Uma investigação sobre o acidente aéreo mais mortal da Coreia do Sul revelou que um piloto desligou por engano o motor errado, informou a imprensa local.
No total, 179 das 181 pessoas a bordo do voo 2216 da Jeju Air morreram quando o avião se chocou contra um muro em dezembro, ao tentar pousar no Aeroporto Internacional de Muan, depois que um pássaro atingiu um dos motores.
A divulgação dos resultados da investigação, prevista para o último fim de semana, foi adiada após protestos das famílias das vítimas ao serem informadas sobre as conclusões do documento.
Elas acusaram os investigadores de culpar o piloto, ignorando outros fatores que contribuíram para o acidente.
Houve momentos de tensão depois que os familiares interromperam com protestos a coletiva de imprensa em que as autoridades anunciariam as conclusões da investigação no último sábado (19).
Pouco antes do início da entrevista, os investigadores informaram às famílias das vítimas e seus advogados que não haviam encontrado falhas nos motores da Boeing, e que foi uma série de erros dos pilotos que levou o avião a descer muito rápido, e sem acionar o trem de pouso.
Na manhã de 29 de dezembro, os pilotos do voo 2216 relataram uma colisão com uma ave, e enviaram um pedido de socorro ("mayday") enquanto a aeronave se aproximava da pista.
Os pilotos, então, tentaram aterrissar na direção oposta. Um vídeo mostra o avião fazendo um pouso de barriga — sem trem de pouso —, e derrapando ao longo da pista até se chocar contra uma barreira de concreto.
A aeronave explodiu após a colisão com o muro. Apenas dois membros da tripulação que estavam sentados na cauda do avião sobreviveram.
Os dois motores da aeronave foram enviados à França em março para análise. As recentes descobertas do Conselho de Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários da Coreia do Sul constataram que um piloto havia desligado o motor esquerdo — que não apresentava defeitos —, em vez do motor direito, que foi gravemente danificado pela colisão com o pássaro.
A investigação confirmou as conclusões preliminares às quais os especialistas em aeronáutica haviam chegado ao analisar o vídeo e os últimos momentos do voo. Os gravadores de voo da aeronave ficaram sem energia durante os últimos quatro minutos do voo, o que dificultou a investigação.
"O piloto precisava ter desconectado o motor direito, que havia sido seriamente danificado pelo impacto com o pássaro, mas desligou o esquerdo, que ainda funcionava, e a caixa preta e a eletricidade falharam", disse uma autoridade que participou da investigação à rede sul-coreana MBN.
No entanto, os familiares das vítimas disseram que o relatório não mencionava a barreira de concreto no final da pista, que, segundo eles, foi o que tornou o acidente tão devastador.
"As famílias das vítimas buscam uma investigação justa e transparente do acidente", disseram em comunicado, pedindo aos investigadores que só realizassem uma coletiva de imprensa "após a conclusão de uma análise completa e cuidadosa".
Kim Yu-Jin, porta-voz das famílias, afirmou: "Quando os investigadores assumem uma posição, eles devem acompanhá-la de documentos que a respaldem e convençam as famílias".
"Pedimos repetidamente que tenham cuidado com suas revelações, porque a maneira pela qual comunicam os resultados da investigação pode afetar a indenização que as famílias recebem", acrescentou.
Crítica sindical
Em comunicado divulgado no domingo (20), o sindicato dos pilotos da Jeju Air também criticou com argumentos semelhantes as recentes conclusões da investigação, por supostamente se concentrar no erro de julgamento dos pilotos e minimizar a importância de outros fatores.
Mas uma fonte com conhecimento da investigação disse à agência de notícias Reuters que os investigadores não mudariam suas conclusões, pois tinham "evidências claras e dados de respaldo".
Após o acidente, o Ministério dos Transportes da Coreia do Sul anunciou em janeiro que removeria as barreiras de concreto em sete aeroportos.
Em maio, as famílias das vítimas apresentaram uma denúncia criminal contra o CEO da Jeju Air, Kim E-bae, alegando negligência profissional. Kim está entre as 24 pessoas que estão sendo investigadas pelo acidente.
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