiros foram aprovando leis que proíbem o uso de animais em circo, Rana foi sendo esquecida até ser aposentada e, praticamente, desaparecer. Pequenas notas em jornais registram os movimentos de um elefante vagando livre e de outro acorrentado em uma fazenda, que podem ser associados a Rana. Há também citações sobre ela ter passado um tempo no zoológico de Brasília, mas sem comprovação.
Sua idade é estimada entre 43 e 64 anos, dependendo do informante. O hotel fazenda onde Rana vive, atualmente, é o lar que lhe deu abrigo na fase, talvez, mais errante da sua vida. E, mesmo com todo amor que sentem por ela, os proprietários da fazenda compreenderam que o local não pode oferecer tudo o que um elefante precisa para se desenvolver e ter uma vida saudável na natureza e na companhia de outros elefantes.
Apesar de Rana fazer parte do zoológico no hotel fazenda, seu recinto fica longe de todos os outros bichos e de pessoas, o que a deixou desconectada dos seres vivos ao seu redor, avalia Scott após a mais recente visita feita à elefanta há cerca de 10 dias. Ela tem uma pigmentação rosada natural na face. “Rana é incrível. Apesar de sua vida ter sido difícil, sua condição geral é boa e consistente com a de um elefante com aproximadamente 50 a 55 anos. Seus olhos refletem uma dualidade de emoções. Às vezes, ela se mostra distante como se estivesse fugindo de sua realidade. Em outros momentos, seu olhar se faz bastante presente e brincalhão”, diz Scott.
O presidente do Santuário destaca que, no SEB, Rana não estará mais sozinha. “Em breve, com a proteção oferecida pelo Santuário e com a ajuda de Maia e Guida, Rana não sentirá mais necessidade de se esconder de seu passado. Ao invés disso, ela poderá celebrar a sua vida!”.
A boa notícia é que tudo isso vai passar e, em breve, Rana estará junto com Maia e Guida no Santuário, desfrutando da exuberância da natureza e com acompanhamento médico necessário à sua plena recuperação física e emocional.
Simultaneamente, o Santuário continua o trabalho de resgate de outros elefantes como Ramba, no Chile, e de Tamy e as fêmeas Kenia, Pocha e Guilhermina, que estão em Mendoza, na Argentina. Há também negociações para vinda de outros animais no Brasil.
Maia e Guida
Maia e Guida, as duas primeiras elefantas residentes do Santuário de Elefantes Brasil (SEB), tem idade aproximada de 46 e 44 anos, respectivamente. Elas completaram em 11 de outubro dois anos de vida em sua nova casa. Elas estão adaptadas e recuperadas dos traumas causados por décadas de exploração em espetáculos circenses.
No Santuário, desde os primeiros dias, o silêncio imposto por antigos tratadores e pela falta de motivação foi substituído por diferentes formas de vocalização. Desde então, Maia e Guida se expressam com trombeteios, bramidos, roncos, chiados e sopros, entre os diferentes sons que caracterizam a vocalização de elefantes que vivem na natureza.
Herbívoras, elas não são presas ou predadoras de outras espécies e, por isso, convivem harmoniosamente com a fauna local. Atualmente, caminham livremente por uma área de 29 hectares repleta de palmeiras e árvores típicas do Cerrado.
As duas encontram na vegetação local tudo o que necessitam para se manterem saudáveis. No entanto, sua alimentação é complementada com frutas, legumes, feno e suplementos de vitaminas que, oferecidos pelos tratadores diariamente, já proporcionaram ganho de peso e deixaram as duas elefantas mais ágeis e proativas.
Santuário
Localizado no distrito de Rio da Casca, município de Chapada dos Guimarães, a 110 km de Cuiabá, capital de Mato Grosso, o Santuário tem área de 1,1 mil hectares. A vegetação é típica de Cerrado.
Sua implantação e funcionamento contam com apoio de duas instituições internacionais dedicadas a elefantes. A Global Sanctuary for Elephants (GSE) dá suporte à implantação de santuários e treinamento para tratadores. A ElephantVoices pesquisa comportamento de elefantes na natureza.
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