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INTERNACIONAL Terça-feira, 06 de Novembro de 2018, 14:45 - A | A

Terça-feira, 06 de Novembro de 2018, 14h:45 - A | A

'OUMUAMUA'

Objeto interestelar pode ter sido enviado à Terra por alienígenas, dizem pesquisadores de Harvard

Lara Pinheiro, G1

ESO/M. Kornmesser

 

Dois cientistas do Centro de Astrofísica de Harvard acreditam que o ‘Oumuamua’, objeto interestelar descoberto no ano passado no Havaí, pode ter sido enviado à Terra por alienígenas. Eles levantaram a hipótese em artigo publicado na quinta-feira (1), quando tentavam explicar a aceleração do objeto.

 

Os astrofísicos admitiram a possibilidade de que a rota do Oumuamua tenha sido direcionada, e não aleatória. “Pode ser uma sonda totalmente operacional enviada intencionalmente para as proximidades da Terra por uma civilização alienígena”, dizem. A possibilidade da sonda direcionada por extraterrestres explica uma discrepância na frequência com que o objeto é visto, explica Renato Vicente, físico e vice-presidente do Instituto Principia, em São Paulo.

 

“O fato de a gente ter visto o objeto significa que a produção deles é muito mais frequente do que a gente achava que era. Ao longo do período de tempo que estamos observando, que é curto, a produção deveria ser, no mínimo, 100 vezes maior para conseguirmos ver um. Isso pode significar três coisas: a primeira é que a teoria de produção deles que nós usamos, baseada no nosso sistema solar, está errada. A segunda é que demos muita sorte de ver um. A terceira possibilidade é que é um objeto artificial, produzido por alienígenas, o que é compatível”, diz.

 

Vicente faz, no entanto, algumas ressalvas. “A explicação do objeto artificial parece fácil, mas não é. Envolve uma história anterior. Para ter uma civilização capaz disso, é preciso assumir que existe essa evolução numa sociedade, com a capacidade de fazer viagens interestelares. E a gente tenta assumir a menor quantidade de coisas possível”, lembra.

 

Na pesquisa, os astrofísicos de Harvard discutiram a possibilidade de que a pressão da radiação solar poderia estar por trás da aceleração do Oumuamua. Se esse for o caso, então o objeto “representa uma nova classe de material interestelar fino, ou produzido naturalmente, ou de origem artificial”, afirmam Abraham Loeb e Shmuel Bialy, autores do estudo.

 

Segundo eles, o Oumuamua tem um formato de panqueca. “Considerando uma origem artificial, uma possibilidade é de que o ‘Oumuamua’ seja uma vela solar, flutuando no espaço interestelar como detrito de um equipamento tecnológico avançado", explicam os pesquisadores.

 

A tecnologia de vela solar pode ser utilizada para transporte de cargas entre planetas ou entre estrelas, conforme afirmam os cientistas. No primeiro caso, lançamentos dinâmicos vindos de um sistema planetário poderiam resultar em detritos de equipamentos que não estão mais em operação. Isso, dizem os pesquisadores, poderia explicar várias anomalias do ‘Oumuamua’, como a geometria pouco comum.

 

"Velas solares com dimensões parecidas já foram construídas pela nossa civilização, incluindo o projeto Ikaros [no Japão], e a Iniciativa Starshot”, lembram. A vela solar é o que faria o objeto continuar acelerando em sua trajetória mesmo depois de passar pelo Sol, explica Renato Vicente.

 

“O objeto vem de fora do Sistema Solar. É como se fosse passar direto pelo Sol, mas o efeito gravitacional faz com que faça uma trajetória em volta do Sol. Conforme se aproxima do Sol, ele dá uma acelerada conforme perde massa no sentido oposto. O problema é que, quando está indo embora dessa trajetória, começa a perder massa no mesmo sentido, então você espera que ele desacelere. Em vez disso, acelera. A gente não conhece nenhum mecanismo natural que faça isso. Um mecanismo artificial é a vela”, diz.

 

Segundo a CNN, vários telescópios focaram no objeto por três noites para determinar o que ele era antes que se perdesse de vista. “Nós tivemos muita sorte de que o nosso telescópio de levantamento do céu estava olhando para o lugar certo na hora certa para capturar esse momento histórico”, afirmou o oficial da Nasa Lindley Johnson no ano passado.

 

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