Reprodução: Globo Esporte

Ex-time de Kaká vende 8,63% de suas ações e atinge valor de mercado de R$ 1,62 bilhão: "É o maior esporte do maior mundo dentro do maior mercado", explica o proprietário Flávio Augusto da Silva
Em sua quarta temporada na MLS, o Orlando City ainda busca a inédita classificação para os playoffs. Mas, fora das quatro linhas, o ex-time de Kaká já faz sucesso. A franquia, cujo dono é o brasileiro Flávio Augusto da Silva, entrou no seleto grupo das equipes mais valiosas das Américas, com valor de mercado de R$ 1,62 bilhão, e nesta semana anunciou a venda de 8,63% de suas ações. No futebol como negócio, uma trajetória de sucesso do maior esporte do mundo no maior mercado do mundo.
- Essa valorização é uma combinação de dois fatores. Falamos de empreender o futebol, o maior esporte do maior mundo dentro do maior mercado do mundo. Quando se fala de mercado e valor, não se fala de títulos, campeonatos... isso é um outro jogo. Tem um jogo fora de campo. E as bases da construção de valor está dentro do fato que trabalhamos com o maior esporte do mundo dentro do maior mercado - disse Flávio, em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com.
Mesmo com a venda das ações para Friedberg Mercantile Group, de Albert Friedberg, Flavio Augusto permanece como sócio majoritário da franquia (com cerca de 80% das ações) adquirida em 2013 ao custo de cerca de R$ 200 milhões. Carioca e flamenguista, ele explica que só aceitou comprar para valer o projeto caso conseguisse levar a franquia para a MLS e, desde então, o negócio passou a valer oito vezes mais.
- Aqui encontrei um modelo de negócios em que eu sou o proprietário. Não é uma entidade sem fins lucrativos, como no Brasil. Estamos investindo porque é uma empresa que tem o objetivo claro de desenvolver esse modelo, que me atrai e me traz uma segurança jurídica. No Brasil, nem que eu quisesse poderia comprar um clube. Lá há uma pegada mais política do que empresarial. No Brasil, temos ainda um pouco de “espanholização”.
- A Espanha tem um dos campeonatos mais chatos do mundo. Lá não tem competitividade, porque o modelo não favorece competitividade comercial. Além disso, aqui, além de proprietário do clube, sou proprietário da liga, como na NBA, por exemplo. Consigo captar valor. No Brasil, é cada um por si. Não é um modelo que me atraiu - completou.
Ainda em busca de resultados dentro das quatro linhas, o ex-time de Kaká nos EUA está entre as maiores médias de público da MLS, construiu seu próprio estádio com 100% de capital privado e recentemente apareceu na lista da Forbes como um dos 10 clubes mais valiosos das Américas. Fatores que juntos fizeram o clube ultrapassar essa significativa marca de R$ 1 bilhão, superando até mesmo franquias de centros maiores como Los Angeles e Nova York.
- Aqui conseguimos engajar o público. São jogos lotados, temos média de público altíssimas. Encontram nossos produtos dentro de todas as lojas da cidade. Nós construímos um estádio também. Foi erguido em 18 meses dentro do prazo, sem estouro de orçamento. Já está 60% pago e daqui a dois anos estará totalmente quitado. Há uma gestão financeira que gera riqueza e valor, a ponto de atrair investidores para pagar esse valor alto.
Além de contar sua experiência no Orlando City, Flávio Augusto da Silva explicou um pouco da gestão de uma franquia da MLS, muito diferente do funcionamento de um clube brasileiro, por exemplo.
Confira a entrevista na íntegra
Por que a escolha por Orlando?
- Apesar de ser uma cidade de um milhão e meio de habitantes, neste ano tem previsão de receber 80 milhões de turistas. O Brasil recebe por ano 5 milhões de turistas. Ano passado foram mais de 70 milhões de turistas na cidade, que tem um potencial muito grande. A cidade ainda abraçou o time. Ao todo, 80% dos nossos ingressos são vendidos por antecipação. O público local é muito fiel. Dos outros 20%, nós seguramos para trazer gente nova, entre moradores e turistas. Tem turista, tem de todos os lados. Orlando então nos oferece esse grande potencial.
Como é avaliado esse valor de mercado de um clube?
- A avaliação de uma empresa é um cálculo muito técnico, baseado no fluxo de caixa descontado. Numa negociação como essa, foram aplicadas metodologias. O Albert, que é um cara muito qualificado, chegou ao valor de 8,63%, porque é um valor que ele estava disposto a investir.
Como os acionistas recebem retorno num clube de futebol?
- É igual uma empresa. Eu sou o controlador e temos um time que faz a gestão. É como qualquer pessoa que compra uma ação na bolsa. E digo que é igual uma empresa porque é uma empresa. Havendo dividendos e sendo distribuídos, cada sócio divide o valor.
Como fica a gestão do futebol?
- Nós temos uma equipe de executivos muito bem preparados, contratados por nós. Existe um conselho, eu sou o presidente do conselho, e há a necessidade de prestar contas para o conselho. Os executivos têm as metas a alcançar, como uma empresa.
Qual é a importância dos resultados em campo?
- É sempre bom a vitória dentro de campo acontecer. Ela só ajuda, mas não atrapalha em nada. A nossa gestão financeira tem que considerar o melhor e o pior cenário e é assim que nos preparamos. Existem dois tipos de metas, esportivas e financeiras. Nossa meta neste ano é chegar forte nos playoffs. A nossa meta é sempre chegar aos playoffs. Vamos por etapas, tudo pode acontecer.
O Brasil deveria tentar seguir esse modelo?
- São modelos diferentes. Eu acho que o Brasil vai caminhar para encontrar o próprio modelo. É legal se inspirar em outras ligas, mas deve encontrar o próprio modelo.
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