A Rússia lançou o maior ataque aéreo contra a Ucrânia desde o início da guerra entre a noite de quinta e a madrugada desta sexta-feira, em uma ação coordenada com 539 drones e 11 mísseis, informaram autoridades ucranianas. O bombardeio acontece horas antes do horário agendado para uma conversa entre o presidente americano, Donald Trump, e o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky — e no dia seguinte ao telefonema entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, que terminou "sem progresso", nas palavras do republicano.
A Força Aérea da Ucrânia classificou o ataque como o maior em número de projéteis disparados em uma única onda. Em uma publicação na rede social X, o presidente ucraniano afirmou que 270 dos dispositivos foram abatidos, enquanto 208 drones foram neutralizados por meio de guerra eletrônica. Ainda de acordo com Zelensky, ao menos 23 pessoas ficaram feridas.
"Os primeiros alertas de ataque aéreo em nossas cidades e regiões começaram a soar ontem quase simultaneamente com as reportagens na mídia sobre uma ligação telefônica entre o presidente Trump e Putin. Mais uma vez, a Rússia demonstra que não tem intenção de encerrar a guerra e o terror. Somente por volta das 9h da manhã de hoje [3h em Brasília] o alerta aéreo foi encerrado em Kiev. Foi uma noite brutal e sem sono", escreveu Zelensky.
O bombardeio russo atingiu diferentes regiões do país simultaneamente. Kiev foi o principal alvo, segundo o presidente, mas interceptações também foram realizadas sobre as regiões de Dnipro, Sumy, Kharkiv e Chernihiv.
Autoridades ucranianas confirmaram que há registro de pessoas feridas não apenas pelos projéteis que atingiram os alvos, mas também por impactos indiretos, de partes dos equipamentos abatidos. Em Kiev, dezenas de pessoas se refugiaram em estações de metrô.
— Passamos todas as noites aqui, conhecemos os funcionários e as pessoas que vêm — disse Yulia Golovnina, uma mulher de 47 anos.
Bombardeio em meio a negociações
A Rússia tem intensificado os ataques aéreos contra a Ucrânia nas últimas semanas. Dados compilados pela agência de notícias francesa AFP indicou que Moscou disparou um número recorde de mísseis e drones contra o país em junho, em meio à falta de progresso nas negociações diretas de paz entre os dois países.
O ataque atual acontece poucas horas após o fim de uma conversa telefônica entre Putin e Trump, que o presidente americano disse não ter resultado em "nenhum avanço". O Kremlin afirmou que o líder russo disse a Trump que estava disposto a manter negociações, mas que "alcançará os objetivos que estabeleceu" no campo de batalha.
— Putin está claramente demonstrando seu absoluto desrespeito pelos Estados Unidos e por qualquer um que peça o fim da guerra — disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sibiga.
Este aumento nos ataques levanta preocupações depois que os Estados Unidos anunciaram esta semana que suspenderão o envio de certas armas para a Ucrânia, apoio considerado crucial para Kiev repelir os bombardeios.
O tom de Trump após a ligação com Putin foi excepcionalmente sombrio. Em suas cinco conversas anteriores com o presidente russo desde seu retorno à Casa Branca, em janeiro, Trump pareceu otimista e relatou progressos em direção a um acordo.
Na quinta-feira, no entanto, o presidente americano expressou frustração. Em conversa com repórteres durante viagem ao estado americano de Iowa, na quinta, Trump falou abertamente que Putin parece disposto a seguir o caminho da paz.
— Estou muito decepcionado com a conversa que tive hoje com o presidente Putin, porque eu acho que ele não está lá. Só estou dizendo, eu não acho que ele esteja pensando em parar, e isso é uma pena — disse Trump.
A Ucrânia também intensificou seus ataques com drones na Rússia, onde uma mulher morreu quando um deles caiu em um prédio de apartamentos, de acordo com o governador em exercício da região. (Com AFP e NYT)
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