Renato Rabelo estava ainda no começo da carreira quando entrou para o elenco de A Viagem, uma das novelas de maior sucesso da Globo e atualmente exibida no Vale a Pena Ver de Novo. Hoje, com anos de experiência na TV, teatro e cinema, o ator relembra que a trama espírita foi a segunda produção da qual participou e que enxergou o trabalho como uma oportunidade de crescer profissionalmente.
Antes de A Viagem, Renato havia atuado em Barriga de Aluguel, mas amargou três anos longe da televisão até ser escalado como Padilha, o faz tudo na pensão de Cininha (Nair Bello), na novela de Ivani Ribeiro, que conta a história do espírito obsessor de Alexandre.
"Quando chegou A Viagem, já sabia que a fama é bobagem. O negócio é fazer um bom trabalho para pegar outro em seguida. Entrei com sangue nos olhos, o personagem era pequeno, mas não existe o personagem pequeno. Olha o núcleo que eu estava, tudo era grande", diz Renato em entrevista ao Terra.
O artista é grato por ter tido liberdade da direção na hora de construir o personagem e também relembra o apoio e a troca profissional que teve com os veteranos com quem contracenava, como Lolita Rodrigues, com quem pegava carona quase todos os dias para ir à Globo, Ary Fontoura e Nair Bello.
"A Nair me batia muito. Ela falou assim: 'Deixa, eu vou sempre te bater, sempre dar um tapa na sua testa. Espera, em uma semana, em um mês, você vai ver que vai estar todo mundo na rua falando com você que eu te bato'. Ela começou, em todas as cenas ela tentava me bater e era justamente o que as pessoas falavam comigo na rua: 'Ela vive te batendo. Tu apanha para cacete. Coitado do Padilha'. Que danada, né? Como ela sabia onde o negócio iria dar para mim", relembra.
A dobradinha entre Nair Bello e Renato deu certo. O personagem ganhou um espaço maior na trama com o decorrer dos capítulos e ficou na memória do público. "Quando a gente tá criando, a gente nem sabe que está criando um clássico. Você está só fazendo um trabalho, tentando fazer o melhor. A repercussão é incrível até hoje. As pessoas nunca esqueceram desse personagem. Antes mesmo da reprise, muita gente me chama de Padilha."
Renato também ressalta a amizade que construiu com Ary Fontoura, que dura até hoje, e um conselho que recebeu do ator. "O Ary foi um cara muito legal. Na época que a gente estava gravando, ele falou assim: 'Menino, você é bom, você tem valor. Mas você é que nem eu, você é comediante, você não vai ser galã. Sua carreira vai ser um pouco mais difícil, não vai ganhar dinheiro rápido, mas você tem talento, você tem que continuar porque você é um bom comediante e é difícil de ter um bom comediante'. Foi um conselho da época que guardei. A gente se encontra até hoje, somos amigos e moramos perto."
Carreira na Record
Com os anos, o conselho de Ary Fontoura se provou uma verdade. Renato construiu uma carreira sólida na televisão, estrelou diversos musicais e ficou por cerca de dez anos no Zorra Total. Ao sair da Globo, foi logo chamado para fazer papéis de humor em novelas bíblicas na Record e, após duas tramas na emissora, fez um teste para fazer o primeiro personagem bíblico na série Reis.
"Eles tinham até uma dúvida, pediram para eu fazer um teste. Eles sabiam que eu era um bom comediante, mas eles levam muito a sério assim quando é um personagem bíblico. A gente que é ator faz de tudo. Fiz o teste, cantei, fiz uma cena dramática e acreditaram que poderia fazer o personagem. A gente fica um pouco rotulado, foram dez anos de Zorra Total, fica no imaginário das pessoas que faço comédia", conta Rabelo.
Para o ator, foi um novo desafio estar em um papel dramático, ainda mais trabalhando com textos baseados na Bíblia. "O humor é um lugar mais confortável para mim. Gosto da subversão do humor, sou assim na vida, adoro sacanear. Agora, para as novelas da Record, realmente preciso estudar. São textos mais elaborados, tenho que estudar bem e botar aquilo no meu tom natural. Quando a gente faz um personagem bíblico, tem um compromisso de não poder mudar o texto. Às vezes, a gente tá falando citações bíblicas. Não pode parafrasear nem nada, não pode botar sinônimo, não pode botar nem trocar a palavra Deus por Senhor."
De ator a podcaster
Atualmente, Renato Rabelo grava a minissérie A Vida de Jó, que estreia em agosto na Record e também acaba de encerrar a temporada do musical Mamma Mia! no Rio de Janeiro. Além disso, ele concilia os trabalhos como ator com a apresentação do podcast Pagaio Falante, em parceria com Sergio Mallandro.
Antes de ser convidado pelo comediante para apresentar o programa com ele, o ator nem sabia ao certo o que era um podcast. "Foi totalmente inesperado. Achei que ele estava me chamando para dar uma entrevista. Não sabia nem o que era podcast, já tinha ouvido falar, mas ainda não tinha me ligado", recorda. Mesmo assim, ele encarou a tarefa de estudar o formato e acreditou que trabalharia bem ao lado de Sergio Mallandro, de quem já era amigo há longa data.
Renato considera que a explicação do sucesso do podcast é ter alcançado um público com mais de 40 anos. "O nosso negócio ali é a galera das antigas, uma galera que tem uma história. O pessoal está saudoso de ouvir as histórias daquelas novelas antigas, daquelas coisas que marcaram a época, de cantores que estiveram no Chacrinha. É muito legal a gente poder também botar essa galera em evidência de novo."
Renato Rabelo também considera que a naturalidade e a espontaneidade durante o podcast conquistaram o público. "A gente nunca combinou absolutamente nada nas entrevistas, essa espontaneidade que a gente joga ali do 'seja o que Deus quiser' é que faz a coisa rolar", define.
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