Flávia Saraiva chegou a pensar que sua trajetória na ginástica artística tinha chegado ao fim no ano passado. "Não dá mais não". A ginasta encarava sua primeira cirurgia. A recuperação do tornozelo direito foi dura, mas fez Flavinha crescer. Voltou às competições mais forte e consistente para chegar ao Mundial de Liverpool como uma candidata ao pódio.
- Esse Mundial é muito importante para mim, porque é minha volta às grandes competições. Não pude competir no Mundial do ano passado. Vou buscar as minhas melhores séries, fazer o que eu estou treinando, porque estou treinando muito mesmo. É o meu melhor ano. Acho que essa lesão veio para abrir minha cabeça e enxergar coisas diferentes no meu treinamento e ser mais focada, com mais experiência. Esse pode ser um Mundial muito bom para a gente. Para mim principalmente. A gente quer fazer as nossas melhores séries, buscar finais e ir em busca de medalhas - disse a ginasta de 23 anos.
Finalista olímpica da trave na Rio 2016, Flavinha começou o ano de 2021 com chances reais de brigar por uma medalha olímpica, especialmente no solo. No entanto, a lesão no tornozelo meses antes dos Jogos de Tóquio minou suas chances. Ela ainda conseguiu mais uma vez ir à decisão da trave, mas não seguiu nos outros aparelhos. A cirurgia em agosto era inevitável.
- Foi uma preocupação muito grande: “Será que eu vou conseguir voltar a treinar? Será que vai valer a pena?” Porque no começo é muito difícil. Você demora muito para voltar. Eu tive muita dificuldade de lesão, de dor. Depois da cirurgia, fiquei muito desanimada. Eu realmente achei que eu não fosse conseguir voltar a competir e treinar. Quando eu falei assim: “Não. É isso que eu quero”. Eu mudei uma chave na minha cabeça. Eu falei: “Eu vou correr atrás disso, eu vou conseguir.” Foi essa chavezinha que me deu um “up”, que eu falei “agora vai”. Nada de voltar para trás, agora é só olhar para frente.
O "up" dos treinos se refletiu nas competições. Neste ano, Flavinha conquistou pela primeira vez o ouro do Campeonato Pan-Americano. Além de ter recuperado suas séries nos seus aparelhos mais fortes, evoluiu nas barras assimétricas. Assim, alcançou um somatório (55,666 pontos) que a coloca como candidata ao pódio do individual geral em Liverpool. Ela também tem chances de faturar uma medalha no solo, na trave e por equipes. Um status que Flavinha não esperava alcançar tão cedo.
- Minha cicatriz está até melhor já. Deu queloide. Eu pensei: “Hum, vai ficar feia”. Mas graças a Deus está melhorando. Aqui é marca de guerra. No começo dá vergonha. Agora eu mostro: “Ah, tenho uma cicatriz”. Foi muito bom estar de volta. Para a gente ver como funciona nossa cabeça. Quando a gente muda a chave, a gente quer alguma coisa realmente, a gente consegue melhorar muito. Acho que foquei muito nos pequenos detalhes, nas pequenas conquistas. Isso me ajudou muito a ter mais forças para as grandes conquistas.
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