Pelo menos 12 pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas nesta terça-feira em um "atentado suicida" em frente a um tribunal em Islamabad, capital do Paquistão. O incidente ocorreu no estacionamento do complexo judiciário da cidade, em uma região que abriga importantes escritórios do governo. O atentado é o mais recente episódio de uma onda de violência que se intensificou após o colapso das negociações de paz entre Paquistão e Afeganistão, realizadas em Istambul na semana passada, que buscavam um cessar-fogo duradouro com grupos militantes ativos na fronteira. Movimento dos Talibãs do Paquistão, horas depois, assumiu a autoria do ataque.
— Houve um atentado suicida no Kachehri (o tribunal de distrito) — disse o ministro do Interior paquistanês, Mohsin Naqvi. — Até o momento, 12 pessoas morreram e cerca de 27 ficaram feridas. Estamos tentando identificar quem é [o agressor] e de onde veio. Ele tentou entrar no prédio do tribunal, mas, não conseguindo, atacou uma viatura policial.
Sem apresentar provas, o primeiro-ministro Shehbaz Sharif atribuiu a ação a "terroristas apoiados pela Índia", inimiga histórica do Paquistão, e mencionou os talibãs paquistaneses e os separatistas da região do Baluchistão, ambos responsáveis por ataques dirigidos principalmente contra as forças de segurança. Os talibãs, de fato, assumiram a autoria do ataque.
"Nesta terça-feira, um de nossos membros atacou um tribunal em Islamabad", afirmou o grupo em um comunicado. "Ataques serão executados contra aqueles que proferem sentenças baseadas em leis não islâmicas, contra aqueles que as aplicam e aqueles que as protegem, até que a 'sharia' seja implementada em todo o país", acrescentou.
Um jornalista da AFP viu tropas paramilitares isolando a área onde, segundo o ministro do Interior, o agressor detonou os explosivos perto de uma viatura policial. Vídeos divulgados nas redes sociais mostram veículos em chamas e destroços espalhados.
Apesar das rígidas medidas de controle para entrada e saída da capital — que conta com várias zonas de segurança —, o ataque conseguiu atingir uma das áreas mais movimentadas de Islamabad.
Testemunhas descreveram cenas de caos imediatamente após a explosão, que foi ouvida a quilômetros de distância e ocorreu em um horário de pico, quando a área externa do tribunal costuma estar lotada de centenas de visitantes que comparecem às audiências.
Na região, que foi isolada rapidamente pela polícia, o advogado Mohammed Shahzad Butt relatou uma "explosão massiva".
— Todos começaram a correr para dentro, aterrorizados. Vi pelo menos cinco corpos estendidos na porta principal — contou Butt.
Outro advogado, Rustam Malik, afirmou que ouviu "uma forte explosão na porta" ao entrar no complexo.
— Foi um caos total. Advogados e pessoas corriam para dentro do complexo. Vi dois corpos estendidos na porta e vários veículos em chamas — disse.
No X, o ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Mohammad Asif, afirmou que o país está em estado de guerra e culpou o governo talibã no Afeganistão, que Islamabad acusa de abrigar o Talibã paquistanês. O Afeganistão “pode agir para deter o terrorismo no Paquistão, mas levar essa guerra a Islamabad é uma mensagem de Cabul”, escreveu Asif, alertando que o Paquistão “tem forças para responder à altura”.
Tanto a embaixada da China quanto a dos Estados Unidos condenaram o ataque. Natalie Baker, que atuou como vice-chefe da missão na embaixada americana em Doha, no Catar, afirmou em comunicado que “os Estados Unidos se solidarizam com o Paquistão na luta contra o terrorismo”.
Atentado na academia do Exército
Segundo a agência Associated Press (AP), as Forças de Segurança paquistanesas afirmaram ter frustrado uma tentativa de militantes de fazer cadetes do Exército de reféns em uma academia militar no noroeste do país durante a noite de segunda-feira, quando um homem-bomba e outros cinco terroristas alvejaram as instalações.
O governo, por sua vez, culpou o Talibã paquistanês — um grupo militante independente, mas aliado ao Talibã afegão. O grupo, no entanto, negou envolvimento no ataque da academia militar.
O ataque à academia militar começou quando um homem-bomba tentou invadir a escola em Wana, cidade da província de Khyber Pakhtunkhwa, perto da fronteira com o Afeganistão. A região serviu, até recentemente, como base para o Talibã paquistanês, a Al-Qaeda e outros militantes estrangeiros.
Segundo Alamgir Mahsud, chefe de polícia local, dois dos militantes foram rapidamente mortos pelas tropas, enquanto outros três conseguiram entrar no complexo antes de serem encurralados em um bloco administrativo. Os comandos do Exército estavam entre as forças que realizavam uma operação de limpeza e houve uma troca de tiros que durou horas, segundo Mahsud.
O Ministério das Relações Exteriores do Talibã afegão, no entanto, divulgou um comunicado expressando “profunda tristeza e condenação” tanto pelo ataque em Islamabad quanto pelo ataque à academia militar no noroeste do país.
As autoridades locais, segundo a AP, têm enfrentado dificuldades para conter episódios deste tipo nos últimos meses com o ressurgimento do Talibã paquistanês, tensões na fronteira e um frágil cessar-fogo com o vizinho Afeganistão. Um porta-voz do Talibã paquistanês, ainda de acordo com a agência, negou o envolvimento do grupo no ataque.
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