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ENTRETENIMENTO Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2020, 09:29 - A | A

Sexta-feira, 14 de Fevereiro de 2020, 09h:29 - A | A

CARNAVAL

Glamour Garcia estreia no Carnaval do Rio e promete: 'Uma nova Glamour, de arte e atitude'

Gshow

Fabiano Battaglin/Gshow

Glamour Garcia

 

"Pretendo vir nesse Carnaval com uma nova Glamour, de arte e atitude. A situação de violência que eu vivia me tirava a vontade de estar em público e de ser uma pessoa pública porque eu tinha vergonha, tinha medo. Estava ali só a Britney (personagem de A Dona do Pedaço). Agora chegou o momento da Glamour. De mostrar não só para o público quem é ela como linguagem, mas como espaço artístico." Assim Glamour Garcia promete estrear na folia carioca, como destaque do quarto carro alegórico da Grande Rio, no domingo, 23/2, e também como rainha da Feijoada do Rio Othon Palace, 22 e 29/2, mais presença em camarotes na Sapucaí e trios elétricos de Salvador. Ou seja, a atriz transexual de maior notoriedade na TV em 2019 quer dar um novo colorido à vida após um período cinzento na intimidade.

 

No mês passado, Glamour registrou queixa por agressão e solicitou medida protetiva contra um ex-namorado. Ele negou as denúncias. Passado o momento turbulento, ela quer mais é aproveitar os dias de folia para exorcizar as angustias e virar essa página.

 

Nos bastidores deste ensaio, mesmo sensível, a cada OK do fotógrafo para os cliques, a atriz soltava um sorrisão e mandava ver nas poses. É com esse carisma contagiante que ela planeja viver esses dias de confete e serpentina. De cabeça erguida e samba no pé.

 

"Curto bloquinho, me produzo, me divirto muito. A verdadeira produção é interna, está no nosso ânimo. Carnaval é um momento de transformação para mim, dou uma limpada no que aconteceu e passo para a próxima. É como se fosse meu Ano Novo."

 

Natural de Marília, interior de São Paulo, Daniela Garcia Machado, de 31 anos - primeira trans a ganhar o o Melhores do Ano, do Domingão do Faustão, como Atriz Revelação - abre o jogo sobre o período pessoal conturbado que enfrentou, lembra os carnavais da infância, fala da trajetória de lutas e vitórias na carreira, de como pretende continuar dando voz à causa trans e muito mais.

 

Ó abre alas que Glamour quer passar!

 

Um basta...

 

"No momento em que tomei a atitude (de denunciar) estava no meu limite e precisava dar o primeiro passo para mudar a realidade da minha vida. Não só estava calada, como condicionando minha vida ao medo. Foi a primeira atitude que consegui tomar para mudar essa realidade. Apesar de ter sido triste e doloroso, eu consegui. Isso me emancipou da situação de vítima e frágil na qual estava."

 

"Não que eu esteja muito mais forte, mas essa fragilidade agora é só minha. Não tenho pretensão de ser exemplo para ninguém porque ainda me sinto muito frágil. Mas espero que, assim como eu, toda mulher que passa por essa situação encontre uma chance de tentar se libertar."

 

Virada de página

 

"A força está dentro da gente. De repente, podemos nos ver vítimas de uma situação em que o abuso é tão opressor que nos sentimos incapazes até mesmo de assumir para nós nossa fraqueza e incapacidade, e vamos nos tornando cada vez mais vítimas do abuso. É preciso estarmos fortes para nós mesmas para sermos construtivas em qualquer relação."

 

Recomeço

 

"Neste exato momento, estou me concentrando na minha agenda. Tenho colhido frutos maravilhosos de anos e anos de dedicação e amor à profissão. Estou focada no trabalho e minha equipe tem me ajudado a me organizar e a superar minha dor."

 

"Para todas as mulheres trans: que nesse Carnaval possamos, sim, ser felizes, ser as mulheres brilhantes e exuberantes que o mundo vê na gente não apenas como alegoria, mas como arte, vida, resistência e luta."

 

Preparação

 

"Honestamente, fiquei pelo menos uma semana bem mal até conseguir voltar para minha rotina de preparação. Voltei a fazer exercícios físicos com frequência, a correr. De mais radical, cortei o glúten. Consumo em uma única refeição no dia e não tomo mais cerveja. Parei mesmo. É uma medida necessária para eu desinchar."

 

Fantasia

 

"Tem cabeça, top, saia longa, salto alto, colares... É preta e dourada, bem completa, com menos corpo à mostra. Fiz uma última prova e está muito interessante."

 

Mini foliã

 

"Quando criança meu Carnaval já era bem polêmico. Minha mãe sempre fazia fantasias de borboleta, fada, papagaio... A mais famosa foi de galinha azul (risos). Essa é clássica. Foi a partir do Carnaval que fui me libertando ano após ano, fui me conhecendo e trazendo a Daniela, a Glamour, a artista que sou hoje. Com o tempo, fui entendendo que é arte, não só um acontecimento social. Isso que me fez ir para a Grande Rio este ano."

 

Autoestima

 

"Ainda estou em processo. O mais importante é não ser só exemplo de beleza, mas de atitude. Agora, o melhor que faço é reconhecer minhas fraquezas e acreditar que com elas posso construir minha força. Lá atrás, colocar biquíni, maiô, saia, short foi um divisor de águas para mim. Eu até era desinibida. Depois que me tornei conhecida do público fiquei mais reservada. As pessoas que me conhecem na intimidade acham engraçado o quanto mudei nesse sentido."

 

"Mas agora comecei a entender o que é ser exemplo e a construir isso, do que ser só aquela menina com medo porque perdeu a privacidade. Voltei ao ponto em que colocar um biquíni para mim é um novo divisor de águas. Não sinto que retrocedi, sinto que estou me empoderando disso mais uma vez para que eu possa servir de empoderamento para outras pessoas. Que não seja vazio."

Construção da imagem

 

"Sou extremamente observada o tempo todo. Sou trans, e muito me orgulho disso, mas joga um holofote em mim que é uma faca de dois gumes. Uns olham julgando, outros vangloriando. Então vou entender que caminho seguir e como construir essa imagem para o público. Quero ser eu mesma, não a pessoa que está presa por medo do que vão falar ou do que já falaram. É não ser um cabide. Fazer escolhas que me contemplem, não só aos outros. Penso em como agradar e ser construtiva."

 

Reconhecimento

 

"Estou muito feliz. Tenho orgulho de dizer que, aos 31 anos, entre curtas, teatro e televisão já ganhei seis prêmios de melhor atriz. O teatro me libertou como pessoa e me deu oportunidade de sonhar e de realizar muita coisa. Como atriz, vejo a capacidade que tenho de ser ouvida e de trazer outras vozes. Esse prêmio eu ganhei da vida. Quantas pessoas não se reconheceram na história da Britney? Graças a Deus, a comunidade LGBT se reconheceu nela, recebi relatos pessoais de aceitação de pais, família, amigos."

 

Dias de luta, dias de glória

 

"Sempre quis ter formação e, hoje, olhar para tudo isso não é só uma realização, é uma emoção muito grande, sabe? Nunca pensei em desistir e meu maior orgulho é não ter traído a artista que sou. Olho para a Britney com satisfação pela importância social que ela teve, e isso ninguém me tira. Quando me vejo no espelho, digo: ‘Você é uma atriz, sim. Cumpriu seu papel social sendo você. Quantos papeis têm a capacidade de revolucionar, como esse? E com um discurso de paz. Os 'nãos' ainda existem, as dificuldades também, mas estou aí nesse mercado complexo. Vou seguir em frente."

 

Cirurgia de redesignação de gênero

 

"São seis meses de pós-operatório. Existe uma questão de saúde muito importante que envolve essa cirurgia. Não tenho tido tempo para ter essa preparação de forma saudável com a vida que levo. Não estou reclamando, amo, mas agora não é possível. Dependo de mim mesma para me manter. Essa operação vai ficar para daqui uns anos, quando eu estiver bem estrutura financeiramente."

 

Renovada

 

"Ansiedade acaba comigo. Tive depressão, engordei muito durante a novela, agora estou psicologicamente mais estável, tentando reeducar meus sentimentos."

 

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