O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) conversou por telefone com o líder dos Estados Unidos, Donald Trump, e com o secretário de Estado, Mike Pompeo, sobre os futuros laçoes entre os dois países a partir do próximo ano. Entre os temas debatidos esteve a Venezuela.
O Departamento de Estado americano informou nesta segunda-feira (29/10) que Pompeo e Bolsonaro discutiram "a colaboração em questões prioritárias de política externa", incluindo a situação no país governado por Nicolás Maduro, que enfrenta uma grave crise política, social e econômica que já afeta nações vizinhas.
Os dois também conversaram sobre a cooperação no combate ao crime transnacional, bem como "formas de reforçar as relações econômicas entre os Estados Unidos e o Brasil, as duas maiores economias do Hemisfério Ocidental".
No telefonema, Pompeo ainda parabenizou Bolsonaro pela vitória nas eleições e ressaltou a aliança entre ambos os países, "baseada no compromisso mútuo para promover a segurança, a democracia, a prosperidade econômica e os direitos humanos".
O capitão reformado já havia recebido felicitações de Trump em telefonema no domingo, após a divulgação dos resultados. Nesta segunda, o presidente americano disse no Twitter que teve uma "conversa muito boa" com o presidente eleito.
"Concordamos que o Brasil e os Estados Unidos trabalharão juntos no comércio, nas Forças Armadas e tudo mais! Excelente ligação, desejei a ele meus parabéns", escreveu o republicano.
Bolsonaro já havia falado sobre o telefonema em transmissão ao vivo nas redes sociais no domingo. "Acabou de nos ligar e nos desejou boa sorte. Obviamente foi um contato bastante amigável. Nós queremos sim nos aproximar de vários países do mundo sem o viés ideológico", afirmou.
O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), apontado como futuro ministro da Casa Civil de Bolsonaro, afirmou que uma das primeiras viagens internacionais do próximo presidente será aos Estados Unidos, após um convite do próprio Trump no domingo.
Intervenção na Venezuela
Ao longo da campanha presidencial, Bolsonaro manifestou em várias ocasiões uma forte oposição ao governo Maduro na Venezuela, e chegou a sugerir a necessidade de uma intervenção militar como forma de conter a crise no país vizinho. Depois, voltou atrás.
Nesta segunda-feira, o general da reserva do Exército Augusto Heleno Ribeiro Pereira, anunciado por Bolsonaro como futuro ministro da Defesa, negou qualquer possibilidade de o Brasil participar de um plano militar para desestabilizar o presidente venezuelano.
"Isso contraria os princípios das nossas relações exteriores. Nós temos como preceito fundamental – acho que está escrito inclusive na Constituição – a não ingerência em assuntos internos de outros países", disse ele ao jornal Folha de S. Paulo.
O general comentava uma reportagem do mesmo jornal que revelou nesta segunda-feira que a Colômbia estaria interessada em apoiar Bolsonaro em uma eventual ação militar no país vizinho, citando um alto funcionário do governo colombiano.
"Se o presidente Bolsonaro ajudar a derrubar Maduro com uma intervenção militar, terá o apoio da Colômbia", disse o oficial à Folha. Em nome do governo colombiano, o ministro das Relações Exteriores do país, Carlos Holmes Trujillo, negou a versão.
"O governo do presidente Iván Duque, como ele já expressou repetidas vezes, mantém uma tradição não-bélica e busca, por meio de ações políticas e diplomáticas regionais e multilaterais, contribuir para a criação de condições para que, mais cedo ou mais tarde, o povo irmão da Venezuela possa viver novamente com democracia e liberdade", afirmou.
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