Rebeldes do Sudão mataram mais de 460 civis dentro de um hospital na tomada de uma cidade como parte da guerra civil que travam contra o Exército do país, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
As mortes, ainda de acordo com a OMS, ocorreram em um hospital de El Fasher, última grande cidade da região de Darfur que ainda não estava sob domínio dos rebeldes das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
O RSF trava uma guerra civil com as Forças Armadas do Sudão há mais de três anos e meio pela disputa de poder que já matou mais de 150 mil civis, segundo estimativas de organizações humanitárias e observatórios do conflito.
A OMS "está consternada e profundamente chocada com as informações sobre a trágica morte de mais de 460 pacientes e acompanhantes na Maternidade Saudita de El Fasher, no Sudão, após os recentes ataques e sequestros de pessoal de saúde", indicou o chefe da agência da Organização das Nações Unidas (ONU), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
Nesta quinta-feira (30), o Conselho de Segurança da ONU condenou em um comunicado o ataque e apontou "o aumento do risco de atrocidades de grande escala, incluindo as de motivação étnica".
O chefe dos paramilitares sudaneses, o general Mohamed Dagalo, afirmou nesta quarta-feira que quer "a unidade do Sudão pela paz ou pela guerra", em um discurso transmitido por seu canal oficial no Telegram, a partir de um local não revelado.
"Lamentamos profundamente a catástrofe que ocorreu com os habitantes de El Fasher (...) mas a guerra nos foi imposta", acrescentou Daglo, depois de a União Europeia ter denunciado a "brutalidade" dos paramilitares.
Desde então, o Sudão é palco de uma guerra pelo poder entre o RSF e as Forças Armadas.
O país africano tem um governo de fato comandando pelo comandante do Exército, o general Abdel Fatah al Burhan, desde que suas forças comandaram um golpe de Estado que derrubou o então governo em 2021.
Além das mais de 150 mil mortes, cerca de 13 milhões de pessoas já foram deslocadas por conta do conflito no país, ainda de acordo com a ONU.
Nas últimas semanas, a guerra escalou com o avanço das RSF em Darfur, uma das regiões que concentram a maior parte dos conflitos. No domingo (26), as RSF anunciaram que assumiram o controle total de El Fasher, a última grande cidade da vasta região ocidental de Darfur que não estava sob seu domínio.
Na quarta-feira (29), o governo de fato acusou os paramilitares de terem atacado as mesquitas e a Cruz Vermelha em El Fasher.
"Mais de 2 mil civis morreram durante a invasão da milícia [paramilitar] em El Fasher, que atacou as mesquitas e os voluntários da Cruz Vermelha", afirmou Mona Nur Al Daem, responsável pela ajuda humanitária ao país, de Porto Sudão, onde o governo está sediado.
As análises de imagens de satélites "corroboram as evidências de que os massacres continuaram nas 48 horas consecutivas à tomada" de El Fasher por parte das RSF, detalhou o Humanitarian Research Lab da Universidade de Yale.
O centro relatou as execuções perto de dois hospitais e massacres "sistemáticos" nas periferias da cidade.
Desde o domingo, mais de 33 mil pessoas fugiram da violência para a periferia de El Fasher e Tawila, uma cidade 70 quilômetros a oeste, que já abriga cerca de 650 mil mobilizados, segundo a ONU.
Em El Fasher, onde antes da guerra viviam mais de 1 milhão de pessoas, restam cerca de 177 mil civis, de acordo com dados mais recentes das Nações Unidas.
Os acessos a El Fasher seguem bloqueados, apesar dos apelos para abrir corredores humanitários. Isto significa que é muito difícil entrar em contato com fontes locais independentes.
CLIQUE AQUI e faça parte do nosso grupo para receber as últimas do Noticia Max.







0 Comentários