“Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia”, já dizia Shakespeare. E não é que o dramaturgo inglês pode estar mais atual do que nunca? Para Kátia Xavier, mineira de Varginha e uma das testemunhas do famoso caso do ET de 1996, essa frase faz ainda mais sentido depois de um breve, mas marcante contato com um ser de outro mundo.
Ela foi uma das participantes da Feira Internacional do Turismo do Pantanal (FIT Pantanal), realizada entre os dias 5 e 8 de junho, no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, e compartilhou sua história no painel “Ufoturismo – uma nova fronteira entre enigmas e turismo”. Com fala simples, porém carregada de emoção, Kátia narrou o que viu naquela tarde comum em Varginha.
“Avistei uma criatura muito estranha. Foi rápido, mas teve uma troca. Ele olhou pra mim e, por telepatia, me passou que estava sofrendo. Aquilo ficou comigo por anos”, contou. Aos 24 anos, ela não fazia ideia do que significava o que tinha presenciado. “Na época não se falava disso, ninguém explicava. Fui entendendo aos poucos, com ajuda de terapeutas e ufólogos. Hoje, sei que fui escolhida para viver isso. Não acredito mais em limites, em crenças fixas. Eu mudei completamente”.
E ela não está sozinha nessa jornada de busca por respostas. Mato Grosso, especialmente o município de Barra do Garças vem se consolidando como um dos principais destinos de ufoturismo no Brasil. O jornalista e pesquisador Genito Santos é uma das vozes mais entusiastas do tema e defende que a região tem potencial para se tornar referência internacional.
“Temos a Serra do Roncador, considerada um dos pontos de maior incidência de avistamentos de objetos voadores não identificados no mundo. São centenas de relatos vindos de caminhoneiros, indígenas, moradores, pessoas que nunca se viram, mas contam histórias semelhantes”, destaca. Além da serra, Barra do Garças conta com o Discoporto um espaço temático que já virou símbolo da cidade. “Pode parecer simples, mas ali acontecem experiências únicas. O lugar mexe com a percepção das pessoas”, garante Genito.
E as histórias arrepiam. Ele mesmo relata ter sido seguido por um objeto voador em 2007, experiência que transformou seu ceticismo em fascínio. “Era um objeto enorme, alaranjado, que parecia vivo. Nos perseguiu por quilômetros. Depois disso, me aprofundei no tema e participei de congressos, fiz amizades com pesquisadores. E as histórias continuam chegando.”
A mística da região também carrega o mistério do explorador britânico Percy Fawcett, que desapareceu em 1925 em busca de uma civilização perdida no coração da Serra do Roncador. Foi ele que inspirou a dupla George Lucas e Steven Spielberg a criarem o personagem Indiana Jones. Para muitos, ele encontrou um portal interdimensional. Para outros, a prova de que há mais entre o céu e a terra do que podemos compreender. Fato é: a história alimenta a imaginação e o turismo.
Para a secretária adjunta de Turismo de Mato Grosso, Maria Letícia Costa, esse tipo de experiência tem apelo real e potencial de gerar desenvolvimento sustentável.
“O turismo de experiência, de mistério, atrai um perfil de viajante curioso, conectado com espiritualidade e natureza. O ufoturismo se encaixa perfeitamente nisso e o Estado tem vocação para desenvolver esse segmento de forma profissional, com responsabilidade e criatividade”.
O presidente da Associação Mato-grossense de Pesquisas Ufológicas e Psíquicas (AMPUP), Ataíde Ferreira, destaca que, apesar de o assunto ser frequentemente alvo de ironias, ele tem atraído um número crescente de interessados e, inclusive, fomentado o turismo ufológico. Cidades como Varginha (MG), Peruíbe (SP), Chapada dos Veadeiros (GO) e a própria Chapada dos Guimarães (MT) se tornaram destinos procurados por quem busca vivenciar ou entender fenômenos considerados inexplicáveis.
“Mato Grosso não pode ficar de fora disso. Temos uma riqueza imensa de relatos e locais emblemáticos”, reforça.
Um dos marcos históricos da ufologia no estado remonta ao século XIX. O primeiro registro em imprensa brasileira sobre o avistamento de um objeto não identificado no céu foi feito em 26 de novembro de 1846, na Gazeta Oficial do Império do Brasil. O autor do relato foi Augusto Leverger, o Barão de Melgaço, que descreveu um objeto luminoso que se dividiu em três partes no céu sobre sua cabeça.
Ferreira também aponta que muitos dos mitos e lendas que povoam o imaginário popular brasileiro podem ter nascido de interpretações de fenômenos extraterrestres.
“O Curupira, por exemplo, é resultado de uma fusão entre elementos da cultura indígena e da influência europeia. Os povos tupis-guaranis falavam de pequenos seres com luzes que percorriam a mata. Isso foi reinterpretado, ao longo do tempo, como o Curupira”, explica.
Até mesmo a figura do “minhocão” – uma lenda tradicional de Cuiabá – poderia ter origem em relatos de avistamentos de objetos que cortavam o céu ou emergiam da água em alta velocidade, com aparência de serpente incandescente.
Para o presidente da AMPUP, a presença desses elementos nos relatos folclóricos e históricos é uma evidência de que a humanidade sempre tentou explicar, com as ferramentas que tinha à época, aquilo que não compreendia.
“Esses registros, esses mitos, fazem parte da construção do nosso imaginário e podem ter sido inspirados por ocorrências reais e não compreendidas. Por isso, nossa missão é investigar com seriedade e respeito”, afirma.
Com polos de atenção crescente como Barra do Garças, Chapada dos Guimarães, Barão de Melgaço, Tesouro e outras regiões mato-grossenses, a associação se empenha em promover o conhecimento e valorizar os fenômenos como parte da identidade cultural e científica do Brasil.
“A mente humana e o universo ainda têm muitos segredos. E nós estamos aqui para tentar entendê-los”, conclui Ataíde Ferreira.
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